O dia de Moro no Senado teve aplausos e saudações, de parte dos funcionários da Casa, e críticas de senadores que, descontentes com o rumo das apurações do esquema de corrupção na Petrobras, preferiram aplaudir de forma mais efusiva o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, defensor da revisão dessa legislação.
O debate foi ameno e respeitoso, porém duro. A maior parte das perguntas foi dirigida a Moro que, sem elevar o tom, respondeu aos questionamentos de todos os senadores, sempre defendendo que o projeto de abuso de autoridade é bem-vindo, desde que não prejudique a atuação da magistratura.
Apenas em um momento a discussão ficou mais acalorada, quando o líder da oposição, Lindbergh Farias (PT-RJ), e Moro se confrontaram sobre a atuação do juiz no caso específico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto Lindbergh afirmava que houve abuso na condução coercitiva e divulgação de interceptações telefônicas, Moro respondeu que a fala do senador era uma demonstração explícita de que o projeto tem a intenção de criminalizar a Lava Jato.
Apesar do ar cerimonioso da sessão, os principais líderes do Senado não fizeram questões aos participantes do debate e as perguntas foram encadeadas por senadores menos conhecidos nacionalmente. O senador Fernando Collor (PTC-AL), por exemplo, que é investigado na Lava Jato e figura carimbada em discussões da Casa com críticas ferrenhas à operação, não esteve presente.
Mas houve quem quisesse prestigiar o juiz federal. Após seu discurso no debate, os senadores Magno Malta (PR-ES), Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Ataídes de Oliveira (PSDB-TO) subiram à Mesa Diretora para cumprimentá-lo e fazer fotos. Renan Calheiros (PMDB-AL), que teve a fala interrompida pela situação, reagiu ironicamente. "Vou esperar esse momento de cumprimentos para poder reiniciar a sessão", disse visivelmente incomodado.
Ferraço não perdeu tempo. O senador acolheu as sugestões de Moro e as registrou na forma de duas emendas ao projeto de abuso de autoridade. No fim da sessão, foi entregar em mãos ao juiz os papéis que confirmavam o protocolo.
Mais efusivos, no entanto, foram os próprios funcionários do Senado, que não contiveram os aplausos durante a sessão. Entre uma selfie e outra, tentavam se enquadrar nas fotografias com o juiz. Mais tarde, ao final da entrevista coletiva de Moro, outros funcionários ovacionaram o magistrado bradando seu nome. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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