quinta-feira, 16 de agosto de 2018

VERSÃO IMPRESSA 63,5% dos nordestinos de até 17 anos sofrem privação de algum direito básico

Seis em cada dez brasileiros de até 17 anos vivem na pobreza. Para 43% destes, essa pobreza não é monetária. São crianças e adolescentes que até vivem com mais de R$ 346 por mês (ou R$ 269 na zona rural), mas sofrem privação de acesso a algum destes direitos básicos: água, educação, saneamento básico, moradia, proteção contra o trabalho infantil e internet. É o que revela a pesquisa Pobreza na Infância, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgada ontem.

A situação é ainda pior no Norte e no Nordeste, regiões em que crianças e adolescentes encontram mais privação acesso limitado ou má qualidade dessas garantias básicas. Apenas em um quesito, moradia, uma outra região, o Sudeste, apresenta indicativos piores que os das duas regiões. Ao todo 63,5% dos jovens nordestinos são privados de, pelo menos, um dos seis direitos analisados no levantamento.

Baseada em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015, a Unicef aponta que a situação mais crítica no Nordeste se refere a saneamento.

É de 39,4% o índice de crianças e adolescentes que moram em uma casa sem esgotamento apropriado. É, aliás, a privação mais comum no universo pesquisado. São, ao todo, no País, 13.329.804 crianças e adolescentes sem condições básicas de saneamento.

No Nordeste, depois desse item, as principais carências são informação (acesso à internet) e água 37,9% e 21,4% dos jovens estão privados desses direitos, respectivamente.

Em seu grau extremo sem nenhum acesso , no entanto, é à água que os jovens nordestinos mais são privados: 14,6% não a tem na casa onde moram. A privação extrema de saneamento, viver em casa sem banheiro, atinge 11,4% das crianças e adolescentes da Região.

Dos fatores analisados, o Nordeste, assim como todo o País, se sai melhor na proteção ao trabalho infantil. Apenas 7,3% do grupo pesquisado encontra-se exposto.

Além de nortistas e nordestinos, o Unicef identificou outras populações mais vulneráveis.

Habitantes da zona rural, negros e adolescentes aparecem com resultado pior.

A incidência de privações entre negros é 1,5 maior do que entre brancos. Com relação à idade, 60% dos adolescente entre 14 e 17 anos têm direitos negados, contra 39,7% das crianças de até 5 anos. Já o percentual de jovens com direitos não garantidos é de 87,5% na zona rural contra apenas 41,6% na zona urbana.

Para o Unicef, é preciso falar da pobreza de maneira "ampla", levando em conta não só a escassez financeira a que estão submetidos adultos que tenham crianças sob sua responsabilidade. É necessário também analisar as múltiplas privações de garantias básicas de vida a que estão sujeitos esses jovens.

"Com esse olhar mais intersetorial, é possível entender onde estão os principais problemas e buscar caminhos para solucioná-los", diz o estudo. "Compreender cada uma dessas dimensões é essencial para desenhar políticas públicas capazes de reverter a pobreza".

ESTUDO 

O relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) pode ser lido na íntegra na internet: https://uni.cf/2Mg3gs4

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