Um dos indicados, Alípio Rodrigues (PTN) diz que a nomeação é legal e que foi escolhido pela “experiência”. “Fui vereador por três mandatos, fui presidente de partido, vice-presidente. Então acho que tenho muito a ajudar”, diz. Ele admite que irá disputar cargo de deputado federal — ao lado da base do prefeito — neste ano, mas nega que sua indicação seja apenas política. “Trabalhamos muito”.
Entre suas atividades como “articulador político”, ele destaca organização de inaugurações da Prefeitura, além de manter diálogo entre a gestão e comunidades. “Também trabalho com projetos na área de moradia”, diz, sem dar mais detalhes. Ele recebe R$ 9,5 mil mensais.
Também ouvido pela reportagem, o ex-vereador Robert Burns (PTC) disse cumprir expediente “rigorosamente” no Gabinete do Prefeito, também na articulação política. Ao ser informado de que o Portal da Transparência o coloca como Diretor da Secretaria de Finanças, Burns disse que “também trabalha lá”, mas se mostrou incomodado com a pergunta.
“Qual o intuito dessa reportagem? Não é para fazer confusão em cima disso aí”, disse ele, com salário de R$ 12,4 mil. “Você tem que deixar bem claro que a gente bate ponto, que a gente trabalha muito. Esse tipo de matéria é desleal”, diz.
Dona do salário que aparece como o maior entre os gestores, a ex-vereadora Toinha Rocha (PPL) não disputou reeleição, optando por apoiar o hoje vereador Ésio Feitosa (PPL). Apesar de admitir o peso do currículo de ex-parlamentar, ela classifica sua indicação mais como técnica do que como política.
“Acho que fui convidada por minha identificação com a pauta”, diz ela, que recebeu R$ 26 mil em dezembro pela coordenação da pasta de Bem-Estar e Proteção Animal. “Enquanto vereadora, lutei muito para que essa coordenadoria saísse, articulei muito as discussões sobre o tema, apresentei leis, criei grupos de trabalho”, diz.
Líder do governo na Câmara Municipal, Ésio Feitosa minimiza a questão e classifica como “natural” a presença de políticos na gestão. “São quadros políticos, que estão dentro do projeto político do prefeito. O Roberto Cláudio chegou ao poder com ajuda desses suplentes, então é natural que eles sejam convidados e governem junto com ele. A Cidade não perde nada”.
O QUE DIZ A LEI
Não existe qualquer restrição legal a indicações políticas para cargos comissionados. Pelo entendimento pacífico de tribunais superiores, não há como rejeitar que a composição de governos seja política. O mesmo modelo é replicado nos governos estadual e federal.
A lei eleitoral, no entanto, impõe alguns limites para detentores de cargos públicos que pretendem disputar eleições. Secretários ou dirigentes de órgãos municipais, por exemplo, precisam se afastar da função pelo menos seis meses antes da disputa.
O POVO tentou entrar em contato diversas vezes com a Prefeitura de Fortaleza para ouvir a gestão sobre o caso. As mensagens não foram respondidas.
PARTIDOS
Entre siglas que tiveram mais suplentes indicados, há predominância do PDT, partido de Roberto Cláudio, com 7 postos ocupados. Fato pode ter relação com estratégia adotada pela base do gestor em 2016, quando vários vereadores aliados migraram para o partido junto com RC.
QUOCIENTE
Com 18 vereadores, boa parte da bancada já saiu para eleição de 2016 ciente de que seria pouco provável a reeleição de todos, por conta do alto quociente eleitoral. Naquele ano, ao serem questionados sobre isso, a maioria dos vereadores destacou a capacidade da Prefeitura de compor com os aliados.
SUPLÊNCIA
“É melhor ser suplente no PDT do que ninguém no PTdoB”, disse, à época, o vereador John Monteiro. O segundo partido com maior volume de cargos foi o PPL, com quatro nomes. Importante para a sustentação do prefeito, o partido indica hoje a liderança da gestão na Câmara.
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