domingo, 7 de fevereiro de 2016

O bem que a folia carnavalesca faz

Há quem afirme categoricamente que o ano só começa depois que o Carnaval chega. É como se estes quatro dias fossem mais catalizadores da motivação de um recomeço do que mesmo o apontar de janeiro — que já vai longe. 
A conversa corre na boca de quem se vangloria, como na música dos Novos Baianos, de ter a carne e o coração de Carnaval, mas pode, sim, ter explicação na ciência. “É que a felicidade nos faz sentir menos dor e nos deixa mais motivados para fazer atividades. Felizes lidamos melhor com as coisas que não dão certo e ficamos mais dispostos e disponíveis”, sintetiza o psicólogo comportamental e professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), João Ilo Coelho Barbosa.

Para o psicólogo, é importante que se frise que a alegria carnavalesca tem um aspecto cultural e não se pode fazer uma análise geral, já que se trata de uma “experiência diferente para cada indivíduo”. “Vai ter uma importância maior ou menor, de acordo com as vivências e experiências anteriores. E os benefícios serão proporcionais a isso”, aponta.

Com dez carnavais em Olinda (PE) e cinco em Fortaleza na bagagem, o biólogo Thieres Pinto, 33, não precisou de muito para ficar completamente encantado pelo Carnaval. “Digo que gosto desde que eu nasci, porque foi justamente em um sábado de Carnaval. E de criança fui cultivando essa relação. Aspirei muito rápido essa história de compartilhar alegria”, relembra.

Thieres é, possivelmente, exemplo do que a neurofisiologista e coordenadora da Pós-Graduação em Farmacologia da UFC, Geanne Matos, explica ser mais aspecto da felicidade: a genética. Baseada em um estudo realizado pelo geneticista e psicólogo David Lykken, da Universidade de Minnesota, e publicada no livro Happiness (Felicidade, traduzido no Brasil pela Editora Objetiva), a professora aponta que a felicidade depende de fatores neurológicos, sociais, ambientais e genéticos. “No caso dos gêmeos idênticos, mesmo vivendo em ambientes separados, pode-se perceber a compatibilidade de 35% a 50% nessa propensão ou não à felicidade”, explica.

A genética da felicidade — que pode ser modificada com as experiências e os estímulos — está relacionada à capacidade de produção e transmissão de substâncias receptoras das emoções: os hormônios e neurotransmissores.

A advogada e brincante do bloco Unidos da Cachorra, Bárbara Lia Melo, 31, acredita que o Carnaval e a felicidade bem poderiam vir juntos no dicionário. “Nada se compara à felicidade que me invade quando chega o Carnaval”, resume, afirmando ser um “misto de emoções que é difícil de explicar”.

As emoções que tomam Bárbara e outros tantos que esperaram estes dias com ansiedade são capazes de mobilizar um prazeroso coquetel de hormônios e neurotransmissores benéficos para a saúde. Sobre como o ser humano experiencia a felicidade no Carnaval e o bem que ela faz, você lê nas próximas páginas deste Ciência & Saúde. Boa leitura! E bom Carnaval!

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