A menos de duas semanas do fim do primeiro turno das eleições presidenciais, os quatro candidatos mais competitivos visitaram o Nordeste na tentativa de melhorar desempenho na corrida ao Planalto. De acordo com especialista ouvido pelo O POVO, cada um deles tem um objetivo diferente na disputa.
Primeiro a ter agenda de olho nos 39 milhões de votos da região na reta final da campanha, o tucano Geraldo Alckmin esteve na Bahia, onde intensificou críticas a Jair Bolsonaro (PSL), de quem tenta arrancar eleitores à direita.
Líder nas pesquisas, o capitão da reserva está hospitalizado vítima de atentado a faca no dia 6 de setembro, em atividade em Juiz de Fora (MG).
Pesquisador da Universidade Federal do Ceará e membro do Conselho de Leitores do O POVO, Cleyton Monte diz que o candidato tucano mira o "Nordeste urbano, das capitais, que não é necessariamente do PT".
Para Monte, esse eleitorado mais escolarizado e morador das grandes cidades pode estar se deslocando do lulismo. "Existem colorações diferentes nesse Nordeste", afirma o sociólogo. "E o candidato tucano busca um eleitorado que não fechou com Haddad."
A estratégia de Alckmin, avalia o pesquisador, é atrair o voto antilulista que migrou para Bolsonaro e o de Ciro Gomes (PDT), que tem explorado a fragilidade da campanha do PSDB -Datafolha e Ibope apontam Alckmin patinando no patamar de um dígito.
Ex-governador do Ceará, Ciro lançou ofensiva por cinco dos nove estados nordestinos nos últimos dois dias: Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco.
Nesse périplo, o ex-governador concentrou sua artilharia em Bolsonaro, atacando a proposta de recriação da CPMF, apresentada pelo assessor econômico do candidato, o economista Paulo Guedes.
"Toda a pequena classe média vai passar a pagar muito mais imposto de renda do que paga e vai diminuir o imposto do rico", disse Ciro, em vídeo publicado no Twitter. "O Bolsonaro tem falado o que cada pessoa quer ouvir. Na hora que a gente começa a perceber, essa contradição é muito grave para o Brasil."
O POVO entrou em contato com a coordenação da campanha de Ciro, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Na dianteira entre o eleitorado nordestino, com 26% da preferência no último Datafolha, Haddad visitou Bahia e Pernambuco ontem. Nos dois estados, fez campanha ao lado dos governadores petistas Rui Costa (BA) e Wellington Dias, do Piauí, ambos candidatos à reeleição.
Ex-prefeito de São Paulo, o substituto de Lula tenta consolidar a migração da base eleitoral lulista para sua candidatura. "Se o PT tivesse convicção de que todo o voto do Nordeste iria para Haddad, ele nem estaria em Pernambuco. Estaria em São Paulo e Minas Gerais", acrescenta Monte.
Deputado federal pelo Ceará, José Guimarães (PT) afirma que a agenda de Haddad vai priorizar Sul e Sudeste a partir de agora.
"Vamos concentrar em Minas e, se der, vir novamente ao Nordeste, mas isso depende do crescimento da candidatura", afirma. "A transferência de votos de Lula já beira os 40% no Nordeste e está pilotando a ida de Haddad para o segundo turno."
BOULOS
Candidato do Psol, Guilherme Boulos visitou Fortaleza no último sábado. Na cidade, criticou aliança entre Camilo e Eunício. "No nosso palanque não tem lugar pra golpista", disse.
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