domingo, 31 de julho de 2016

Custo de campanha. O que pode fazer do eleitor um doador em 2016

Até 2014, cerca de 70% das campanhas eleitorais eram financiadas por empresas. A minirreforma de 2015 acabou com a prática. A partir de agora, o eleitor assume mais um papel dentro das disputas. Além do voto, ele terá a função de fiador de candidatos e ideias. Mas será que ele está disposto a tirar do próprio bolso por uma causa?
Para o advogado Tiago Caxile, a disposição dele para doar vai depender da postura do candidato. “Estou disposto a doar a quem apresentar propostas plausíveis e caminhos para realizá-las. Vejo às vezes que floreiam demais, sem apontar como seria feito na prática”, argumenta.

Para Caxile, que se filiou ao PSC recentemente, a política deve ser um meio de unificar o País após a crise e para isso é preciso abrir discussão de propostas, ainda que sejam antagônicas. “Nunca doei. Mas, desta vez, com a situação complicada do Brasil, devemos nos unir e todos participar, com dinheiro ou com ideias. No final, todos queremos o melhor para a sociedade”, diz.

Já para a também advogada Jardane Canuto, é preciso investigar minunciosamente não só as propostas, mas o histórico do candidato e do partido. Detalhes contam na hora de colocar a mão no bolso. Apesar de estar disposta a contribuir com a campanha, ela se diz desconfiada. “Tudo que mexe no bolso deixa a gente mais atento. Isso eu levaria realmente como um investimento social. Mas no final é sempre um risco”, diz.
Ela frisa que apesar de o voto ser a maior arma do eleitor, nem sempre ele é suficiente para propagar as ideias em que ela acredita que sejam as melhores para o desenvolvimento da comunidade.

O professor e servidor público Martinho Olavo já tem o hábito de fazer doações de campanha. Nas duas últimas eleições, ele escolheu candidato e partido para ajudar a financiar. “A doação é uma maneira de autossustentabilidade de uma candidatura. Ele cria a independência financeira quando feita por eleitores. O que me motiva a doar é para que haja possibilidade de a campanha chegar ao conhecimento de outras pessoas” , afirma. Filiado ao Psol, Olavo celebra o fim da participação de empresas no processo eleitoral.

Esta será a terceira vez que ele vai tirar recursos próprios para apostar no partido. Até o momento, garante que não teve arrependimentos. “Quando você doa, veste a camisa.Não está sendo apenas eleitor passivo,mas estará envolvido na construção de debates. Você trabalha para que a ideia em que investe seja vitoriosa. Portanto, tem uma postura de democracia participativa, cidadania ativa”, completa.

O sociólogo Valmir Lopes analisa o impacto do financiamento por pessoa física nestas eleições. “Doação de eleitores era uma prática que se via até os anos 2000. Acredito que agora a classe média vai retornar a contribuir com as campanhas. Agora, na periferia, onde a tendência era receber, mais que doar em período eleitoral, haverá um choque”, explica.

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