LAVA-JATO

Delator diz que filho de Lula foi beneficiado

A declaração foi feita pelo lobista Fernando Baiano em acordo de delação premiada homologado pelo STF

   

00:00 · 12.10.2015

O advogado Cristiano Zanin Martins, que representa o filho do ex-presidente Lula, negou as afirmações de Fernando Baiano ( FOTO: FOLHAPRESS )

Brasília. Preso desde o ano passado em Curitiba (PR), Fernando Soares, também conhecido como Fernando Baiano e acusado de ser um dos "operadores" do esquema de desvios na Petrobras, afirmou ao Ministério Público Federal ter feito pagamentos ao empresário Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o jornal O Globo, Fernando Baiano relatou, em acordo de delação premiada homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o pagamento de aproximadamente R$ 2 milhões a Fábio Luís, filho mais velho de Lula.

O repasse de recursos teria sido destinado ao pagamento de despesas pessoais de Lulinha, como o empresário é conhecido. Um profissional com acesso aos autos da Operação Lava-Jato confirmou ontem a citação ao filho do ex-presidente, porém não soube precisar os valores.

Defesa

O advogado Cristiano Zanin Martins, que representa o filho do ex-presidente Lula, negou as afirmações de Fernando Baiano. "O sr. Fábio Luís Lula da Silva jamais recebeu qualquer valor do delator mencionado", afirmou o advogado. O Instituto Lula, mantido pelo ex-presidente, não comentou as declarações.

As afirmações de Fernando Baiano incluem também campanhas presidenciais do PT em 2006, quando Lula disputou a reeleição, e em 2010, ano da primeira candidatura de Dilma Rousseff ao Planalto.

Ainda de acordo com o jornal O Globo, na mesma delação, Fernando Baiano teria admitido contato com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), porém, sem fazer qualquer revelação mais comprometedora a respeito do presidente da Câmara.

O delator foi preso em novembro de 2014, na Operação Juízo Final, etapa da Lava-Jato que alcançou o braço empresarial do esquema de corrupção na Petrobras. Em uma primeira ação, ele foi condenado a uma pena de 16 anos e um mês de prisão. Ele ainda responde a outros processos no âmbito da Lava-Jato.

O acordo de Fernando Baiano foi homologado na última sexta-feira pelo ministro Teori Zavascki, relator da operação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Líderes da oposição classificaram, ontem, como muito graves as denúncias de que o filho do ex-presidente Lula teria recebido dinheiro do lobista, tido como operador do PMDB.

"O fato vem a agregar aos desmandos das pessoas que integram esse esquema criminoso", disse ontem o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).