segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Após mais de 40 anos, professora procura a mãe em Fortaleza

Angelita Alves, moradora de Fortaleza, hoje com cerca de 70 anos, irmã de uma mulher chamada Dora. Essas são as únicas informações que Conceição Maria Alves Sobral, 47, tem sobre a mãe. A origem materna foi escondida pelo pai, um homem chamado Antônio Borges Teixeira Sobral, que morreu quando ela tinha 14 anos. Agora, a filha busca Angelita, num processo considerado importante por Conceição para o próprio futuro — de aceitação, de superação, de felicidade.

“Entre possíveis idas e vindas a Fortaleza, até os meus dois anos, me lembrei de dormir em uma rede, numa casa com piso vermelho e rua de areia. Acho que era a casa dessa minha tia”, conta a hoje professora universitária e doutoranda da Universidade Federal do Ceará (UFC). O destino trouxe Conceição de volta à Capital em 2016, após uma vida construída na Bahia. “Quando cheguei aqui, fiz umas buscas nos cartórios para ver se havia algum registro. Minha certidão é de Salvador, mas foi feita quando eu já tinha quatro anos”, diz.

Conceição lembra que viveu viajando pelo mundo até os 10 anos. O pai faria parte de uma rede de crime organizado, traficando armas. “Eu conheço 19 países. Morávamos em hotéis, estávamos em um lugar pela manhã e à tarde pegávamos um avião para outro país”, detalha. Além de Antônio, o pai se apresentava com outros dois nomes e justificava à filha como sendo “algo divertido”.

Verdade
A história contada pelo pai era que Conceição teria sido abandonada por Angelita, aos nove meses de vida. Quando a menina tivesse 15 anos, a promessa era de levá-la para conhecer a mãe. “Ele dizia que ela era ‘da vida’, que ele se apaixonou e a colocou em uma casa. Mas um dia chegou e ela tinha ido embora”, afirma. A história foi durante muito tempo uma certeza para Conceição, que amargou as consequências psicológicas de um possível abandono, da vida sem referência familiar e até da violência do pai.

“Quando eu tinha 19 anos descobri o que meu pai fazia, que as pessoas tinham medo dele, e comecei a pensar que tudo poderia ser mentira, ele ter me levado embora porque minha mãe não o quis mais”, pondera a professora. Após saber a verdade, Conceição buscou ajuda psicológica e desde então vem entendendo atitudes, sentimentos e pensamentos.

Serviço
Quem tiver informações que possam levar Conceição a encontrar a mãe, pode entrar em contato pelos telefones: (73) 9135 4570 ou (71) 9211 3114

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