O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Lava Jato, autorizou a ida dos delatores Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco e dos réus Renato Duque e João Vaccari Neto para participarem de acareação na CPI da Petrobras em julho. Será a primeira oportunidade em que os delatores e os réus ficarão frente a frente em uma sessão pública para confrontar suas versões sobre o esquema de desvios na Petrobras
A medida atende à solicitação da comissão que já ouviu os delatores e os réus em separado, e agora pretende confrontá-los. Os primeiros a serem confrontados na Câmara, no próximo dia 8, serão o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, a quem Barusco era submetido. Segundo o delator, a diretoria cobrava ao menos 2% do valor total dos contratos da estatal como propina que era dividida da seguinte forma: 1% para o PT, por meio do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto e 1% para a "casa", referência utilizada para ele e Duque. O ex-diretor da Petrobras vem negando irregularidades e ficou em silêncio em sua audiência na CPI.
Em seguida, no dia 9, serão ouvidos Pedro Barusco e Vaccari. Em seu primeiro depoimento na CPI, Barusco reafirmou o que já havia dito em sua delação e, a partir da divisão da propina, estimou que o PT teria recebido até US$ 200 milhões do esquema entre 2003 e 2013. Na ocasião, contudo ele afirmou não saber como Vaccari operacionalizava a propina e não deu mais detalhes sobre ela. O ex-tesoureiro também vem negando irregularidades.
Por fim, no dia 6 de agosto serão ouvidos o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que participaram de uma acareação na Polícia Federal recentemente. Desta vez, irão apresentar suas versões em uma sessão pública. Ambos os delatores revelaram o envolvimento de 50 políticos no esquema, mas apresentaram alguns pontos conflitantes em seus depoimentos. No último dia 22, ambos estiveram frente a frente na Polícia Federal e confirmaram o repasse de R$ 1 milhão para o ex-ministro da Comunicação Paulo Bernardo para abastecer a campanha de sua mulher Gleisi Hoffman (PT/PR) ao Senado em 2010. Os dois ainda divergem sobre um suposto repasse de R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff, em 2010. Segundo Costa, o doleiro o procurou dizendo que o ex-ministro Antônio Palocci (Casa Civil governo Lula) teria feito o pedido. Youssef, contudo, nega que tenha sido procurador por Palocci.
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