Fatores extraeleitorais voltaram a causar solavancos na corrida ao Palácio do Planalto ontem. Rumores sobre o desempenho do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) em pesquisa de intenção de voto feita em São Paulo apontavam para uma dificuldade do tucano em reverter trajetória de queda na preferência do eleitorado naquele Estado.
Realizado apenas com eleitores paulistas pelo instituto MDA sob encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o levantamento deve ser divulgado hoje, a partir das 11 horas. Na última sondagem MDA/CNT, Alckmin aparecia atrás de Jair Bolsonaro, candidato do PSL ao Planalto.
Além do receio quanto ao resultado do levantamento de intenção de voto, a hipótese de que uma delação premiada explosiva estivesse sendo costurada pelo braço paulista da Operação Lava Jato também assombrou Brasília.
A ameaça era de que as revelações atingiriam um presidenciável. A notícia, mesmo não confirmada, fez a Bolsa cair e o dólar aumentar.
No último dia 21 de junho, o ex-presidente da Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa) e ex-secretário de Alckmin, Laurence Casagrande Lourenço, foi preso na Operação Pedra no Caminho, que investiga fraudes em obras do Rodoanel.
Rumores sugeriam ontem que Casagrande estaria negociando o acerto com integrantes do Ministério Público. A defesa do ex-secretário estadual e o MP negaram a delação.
Por meio de nota, o advogado de Casagrande classificou o boato como "mentira nojenta". "Como se já não bastasse a violência contra Laurence, que se encontra ilegal e injustamente preso, a informação 'vazada' de que ele estaria pensando ou negociando um delação premiada impõe ainda mais prejuízo à sua imagem", escreveu o defensor.
Além de Casagrande, outros 13 investigados são acusados por crimes de fraude à licitação, falsidade ideológica e organização criminosa pelo MP de São Paulo.
Ainda nessa terça, o candidato tucano se pronunciou sobre a suspeita de vazamento da delação. Alckmin disse que não se preocupava com a possibilidade de que Casagrande possa citá-lo numa colaboração premiada. O ex-governador, no entanto, defendeu o ex-auxiliar.
Na quinta-feira da semana passada, em sabatina ao programa "Central das Eleições", do canal de TV paga GloboNews, o tucano já havia negado que tivesse relação mais próxima com o ex-diretor da Dersa, em quem disse confiar.
Somados, os dois episódios produziram instabilidades na Ibovespa, que caiu cerca de um ponto porcentual. A moeda americana, por sua vez, cresceu 0,89%, afastada do desempenho de outras divisas.
Nas primeiras eleições presidenciais pós-Lava Jato, o tema da corrupção deve aparecer apenas indiretamente no discurso dos candidatos. Deflagrada em abril de 2014, a investigação apontou irregularidades em quase todos os partidos.
com agência
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