Sob pressão dos militantes, o PT deverá desistir de apoiar as candidaturas de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara e de Eunício Oliveira (PMDB-CE) ao comando do Senado.
O aval a nomes que foram a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff e hoje contam com a simpatia do Planalto provocou revolta na base petista, rachou as bancadas do partido no Congresso e obrigou os defensores dessa negociação a recuarem.
Na Câmara, a tendência do PT, agora, é avalizar a candidatura de André Figueiredo (PDT-CE). Há deputados, porém, que pregam o lançamento de chapa própria, com Paulo Teixeira (SP). A disputa no Senado ocorrerá na quarta-feira e na Câmara, na quinta. A posição oficial do PT, no entanto, somente será anunciada nesta terça-feira, 31.
A ala pragmática do PT acha que a sigla deveria endossar Maia à reeleição, além de Eunício, para assegurar cargos na Mesa. O apoio ao deputado Jovair Arantes (PTB-GO) também está descartado
Em artigo divulgado ontem à imprensa, o presidente do PT, Rui Falcão, admitiu “divergências” a respeito da decisão do Diretório Nacional, que no dia 20 autorizou acordos com candidatos da base do governo Michel Temer.
A exemplo de Falcão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também chegou a defender a abertura de negociações com Maia e Eunício. Nas redes sociais, porém, o grupo Muda PT - que abriga correntes de esquerda - disse não ser possível aceitar o voto em “golpistas” nas disputas.
“O fato é que o protesto tem audiência, repercussão e deve ser ouvido pelos parlamentares”, escreveu Falcão. “Minha opinião pessoal é que nos unamos aos parlamentares da oposição (PDT, PC do B, Rede e PSOL) num bloco a ser encabeçado por alguém deste campo”, disse Falcão.
A posição de aliança entre PT, Maia e Eunício era alvo de críticas de lideranças de outros partidos. Candidato do PDT à presidência, o ex-ministro Ciro Gomes criticou posição de petistas que pregavam voto a Maia. “Não aprenderam nada com o golpe”, disse.
'Avulsos'
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) vai lançar hoje candidatura avulsa, já que seu partido fechou com Maia. O PSOL também deve entrar no páreo.
Com 58 deputados, o PT está de olho na Segunda Secretaria. “A bancada está muito dividida, mas não abrimos mão de lutar por espaço na Mesa”, diz o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP). (AE)
Saiba mais
No Ceará, até antes das declarações de Falcão, era quase certo que a maioria da bancada do Estado acompanharia Rodrigo Maia na disputa. Em entrevistas recentes, deputados do PT cearense demonstraram simpatia pela ideia de garantir espaço na Mesa.
Alguns setores, no entanto, têm sido bastante críticos à proposta. Ex-secretário de Cultura do Ceará, o vereador Guilherme Sampaio foi um dos que saíram com críticas à aliança, classificando Rodrigo Maia como “golpista” e cobrando candidatura de oposição.
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