Em entrevista à Rádio Coqueiros FM, de Sobral, na última sexta-feira, 29, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) acusou o senador e ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), de ter mandado atirar em policiais militares e civis que participavam de greve, em julho de 1997. “O Tasso, quando era governador (do Ceará), houve um motim na Polícia Militar e eu estava junto com o Tasso quando ele mandou atirar nos grevistas. Mandou atirar. O coronel disse assim: ‘Mas, governador, pode morrer gente’. Que morra! Isso foi filmado lá. Houve tiro, gente foi ferida, o diabo”, afirmou Ciro, ex-pupilo do senador por quase dez anos, período no qual foi eleito prefeito de Fortaleza e governador do Ceará com a auda de Tasso.
Em troca de tiros entre a tropa de choque da PM e policiais durante a paralisação da categoria, em 29 de julho daquele ano, cinco pessoas ficaram feridas. Entre elas, o comandante-geral da Polícia Militar na época, coronel Mauro Benevides, atingido nas costas por disparo.
Mais velho dos irmãos Ferreira Gomes e pré-candidato às eleições presidenciais de 2018, Ciro também falou que o senador tucano, “meu velho amigo, perdeu qualquer espírito público. Acho que ficou magoado com a derrota”. O pedetista se refere à disputa de 2010, quando Tasso concorreu ao Senado e sofreu o primeiro revés em sua carreira política, após admitiu que deixaria a vida pública para “cuidar dos netos”. No pleito, elegeram-se senadores Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT).
Sobre a aliança entre Tasso, Eunício e o candidato à Prefeitura de Fortaleza Capitão Wagner (PR), cujo nome foi oficializado hoje em convenção partidária, Ciro respondeu que se trata de uma “coalizão do ódio. Ódio ao Cid, ódio ao povo”. Além de Wagner na capital cearense, os irmãos Cid e Ciro travam outra batalha contra aliados de Tasso e Eunício também em Sobral, berço político da família. Lá, caso seja confirmado, Ivo Gomes (PDT) deve enfrentar Moses Rodrigues (PMDB) e Dr. Guimarães (PSDB) numa das eleições mais acirradas da história da cidade, hoje comandada por Veveu Arruda (PT). O PSDB, porém, ainda não descarta aliança com o PMDB.
Na mesma entrevista, Ciro também lamenta que o irmão Cid Gomes, ex-ministro e ex-governador do Estado, não tenha ordenado “reprimir (a greve da PM no Ceará, em 2011), porque devia ter mandado prender esse vagabundo (Capitão Wagner), que é mancomunado com tudo que não presta e vive de explorar o terror”. Para Ciro, Wagner é “conivente com essas milícias que estão entranhadas na Polícia. E eles se juntaram (Tasso, Eunício e Wagner). Então,qual é o cimento (da aliança)? O ódio. De ameaçar a cidade (Fortaleza) com um meganha desqualificado”.
Um dos principais nomes da oposição ao pré-candidato à reeleição Roberto Cláudio (PDT) e dono da maior fatia de tempo de TV e rádio na propaganda eleitoral, Capitão Wagner foi uma das lideranças da greve dos policiais militares, que começou em 31 de dezembro de 2011 e durou cinco dias. O episódio, um dos mais desgastantes da gestão de Cid Gomes, é considerado uma derrota política do então governador, que precisou pedir auxílio à Força Nacional de Segurança.
Greve de 1997
O confronto entre a Tropa de Choque da PM e policiais em greve, durante paralisação da categoria, em 29 de julho de 1997, foi um dos pontos mais tensos do movimento. Sob o governo de Tasso Jereissati, policiais militares em greve realizavam manifestação por melhores salários na avenida Beira Mar, a caminho do Palácio da Abolição, onde funcionava a sede da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Houve troca de tiros entre grevistas e policiais do Grupos de Ações Táticas Especiais (Gate), enviados ao local para fazerem a segurança. O protesto terminou com cinco feridos.
Entre eles, o então comandante-geral da PM, coronel Mauro Benevides, atingido por tiro nas costas, na altura do ombro esquerdo. À época, o governador, com base em decisão judicial, mandou prender os líderes da greve, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Elias Alves de Lima, e o tenente da PM Gilberto Alves Feitosa. Acéfalo, o movimento perdeu força progressivamente. Ao final da greve, 70 policiais militares e 26 civis foram afastados temporariamente de suas atividades. Treze deles foram expulsos da corporação.
A assessoria do senador Tasso Jereissati (PSDB) foi acionada, mas não atendeu às ligações do Blog.
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