Um pouco de base, depois pó facial. Delineei rapidamente o contorno do olho e segui para o posto do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no Shopping Del Paseo. Ia ter que tirar foto, por isso a produção, bem incomum no meu dia a dia. Conferi, no buraco negro que é minha bolsa, se o documento de identidade estava mesmo por lá. Demorou mas achei. Imprimi o comprovante de endereço porque minhas contas sempre chegam por e-mail. Tudo certo para fazer o recadastramento biométrico, que ainda não é obrigatório em Fortaleza, mas passará a ser a partir de 2020.
No meio do caminho, percebi que tinha esquecido de levar o título de eleitor. “Será que vai dar certo sem esse título?”, pensei. A angústia foi me consumindo até chegar lá, às 16h40min. Da entrada, já dava para ver a máquina preta de tirar senhas. O painel de espera mostrava o número 600. Antes de a minha senha senha 601 ser impressa já tinha gente esperando para me atender no guichê. Liguei o cronômetro para ver o quanto ia demorar o procedimento.
Quem me atendeu foi a recepcionista Sâmela Teófilo, de 18 anos. Ela disse que o posto abriu em maio. Antes disso, os atendentes fizeram curso de uma semana no TRE. Em média, em um dia mais calmo, como a sexta passada, quando estive ali, cerca de 130 pessoas são atendidas. No começo, contou, recebiam até 200 eleitores diariamente. Segundo ela, o recadastramento biométrico leva de 8 a 10 minutos para ser realizado.
Nos postos, atualmente nos shoppings Benfica, Del Paseo e Riomar, também podem ser feitos pagamentos de multas, transferências de título, regularização do eleitor e até alistamento, para os que vão votar pela primeira vez. De acordo com a supervisora do Del Paseo, Kátia Regina, novos postos serão inaugurados nos próximos meses no Riomar Kennedy e Shopping Parangaba. Os serviços se encerram em maio do próximo ano, prazo final para mudanças eleitorais antes da campanha de 2018.
“Está com o título antigo?”, perguntou Sâmela. Um momento de tensão. “Não trouxe. Precisa?” Ela disse que não e só pediu o documento de identidade e o comprovante de endereço. Explicou ainda que nem precisava ter imprimido a conta de telefone. Pelo meu celular, eles já podiam conferir se eu mostrasse o arquivo online. “Todos os documentos são originais, não ficamos com nenhum Apenas precisamos que se comprove para fazer uma atualização cadastral”, esclareceu. Pediu meu telefone, perguntou sobre o status civil, o endereço residencial e há quanto tempo eu morava ali.
“Você tem uma multa aqui. Foi no segundo turno da última eleição”, constatou. Justifiquei que estava trabalhando. Ela fez uma solicitação de dispensa de multa, que foi impressa um minuto depois. Tiramos a foto digital e uma versão de cabelo longo do Billie Joe Armstrong (vocalista do Green Day) surgiu na tela.
A base e o pó não fizeram efeito e o delineador escorreu, me deixando com aquele aspecto de urso panda. Olheiras. Consenti e fingi que aprovava a foto porque tive vergonha de pedir outra. “Vai ser impressa no título novo?”, quis saber. Sâmela disse que não. Que bom que ninguém ia ver aquilo.
Tive de assinar o nome em uma tela de vidro. Só consegui dominar a arte na segunda tentativa. Aquela caneta tecnológica deslizava demais. Na hora de tirar as digitais, ela me deu uns pingos generosos de álcool em gel. Fui apertando os dedos no leitor óptico. As digitais não estavam sendo registradas de primeira.
Com paciência, Sâmela repetiu o procedimento, dedo por dedo. Ela usou uma cera transparente nos mais trabalhosos. Funcionou. Pouco depois, recebi meu novo título impresso, assinei duas vezes, desta vez com papel e caneta, e fim. Entre perguntas de repórter, multa, muitas interrupções para dúvidas e algumas outras para fotos, o atendimento acabou em 17 minutos. Foi grátis e não doeu nada.
SERVIÇO
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