Cada vez mais próximo de garantir que todas as crianças da rede pública de ensino saibam ler e escrever na idade certa, o Ceará enfrenta, agora, o desafio de assegurar que os estudantes de 5º e 9º anos concluam as séries sabendo operar cálculos matemáticos.
O cuidado com a disciplina foi reforçado logo quando caiu o nível de aprendizagem em Matemática dos alunos do 5º ano da rede, segundo resultados do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece) divulgados no ano passado. Com escolas e municípios em alerta, foi possível reverter essa situação para que a curva voltasse a ser crescente. Pelos resultados mais recentes do Spaece, divulgados ontem pelo governador Camilo Santana (PT), a proficiência média em Matemática dos alunos do 5º ano, que era 227,4 em 2015 e caiu para 225 em 2016, cresceu para 229,2 em 2017, depois que o Estado passou a orientar estratégias de ensino específicas para os municípios. Segundo Márcio Brito, coordenador de Cooperação com os Municípios da Secretaria da Educação (Seduc), para reverter a queda foi preciso dobrar carga horária e reformular a formação dos docentes da rede. “Tínhamos uma formação que era em cima de conteúdo e fizemos a transição para uma formação em cima de prática pedagógica. Para sair de uma questão conteudista pra uma didática”. Secretário da pasta, Idilvan Alencar adiantou que essa estratégia deve ser aplicada, agora, no 9º ano. “A ideia é que (a Matemática) seja ligada ao cotidiano dos estudantes. Que eles consigam entender não como uma simples operação, mas como um processo da vida cotidiana”.
Além disso, foram desenvolvidos novos materiais didáticos para os estudantes e de orientação pedagógica para os educadores. Uma avaliação semestral também passou a diagnosticar com antecedência as principais dificuldades dos alunos, para que seja possível melhorar o aprendizado deles antes mesmo de outra edição do Spaece.
Mesmo assim, a melhoria da proficiência em Matemática na rede pública é ainda muito incipiente. Entre 2016 e 2017, o nível de aprendizagem “muito crítico”, o mais baixo da escala, aumentou 2,7% para os alunos do 5º ano. Ao passo que, no 9º ano, o nível “muito crítico” subiu de 30,26% em 2016 para 33,67% em 2017, mesmo que tenha havido melhora no nível “adequado”, que, em relação a esta série, saiu de 7,15% em 2016 para 9,54% em 2017. A situação da aprendizagem em Matemática fica mais clara quando se observam as estatísticas por município.
Em relação ao 5º ano, dos 184 municípios que compõem o Estado, 49 foram avaliados com níveis “adequados” de aprendizagem, 129 “intermediários” e seis “críticos”. Os últimos sendo Quixadá, Caucaia, Ibaretama, Ipaumirim, Icó e Umari, de acordo com a Seduc. Já a respeito do 9º ano, somente o município de Frecheirinha foi avaliado como “adequado”. Outros 32 foram considerados “intermediários” e 151 “críticos”.
“Nossa meta é reduzir pela metade esses ‘críticos’. É um desafio ousado”, projetou o governador Camilo Santana.A meta, segundo ele, deve valer já para 2018.
CIÊNCIAS
De acordo com o coordenador de Cooperação com os Municípios da Seduc, Márcio Brito, o ensino de Ciências entre o 6º e o 9º ano também deve começar a ser pactuado com os municípios, para orientar alunos em pesquisas de iniciação científica.
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