Antes da parede do açude São Mateus, em Canindé (a 120 quilômetros de Fortaleza), há uma pequena mercearia fechada. “A gente vendia as coisas para quem vinha tomar banho. Agora não tem ninguém”, lamenta o aposentado Messias Miranda, 81, diante do açude seco. Localizado na sede do município, o açude esteve cheio pela última vez em maio de 2011. Era época em que não faltava água em casa, lembra Messias, que vive em uma das moradias próximas ao reservatório. “Agora está muito difícil. Chega água na torneira só em um dia da semana”.
Outros três açudes estão fora de utilização em Canindé. O Escuridão também está seco. O Salão e o Sousa estão no volume morto. O abastecimento no município é possível com a adutora que sai do açude General Sampaio e com cerca de oito poços profundos injetados diretamente na rede.
A cidade é dividida em três setores, num racionamento em que, teoricamente, cada parte fica com água dois dias sim, quatro não. Mas a restrição enfrenta fatores agravantes. Nos bairros mais altos, como Palestina e Canindezinho, a água demora mais a voltar, explica Francisco de Sousa Rocha, presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) na cidade. Há ainda problemas com a adutora do açude General Sampaio. “Está funcionando precariamente. Aparecem furos nos tubos, que geram vazamentos. A Cogerh tem nos dado apoio fazendo a troca do material e cobrando a empresa responsável”, indica.
Tentar suportar as dificuldades até o próximo ano, na esperança de boas chuvas, é o que resta ao autônomo Adriano Vieira, 28. Ele mora na estrada de terra que leva ao Escuridão e diz ainda utilizar água do açude. “Ela não é boa. Não dá pra cozinhar nem tomar banho”, especifica. O poço que havia na comunidade está com a bomba queimada. Agora, a solução é comprar água de cisterna na localidade de Jacurutu, a cerca de dois quilômetros.
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