segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Indústria busca reduzir defeso da lagosta de seis para cinco meses

A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) enviou ao Ministério da Agricultura solicitação para reduzir de seis para cinco meses o período de defeso da lagosta. Hoje, a pesca do crustáceo só é permitida do dia 1º de junho a 30 de novembro, mas a meta da indústria é antecipar o início da liberação para o dia 1º de maio. O pedido já havia sido feito pelo Sindicato da Indústria de Frio e Pesca do Ceará (Sindfrios) anteriormente, mas foi negado.
Segundo Eduardo Lobo, presidente da Abipesca, a expectativa é que o pedido seja apreciado e deferido pelo Governo até o dia 30 de janeiro. “O pleito foi bem fundamentado, não tem extravagância e é possível de ser atendido. É pleito de um setor que está sofrendo e suportando, há muitos anos, trabalhar seis meses e fechar as portas durante outros seis”.

Para a entidade, a redução do defeso representaria 30 dias a mais de trabalho para 2.500 pessoas e um incremento de 20% nas exportações da lagosta produzida no Brasil anualmente.

“Se a gente conseguir antecipar para 1º de maio o defeso, vamos ganhar uma competitividade muito maior a nível internacional e aumentar o volume de exportação, pois partiremos pro mercado com antecedência”.

Impacto ambiental
De acordo com o presidente da Associação, o pedido tem caráter experimental. O intuito, garante, é comparar o volume do pescado capturado nos próximos cinco meses com os últimos dois anos e verificar o real impacto ambiental. Embora acredite que a redução de um mês não prejudicará diretamente a reprodução e estoques da lagosta.

Conforme Paulo Gonçalves, presidente do Sindfrios, a pesca da lagosta por 30 dias a mais no ano não prejudica em nada na reprodução do crustáceo e é impossível extingui-la, já que está alocada no fundo do mar. “Desde 2008, estamos com o defeso de seis meses produzindo linearmente, sem queda nem subida. Na realidade, isso não influenciou muito na produção; impacta mesmo é no período de trabalho e na geração de empregos. Só nos sobressaímos nas exportações porque nossos produtos têm qualidade”, defende.

José Raimundo Martins, coordenador substituto do núcleo de fiscalização do Ibama, por sua vez, rebate e nega a inexistência de impacto ambiental. “A diminuição do defeso é prejudicial porque aumenta a pressão de exploração em cima da espécie, diminuindo o tempo de reprodução e crescimento das larvas”. Acrescenta ainda que a ameaça de extinção da espécie poderá reduzir a capacidade comercial sobre a espécie. “A longo prazo, vai chegar ao ponto em que a espécie não vai aguentar a pressão econômica e vai acabar. A cada ano vem diminuindo”.

René Scharer, fundador do Instituto Terramar, vê o pedido como algo puramente burocrático. “Seja quatro, cinco ou seis meses, o defeso não funcionou e não vai funcionar se não tiver fiscalização. A pesca ilegal vai continuar”. (Lígia Costa)

Números
  
20%
DE INCREMENTO nas exportações de lagosta é a previsão de alcance com a redução do período de defeso

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