sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Apesar da desconfiança, governo e Farc tentam novo acordo de paz

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o comandante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño Echeverri, o “Timochenko”, assinaram ontem no Teatro Colón, em Bogotá, um novo acordo de paz. As informações são da Agência Ansa.

O tratado foi firmado pouco menos de dois meses depois de o pacto anterior ter sido rejeitado em um referendo popular. Assim como o anterior, o novo acordo enfrenta resistências de parte da sociedade, principalmente do grupo liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe.

Desta vez, o documento será submetido apenas ao Parlamento e não passará pelo crivo das urnas. Na última terça-feira, o presidente Santos já havia reconhecido que o tratado não agradará a todos. O novo pacto mantém aberta a porta da política para os membros das Farc e não enquadra o narcotráfico como crime de lesa humanidade. Além disso, assim como no acerto anterior, não prevê que ex-guerrilheiros cumpram pena em prisões comuns, como defende Uribe.

As negociações entre Bogotá e as Farc para encerrar o conflito mais longevo da América Latina já duram mais de quatro anos e renderam a Santos o Prêmio Nobel da Paz deste ano, mesmo após o primeiro acordo ter sido rejeitado pelo povo.

Espaço garantido
Pelo novo tratado, os membros da guerrilha terão cinco cadeiras garantidas no Senado e na Câmara dos Deputados nos próximos dois ciclos legislativos. Além disso, a prática do narcotráfico só não terá anistia caso o combatente a tenha usado para enriquecimento pessoal, item que não estava detalhado no pacto anterior.

O documento também tira a possibilidade de participação de magistrados estrangeiros no Juizado Especial da Paz e determina que bens e ativos em poder das Farc sejam usados para indenizar vítimas do conflito. Estima-se que mais de 260 mil pessoas tenham morrido em 52 anos de hostilidades na Colômbia.

O acordo já foi levado ao Congresso, de maioria governista, onde deve ser aprovado para que se inicie o processo de implementação. Os debates, que terão início na terça-feira nas duas câmaras, serão abertos e transmitidos pela TV,devendo contar com a participação não apenas de legisladores, mas também de vítimas e opositores.

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