A Casa do Barão de Camocim, no Centro de Fortaleza, está ocupada por alunos da Vila das Artes que reivindicam uma série de ações para o funcionamento autônomo do equipamento. Cerca de 20 pessoas iniciaram a mobilização no local, na manhã desta quinta-feira, 2. O ato está sendo articulado pelo recém-formado movimento Vila Viva, o qual cobra diálogo transparente com a Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor).
As incertezas envolvendo a direção do equipamento público começaram no início deste ano, quando nove funcionários foram surpreendidos com demissões. O secretário de Cultura de Fortaleza, Evaldo Lima, chegou a voltar atrás, mas os manifestantes dizem que os desligamentos foram confirmados.
A Casa do Barão de Camocim foi escolhida em acordo com a mobilização para a integração definitiva dela ao complexo Vila das Artes.
Em carta aberta, o movimento Vila Viva esclarece que a ocupação tem o objetivo de mostrar a "luta dos estudantes e artistas por um espaço de formação em artes de qualidade, com autonomia e liberdade para invenção".
Os manifestantes exigem participação na escolha dos nomes da nova diretoria, cancelamento imediato de todas as demissões, e garantia da efetivação do Projeto Político pedagógico da Vila. Outras solicitações são para a implementação imediata de um Conselho administrativo deliberativo e para a divulgação pública do orçamento real da Vila este ano.
A psicóloga Luciana Rodrigues, 39, integrante da 4ª turma de Audiovisual da Vila, conta que a Secultfor tem se desviado do diálogo com os alunos e professores. "A atitude de lançar esse número altíssimo de demissões é absurda. Temos nos organizado para conversar, mas não estão dispostos a discutir. A decisão sobre a coordenação não pode ser feita de cima para baixo", diz ela.
Luciana afirma que a demissão dos coordenadores foi confirmada, o que prejudica o projeto pedagógico da Vila e os cursos desenvolvidos. "O curso tem dez anos, foi discutido e pensado. A cada mudança de turma ainda é reavaliado por conselho reconhecido pela UFC [Universidade Federal do Ceará]. A ocupação continua por tempo indeterminado até que cada solicitação seja atendida", frisa.
O professor do curso de Realização da Escola Pública de audiovisual da Vila, Alexande Veras, destaca a importância do espaço para a cidade. "A ideia da Vila não é criar mão de obra, mas formar realizadores de perfis diferentes que se apropriem do cinema e tenha responsabilidade política. Temos alunos de toda cidade, a Vila faz parte de uma rede social para Fortaleza junto com os Cucas", avalia.
De acordo com Alexandre, a tentativa de diálogo com a Secultfor tem sido desgastante. "Todo o processo [de mudança na Vila] está ocorrendo à revelia do Conselho e dos artistas. Nunca mencionam a vinculação da Casa do Barão, falam em outro uso, mas essa a casa foi desapropriada para compor a Vila. A Vila foi formada há dez anos por artistas, ocupada por artistas e isso não pode mudar de uma hora para outra", argumenta.
Na última segunda-feira, 30, a Secultfor desmentiu a mudança de sede do órgão para a Casa do Barão de Camocim. A Casa é tombada pela Prefeitura de Fortaleza desde 2007 como um bem municipal e recentemente recebeu a 18ª edição do evento de decoração Casa Cor Ceará.
O POVO Online entrou em contato com a Seculftor e aguarda retorno.
Carta
O Fórum de Linguagens protocolou, na última quinta-feira, 26, uma carta contra as decisões da Secultfor em relação à manutenção dos equipamentos da cidade, como Vila das Artes e Estoril. O documento repudiou o não comparecimento de Evaldo Lima à última reunião do fórum e reivindicou "horizontalidade e transparência na gestão ".
“Queremos que ele nos ouça para que a escolha da direção e das coordenações da Vila seja coletiva. Nossa proposta é construir uma lista tríplice para a escolha de um nome. A impressão que temos é que será uma escolha política, e não queremos isso”, explicou o artista Victor Hugo, eleito conselheiro municipal de Política Cultural.
O Fórum de Linguagens protocolou, na última quinta-feira, 26, uma carta contra as decisões da Secultfor em relação à manutenção dos equipamentos da cidade, como Vila das Artes e Estoril. O documento repudiou o não comparecimento de Evaldo Lima à última reunião do fórum e reivindicou "horizontalidade e transparência na gestão ".
“Queremos que ele nos ouça para que a escolha da direção e das coordenações da Vila seja coletiva. Nossa proposta é construir uma lista tríplice para a escolha de um nome. A impressão que temos é que será uma escolha política, e não queremos isso”, explicou o artista Victor Hugo, eleito conselheiro municipal de Política Cultural.
AMANDA ARAÚJO
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