quarta-feira, 10 de maio de 2017

Secretaria investiga se 21 mortes foram causadas por chikungunya

Vinte e um óbitos suspeitos de ter como causa a chikungunya estão sendo investigados em Fortaleza. Este número, assim como o total de casos notificados da doença (11.777), pode apresentar subnotificação. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que exibe apenas uma confirmação de morte. Maio e junho são os meses considerados mais favoráveis ao aumento de casos. Por isso, a Prefeitura lançou ontem campanha educativa e firmou parcerias para reforçar o combate ao vetor, o Aedes aegypti.

A mãe de Olga Valéria Barbosa faleceu no último dia 1º. “Ela estava completamente bem em um dia e, no outro, começou a ter febre e muita dor no corpo. Dias depois acabou sendo internada, fizeram o exame que comprovou a chikungunya. E depois ela morreu”, contou. Conforme Olga, na UTI onde sua mãe estava, outras três mulheres também foram diagnosticadas com a doença e morreram. “Na certidão de óbito, a causa é outra, mas minha mãe estava bem”, frisou.
Para que haja confirmação de óbito pela arbovirose, são investigados critérios clínicos (sintomas da doença), epidemiológico (se o desenvolvimento da doença combina com o padrão já conhecido pelos profissionais da saúde) e laboratorial (sorologia ou análise patológica pós-morte). Um dos problemas que pode causar a subnotificação é que os óbitos não são encaminhados ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO).
“Quando isso acontece, um paciente faleceu e o corpo foi para o SVO, a necrópsia é feita e há suspeita de alteração morfológica, um pedaço da vísceras é encaminhado ao Instituto Evandro Chagas (no Pará)”, explicou o gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da SMS, Antônio Lima. Ele reconheceu que pode também haver subnotificação sobre os óbitos (em abril, O POVO mostrou que apenas 1,5% dos casos notificados da doença era oriundo dos hospitais particulares).
Casos investigados
Entre os 21 casos investigados, um foi registrado em março, 19 em abril e um em maio. A única morte confirmada ocorreu em janeiro. “Esse paciente tinha uma condição clínica de chikungunya e apresentou um exame positivo”, acrescentou o médico. De acordo com informações da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a vigilância sobre os óbitos se dá a partir do preenchimento de protocolo preconizado pelo Ministério da Saúde e de exames laboratoriais processados pelo Laboratório Central. Posteriormente, o caso passa pela análise de um comitê formado por médicos. A pasta não informou o total de óbitos confirmados e investigados no Estado.Campanha
Durante o lançamento da campanha, o prefeito Roberto Cláudio minimizou a preocupação com o lixo espalhado pela Cidade, um das principais queixas da população para a epidemia. Segundo o prefeito, o principal objetivo das ações é reforçar o combate ao vetor nos domicílios e em comércios. A parceria firmada inclui instituições religiosas e de ensino, além da rede de saúde privada.
Conforme balanço da SMS, 38% dos criadouros encontrados do mosquito foram em cacimbas e cisternas. Baldes e vasos de plantas estão em segundo lugar, com 30%, lixo aparece como 15% dos depósitos. Calhas, ralos, piscinas estão em 12% dos casos. Pneus, plantas e caixas d’água completam a lista. As ações previstas incluem formação de brigadas, divulgação de informativos e recrutamento de voluntários. “O combate ao mosquito vai muito além da gestão pública. A população precisa trabalhar junto”, comentou a secretária municipal da Saúde, Joana Maciel.
Saiba mais

O cantor de forró
Felipão é um dos protagonistas da campanha da Prefeitura de Fortaleza contra o Aedes aegypti.
No vídeo, que começa a ser veiculado na próxima semana, ele orienta a população sobre formas de prevenção ao mosquito.  
“Não deixe água parada, vire as garrafas vazias para baixo e cubra os recipientes que armazenam água”, orienta.
IGOR CAVALCANTE | SARA OLIVEIRA

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