REFORMA ADMINISTRATIVA
Governo demorou para notar gravidade da crise, diz Dilma
Palácio do Planalto anunciou corte de ministérios e de mil dos 22,5 mil cargos de confiança
00:00 · 25.08.2015
Brasília A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou ontem que o governo errou ao só perceber que a crise econômica era muito maior do que se esperava entre os meses de novembro e dezembro do ano passado - depois que já havia sido reeleita.
Em entrevista, ela declarou que a reforma administrativa anunciada pelo Palácio do Planalto vai cortar, além de dez dos 39 ministérios, 1.000 dos cerca de 22,5 mil cargos de confiança existentes. Os cortes devem ocorrer até setembro.
A presidente reconhece que as mudanças vão trazer alguma dificuldade política, mas afirmou que é necessário fazê-las. Ninguém, porém, será preservado dos cortes, nem mesmo seu partido, o PT. "Vamos passar todos os ministérios a limpo", disse. Dilma fez um forte desagravo a dois de seus principais aliados políticos: o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que devolveu parte da articulação política, e ao ex-presidente Lula.
Questionada sobre a frase dada pelo vice de que era preciso "alguém" para reunificar o país, a petista afirmou haver muita "intriga" no ar. "Não acho que o Temer falou com a intenção que atribuíram a ele. Ele é de extrema lealdade comigo", defendeu. "A primeira fase da articulação política (com a aprovação do ajuste fiscal) é um sucesso".
Sobre Lula, disse não achar "correto atitudes de tentar diminuí-lo", de tentar envolvê-lo. "Passam de todos os limites", disse ela, referindo-se à bomba lançada contra o Instituto Lula e ao boneco do presidente levado às manifestações de 16 de agosto com roupa de presidiário. Para a petista, atos de intolerância são inadmissíveis e "fascistas".
Dilma Rousseff afirmou, ainda, que ninguém pode interromper o processo da Operação Lava-Jato, mas defendeu que, quanto mais rápidas e efetivas forem as investigações, melhor.
A presidente também mostrou-se chocada com os rumores espalhados no mercado financeiro de que seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estaria de saída do cargo pelo fato de ter viajado para os Estados Unidos inicialmente sem compromissos oficiais. "Isso é mentira. Ele foi ver a menina (filha) dele, que vai morar na China", esclareceu.
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