terça-feira, 29 de maio de 2018

Frutas e verduras em falta nos supermercados

As prateleiras dos supermercados de Fortaleza refletem a crise dos combustíveis. A paralisação dos caminhoneiros impede a reposição de alimentos nas, aumentando o preço de frutas e verduras. O setor agrícola sofre como um todo. As câmaras frias estão lotadas e não há mais espaço para guardar o que é produzido e não escoado. O cálculo é de R$ 300 milhões de prejuízos por semana.
E com os supermercados da Capital já registrando queda de até 50% no fluxo de clientes e nas vendas, o governador Camilo Santana (PT) diz acreditar que a situação é melhor que em outras capitais do País. O governador explicou que um comitê trabalha para manter combustível, insumos de saúde e segurança. “Estamos preocupados agora com o abastecimento de alimentos, e a gente espera que o Governo Federal negocie as reivindicações que foram atendidas e resolvam o problema da greve que já começa a gerar uma série de transtornos”, declarou.
O POVO percorreu supermercados e observou preços altos e gôndolas vazias. No supermercado Frangolândia, na avenida Antônio Sales, já faltam batata inglesa, mamão formosa, abacate, laranja e cenoura. O tomate que era vendido a R$ 4,99 está a R$ 7,99 o quilo, com o produto quase esgotando. A gerente da loja, Viviany Paz, diz que desde sexta já houve queda de 50% nas vendas e na movimentação.
Nos Mercadinhos São Luiz, avenida Pontes Vieira, a química Socorro Vale, 38, disse que nunca viu a sessão de hortifruti naquela situação. Cliente do estabelecimento, ela estava surpresa com a falta de alimentos e qualidade dos produtos. “Prateleiras vazias, frutas estragando, já velhas”. Na loja, a batata inglesa acabou ontem pela manhã e já faltavam banana, abacaxi, melão e laranja. A prateleira de leites também estava com espaços vazios.
A bancária aposentada Sandra Bezerra, 57, foi às compras na manhã de ontem no Cometa Supermercados da rua Idelfonso Albano. Ela esperava encontrar muitas gôndolas vazias e o estabelecimento lotado. “A gente assiste ao jornal e é o maior terror. Só passa supermercado com prateleira vazia”. No entanto, considerou o movimento e a oferta de produtos normal. A cebola, porém, já estava em falta e o quilo do tomate custava R$ 9,98.
As gôndolas de hortifruti também estavam vazias no Pão de Açúcar da avenida Antônio Sales. Faltavam cenoura, batata e abacate. O quilo do melão amarelo custava R$ 9,79. A batata estava acabando no supermercado G Barbosa da rua Padre Valdevino. O produto na gôndola estava a R$ 11,99.
Segundo Odálio Girão, analista de mercado da Central de Abastecimento do Ceará S.A (Ceasa), não está havendo reposição de produtos que vêm de outros estados. Eram esperados 300 caminhões para a feira de ontem, o que não ocorreu devido à paralisação dos caminhoneiros. O carregamento movimentaria em torno de 2 mil toneladas de produtos, vindos da Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
A Ceasa já acumula prejuízo. Com os bloqueios das estradas, os comerciantes já perderam a carga de seis caminhões que vinham do Sul e Sudeste, com batata inglesa, cenoura, repolho e morango. E com a falta de abastecimento de mercadorias, deixou-se de comercializar 80% de produtos, aponta Odálio. Caso a paralisação dos caminhoneiros acabasse hoje, o analista explica que seriam necessários seis dias para o reabastecimento e até 10 dias para normalização.
O presidente da Abrafrutas, associação que reúne os empresários do setor, Luiz Roberto Barcelos, calcula R$ 300 milhões de perdas por semana e há quem arrisque o dobro em prejuízos. Alerta-se ainda para o risco sanitário causado pela morte de animais (cargas vivas), leite descartado em rios e esgotos das cidades.

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