A maioria das fugas deste ano se deu ainda em maio, após deflagração da greve dos agentes penitenciários, no dia 21. A paralisação durou apenas 17 horas, tempo suficiente para que 14 detentos fossem assassinados e as unidades fossem depredadas, agudizando a crise no sistema. Várias celas foram destruídas e por meses os internos ficaram soltos nas vivências, propiciando motins e fugas por inúmeros túneis escavados.
Na avaliação do secretário-adjunto da Segurança Pública e Defesa Social, Lauro Prado, o elevado número de fugas está influenciando o índice de homicídios no Estado, que aumentou em determinadas regiões após a crise, bem como no aumento do número de roubos, que tem altas consecutivas desde julho de 2014, à exceção de agosto de 2015, quando os casos caíram 7,5%.
“Essa crise interferiu diretamente na Segurança Pública do Estado. Não só isso. Influencia a quantidade de presos que são soltos todos os dias. Mas certamente está relacionada. Em cidades como Maracanaú e Itaitinga, os roubos aumentaram muito após as fugas. Bem como o número de presos reincidentes”, disse.
Em 23/5/2016, O POVO noticiou que rebeliões continuaram a ocorrer, mesmo após fim da greve dos agentes penitenciários
A Sejus informou que, dos 452 presos que fugiram nos quatro meses deste ano, 180 (40%) foram recapturados ou se apresentaram em delegacias de Polícia. Já em 2015, dos 452 internos que fugiram, somente 90 (18%) foram novamente presos.
Imprecisão
Ainda no mês de maio, O POVO havia solicitado à Sejus a quantidade de fugas e de presos que escaparam das unidades prisionais do Ceará, entre 2015 e 2016. Também foi solicitado que os dados fossem divididos por mês e por ano, para fins de comparação. O pedido foi refeito em julho e agosto. Em resposta, nas três vezes a pasta informou que, por conta da reestabilização do sistema, os números não haviam sido contabilizados.
Após nova solicitação este mês, a Secretaria repassou os dados. Entretanto, apenas o total de presos que fugiram ou foram recapturados, em 2015 e no intervalo entre 21 de maio e 21 de setembro deste ano, foram informados. Por meio da assessoria de imprensa, a Sejus justificou que não contabiliza os eventos de fuga, apenas a quantidade de presos que escaparam e as unidades a que pertenciam são computadas. Este último dado, porém, não foi divulgado por motivos de “segurança”.
Sobre os demais meses de 2016, a Secretaria alega que adotou um novo método de contabilização dos fatos, após a crise, e que os números deste ano, contabilizados no formato anterior, não são “confiáveis”, motivo pelo qual não foram divulgados, muito embora o formato seja o mesmo de 2015, cujos dados foram enviados ao O POVO. A Sejus informou ainda que, somente ao final de janeiro próximo, os números totais serão divulgados.
Em entrevista ao O POVO, no último dia 17, o titular da SSPDS, Delci Teixeira, afirmou que, em 2015, 83% das pessoas presas eram reincidentes. Este ano, o número caiu para 43%. O total de prisões não foi informado. Na avaliação de Lauro Prado, este número também pode ter sido influenciado pelas fugas, uma vez que parte dos foragidos foi recapturada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário