Executivos de jornais e do mercado publicitário se reuniram ontem, em São Paulo, para debater o futuro da mídia impressa e o papel no combate à desinformação e às fake news.
Promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), o evento tratou desafios e sugestões para a produção de conteúdo qualificado, com checagem em tempo real das informações, como forma a combater os cada vez mais frequentes ataques à imprensa no Brasil e no mundo.
Para o presidente da ANJ Marcelo Rech, confiança é um bem crescente e escasso em uma sociedade inundada por ondas de desinformação. "No mundo da comunicação somos como a medicina séria e responsável que se contrapõe ao charlatanismo e às supostas curas milagrosas", disse Rech, sobre o papel da mídia formal.
Representantes do mercado publicitário, Luiz Lara e Igor Puga ressaltaram que a busca da confiança e da audiência passa por um trabalho de reforço das marcas e da criação de novos canais com o leitor, que agora é ainda ouvinte e telespectador.
Presidente da Lew Lara/TBWA, Lara ressaltou que é preciso reafirmar o papel da imprensa tradicional, colocada em xeque em todo o mundo, mas cada vez mais presente na vida das pessoas. "A sociedade se reconhece no jornal. Ele não perdeu a relevância. Pelo contrário, porque seu conteúdo está em todos os locais".
Diretor de Jornalismo do Grupo Estado, João Caminoto destacou, com um olhar positivo, como o jornalismo é entregue hoje ao público, seja por meio do papel, do celular, da rádio ou da TV. "Acho que nunca estivemos numa situação tão privilegiada para oferecer às nossas audiências as informações necessárias para tomarem suas decisões neste período crucial em nosso País", afirmou.
As estratégias de alguns dos principais jornais para a cobertura eleitoral também foram tratadas durante o evento. Além de Caminoto, participaram do debate os editores responsáveis da Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila; do O Globo, Alan Gripp; e do Grupo RBS, Marta Gleich.
Nos discursos de todos, o comprometimento em criar mecanismos internos para checar informações disseminadas nas mídias sociais e esclarecer o eleitorado sobre o que é ou não verdadeiro, o que vale ou não a pena.
No encontro, o presidente da WAN-IFRA, Michael Golden, recebeu o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2018. Golden, em seu discurso, lembrou que a imprensa americana, em especial, está sob ataque e pelo próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ressaltou que, apesar das desconfianças levantadas e disseminadas por políticos, os cidadãos devem sempre ser informados.
Agência Estado
Confiança
Para o CEO da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA), Vincent Peyrègne, confiança é a nossa nova moeda do jornalismo. "Nosso público anseia por isso e a boa nova é que estamos preparados para oferecê-la", disse. "A checagem dos dados é a pedra angular da confiança", completou.
HOMENAGEM
Ao fim do evento foram homena-geados os jornalistas Otavio Frias Filho, diretor de redação da Folha de S.Paulo, e Alberto Dines, criador do Observatório da Imprensa, mortos neste ano.
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