Prolongamento de estiagem, com acentuado risco de esgotamento, entre novembro deste ano e janeiro de 2018, da água armazenada em reservatórios, que hoje somam 6,3% de volume. Esse é o prognóstico meteorológico para o Ceará, de acordo com o Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O documento que resume as condições atuais, divulgado nesta semana, exibe cenário em que a probabilidade de chuvas abaixo da média chega a 40%, na média, a 35% , acima, a 25%.
A justificativa já é conhecida: o afastamento do fenômeno La Niña. E a possibilidade de esvaziamento de açudes e barragens abrange também os estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. “Neste mesmo cenário, projeta-se impacto severo nas condições para agricultura e pecuária durante o período chuvoso principal”, descreve o texto feito em conjunto pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A previsão contou com a apresentação do quadro de reserva hídrica de médios e grandes açudes nordestinos pela Agência Nacional das Águas (ANA).
O sul do Ceará deve ser a região mais afetada. Duas variáveis positivas, entretanto, também fizeram parte da análise. Uma delas considera fenômenos em posição intermediária entre padrões precursores de seca e de chuvas abundantes. A segunda, mais relevante para o Estado, foi o aumento da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Atlântico Sul, paralelo à diminuição no Atlântico Norte.
A conclusão é a de que, se este padrão se mantiver, haverá mais chances de a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) contribuir para chuvas no norte nordestino no fim do período chuvoso.
Para amenizar os efeitos de um possível sexto ano de seca, é aguardada a transposição do rio São Francisco. Arrastando-se há anos, em 2016 a promessa do Governo Federal era de que a obra traria água ao Ceará até setembro deste ano.
“O padrão (descrito no documento) já não se manteve tão bem ao longo desta semana”, comentou o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), Raul Fritz. Mas ele ponderou que “uma semana não pode representar uma variação permanente”.
A atual instabilidade oceânica tem sido pesquisada pelo mundo. A dinâmica de circulação das águas, a temperatura e o acúmulo da energia do sol são alguns fatores ainda incompreendidos. Conforme Fritz, alguns cientistas consideram que o oceano absorve o aquecimento atmosférico.
Fritz explicou que os órgãos de meteorologia usam modelos e analisam regiões diferenciadas, por isso alguns resultados podem ser diferetes — de acordo com a Funceme, a probabilidade de chuvas na média histórica seria de 40%. “Mas nós pedimos pra aguardarem o segundo prognóstico. Principalmente com a evolução da temperatura da água do mar do Atlântico, que acontece até fevereiro. Ela vai ser determinante e tem variado muito”, ressaltou. O POVO tentou, ontem à tarde, contato com o Cemaden, com o Inpe e com a Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará. As ligações não foram atendidas.
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