Antecipada por reportagem da Revista Veja, a delação de Mello foi confirmada nesta sexta-feira, 1º, pela Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, o repasse foi feito a pedido do lobista Milton Lyra, alvo nesta sexta-feira de buscas da Polícia Federal em nova etapa da Operação Lava Jato. Além de Eunício, são citados os senadores Renan Jucá (RR) e Eduardo Braga (AM).
Segundo a delação de Mello, Lyra o avisou que um “portador de Eunício” o procuraria em 2014 atrás de doações de campanha. Depois disso, Mello relata que se reuniu com um sobrinho de Eunício, de nome Ricardo, que "pagou despesas de empresas que prestavam serviços à campanha de Eunício" com "contratos fictícios" em R$ 5 milhões.
Empresa de Eunício
O delator diz que os contratos foram firmados por meio de três empresas, mas que nenhum serviço foi prestado. "Ao final se providenciou uma nova nota fiscal para totalizar R$ 5 milhões". Entre elas, estaria a Confederal Prestadora de Serviços de Vigilância e Transporte de Valores, em que Eunício é acionista majoritário.
Mello afirma ter firmado diversos contratos fictícios, em até R$ 15,7 milhões, com empresas de Milton Lyra, que eram solicitadas como pedidos de "ajuda para amigos". O ex-presidente da Hypermarcas afirma que os "amigos" seriam senadores apresentados por Lyra em um jantar, sem qualquer referência nominal a eles.
Outro lado
Procurado pelo O POVO Online, o responsável pela defesa de Eunício, o advogado Antônio Carlos, negou todas as acusações da delação, que partiria de uma “base totalmente falsa”. “O Ricardo, da Confederal, nunca viu, esteve ou conheceu o Milton Lyra. Isso já anula tudo que foi dito”, afirma.
O advogado destaca que Eunício também não possui qualquer influência sobre a Confederal. “Desde o primeiro momento em que foi fazer política, o senador deixou absolutamente toda a posição dele na empresa. Ele foi extremamente rigoroso, não tendo nenhuma participação na direção, administração, ou o que seja na Confederal”, diz.
Ele rejeita também qualquer irregularidade nas contas de campanha de Eunício, bem como existência de caixa dois. “É muito grave que uma delação seja tida como verdade absoluta, ainda mais quando parte de pressupostos falsos. Vivemos em uma época extremamente punitiva, em que só se vale a palavra da acusação. Tem que ter cuidados, porque não é porque um delator disse que é verdade”, diz.
Em nota, a Hypermarcas afirma que não é alvo da investigação e que negociou com Mello acordo em que ficou assegurado o "ressarcimento integral pelos prejuízos sofridos". Ela destaca ainda que "não se beneficiou de quaisquer dos atos praticados".
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