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Agricultura familiar garante fartura
O setor conta com 1,3 milhão de pessoas no Estado. Na Ceasa, essa atuação é a garantia de mercadorias
00:00 · 05.09.2015 por Lêda Gonçalves - Repórter
"Os momentos de crise suscitam um redobrar de vida nos homens". A frase do escritor François Chateaubriand parece caracterizar a força do agricultor familiar cearense. Mesmo depois de quatro anos de seca, dos produtos da agropecuária, é ele quem garante 90% de tudo que é consumido no Estado.
Na Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa), por exemplo, é fácil constatar o fato. Ali, antes do período tão extenso de estiagem, 53% de tudo comercializado era produzido no Estado. Foi graças ao setor que a queda não foi tão grande. "Hoje, 49% é daqui, mas isso devemos à agricultura familiar. Do contrário, a redução poderia ser bem maior, e teríamos que importar até simples hortaliças", aponta o presidente da Central de Abastecimento, Reginaldo Moreira.
Além de segurar o emprego, produtos básicos que compõem a mesa do cearense, como feijão, arroz, milho, mandioca, banana, cajá, seriguela, mamão, hortaliças e pequenos animais como galinha caipira, suínos e carneiros e ovelhas, são do pequeno agricultor. Eles somam 350 mil famílias ou 1,3 milhão de pessoas e estão em 341 mil estabelecimentos rurais do Estado de um total de 381 mil. O restante, 39,5 mil são grandes produtores.
"Os familiares são os que mais fortalecem o desenvolvimento local, principalmente na zona rural, pois distribuem melhor a renda, são responsáveis por uma parte significativa da produção estadual, respeitam mais o meio ambiente e, principalmente, potencializam a economia nos municípios onde vivem", destaca o coordenador da Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará (DAS), Itamar Lemos.
A força também vem do cooperativismo rural que se expande no setor. A Cooperativa Agroecológica da Agricultura Familiar do Caminho de Assis (Cooperfam) é uma delas. Atualmente, 278 cooperados trabalham juntos para, cada vez mais, melhorar o meio rural onde vivem. "Temos nosso auto sustento e o restante comercializamos na Ceasa", comenta Airton Jonas.
Feijão, milho, banana, seriguela, tamarindo são os itens mais procurados. "Para conviver com a seca, temos que nos esforçar e se um produto não dá, investimos em outros e assim por diante", conta. A experiência cearense e brasileira no fortalecimento da agricultura familiar, na promoção da segurança alimentar e no combate à fome suscitou o interesse do governo da Venezuela de conhecer as políticas públicas adotadas no País.
Nos dias 24 e 25 de agosto, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, esteve em Caracas, capital do País sul americano, para apresentar as principais ações da pasta - que têm como foco a democratização do acesso à terra, a inclusão produtiva e a ampliação de renda da agricultura familiar.
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