sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Início do Campeonato Cearense amarga crise de público e renda

Imagine uma partida de Estadual em que é possível contar com as duas mãos o público presente. Pois é, já aconteceu este ano no Campeonato Cearense. O jogo Itapipoca x Maranguape, no estádio do Junco, em Sobral, disputado há duas semanas, registrou 10 pagantes. Na última quarta-feira, Uniclinic x Icasa foi testemunhado por 32 pagantes no PV. O cenário das duas partidas ajuda a ilustrar o início nada animador em termos de presença de público na competição que, após 16 partidas, não registrou nenhum jogo com mais de 5 mil pagantes. Em termos de arrecadação, o Estadual também vem decepcionando. Apenas em duas partidas não houve prejuízo.
Essa realidade vem tirando o sono de dirigentes de clubes e da Federação Cearense de Futebol. O que estaria afugentando o torcedor dos estádios?
Para o diretor de marketing do Ceará, Raimundo Lavor Neto, a realidade financeira do torcedor nos primeiros dois meses do ano é um fator que pesa. “Uma das variáveis para desse início de ano é que o torcedor costuma ter muitos gastos em sua vida pessoal, como pagamento de IPTU, IPVA, material escolar”, ressalta.
Já o diretor administrativo do Fortaleza, Gigliani Maia, aponta que o nível técnico das partidas também influencia na baixa presença de público. “O torcedor ainda não foi tocado pelo campeonato, está esperando dar aquela esquentada. Ele quer ir a jogos que tenha uma expectativa de boa competitividade”. Times jogando fora de suas sedes, por falta de estádios aptos, é outro fator que ajuda a explicar os públicos irrisórios.
O preço dos ingressos também vem gerando insatisfação. No jogo Fortaleza x Maranguape, no Castelão, torcedores exibiram a faixa “Ingresso caro, estádio vazio”, em protesto pelo valor cobrado, de R$ 40 e R$ 20 nas arquibancadas. A diretoria não planeja mudar os valores, que seguem a política de ingressos que o clube adota no Castelão desde 2015.
BALANÇO
Maiores públicos do Estadual 
Tiradentes x Ceará (PV): 4.026 pagantes
Uniclinic x Fortaleza (Castelão): 4.017 pagantes
Ceará x Guarani-J (PV): 4.008 pagantes
Piores públicos do Estadual:
Itapipoca 0X1 Maranguape (Junco): 10 pagantes
Uniclinic 3x2 Icasa (PV): 32 pagantes
Maranguape 1x2 Uniclinic (PV): 127 pagantes
Dados após 16 jogos:
Média de público: 1.553
Média de renda:R$ 17.451,93
Fonte: FCF
FALA, TORCEDOR!
Crise, má gestão e insegurança 
O arquiteto RODRIGO FONTENELE, 38 anos, aponta o cenário de crise econômica do País, a sensação de insegurança e os altos preços dos ingressos como fatores que afastam o torcedor dos estádios. “A federação tinha que trabalhar melhor o campeonato, senão ele morrerá”, diz ele, que é torcedor alvinegro.
FALA, TORCEDOR!
Custo alto para ir a um jogo 
Para o universitário PEDRO BRASIL, 22, os preços cobrados para os jogos do Estadual não condizem com o produto oferecido. “O preço é muito salgado”, reclama. Ele destaca ainda que os custos para acompanhar uma partida, de forma geral, são elevados. “O lanche é caro, o estacionamento é caríssimo”, frisa ele, que é torcedor do Fortaleza.

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