JANEIRO E FEVEREIRO
Chuvas ficaram abaixo da média
03.03.2015
O total de chuvas somado ao prognóstico da Funceme é fonte de preocupação para produtores e gestores
Iguatu O mês de fevereiro recém-terminado voltou a registrar índices pluviométricos negativos em comparação com a média para o período, que é de 127.1 milímetros (mm). Choveu 106.8 mm, verificando um desvio negativo de 15.9 mm. Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que prevê para a quadra chuvosa de 2015, 50% de probabilidade de ocorrência de uma nova estiagem, totalizando um ciclo de quatro anos seguidos de seca.
Fevereiro é o primeiro mês da quadra chuvosa no Estado (fevereiro a maio). O olhar do sertanejo e das autoridades está voltado para março, que se inicia. Este mês traz uma esperança mística, a celebração do padroeiro do Ceará, São José. Comemorado no próximo dia 19, acredita-se que, se chover nessa data, o inverno está assegurado no sertão. É um mito. Não há correlação científica, mas, apenas coincidência com a passagem do equinócio de outono no hemisfério Sul.
As chuvas registradas em média em fevereiro último, 106.8 mm, depois de três anos seguidos de seca, foram as mais intensas para o período desde 2013. Já com o mês de janeiro passado ocorreu o inverso. A Funceme registrou apenas 28.8 mm, bem abaixo do que foi observado nos últimos quatro anos.
Queda
Os dados comparativos são úteis para observarmos que o sertão nordestino vem enfrentando queda na média pluviométrica desde 2012, quando as chuvas ficaram 50% abaixo da média histórica para o período de fevereiro a maio. Começou naquele ano o ciclo de estiagem que perdura até hoje. Para este ano, a Funceme prevê que a probabilidade maior é a ocorrência de pluviometria abaixo da média. O levantamento mais recente, divulgado no dia 20 de fevereiro, aponta um índice de 50% de chance de as chuvas ficarem abaixo da média. De ocorrência dentro da média, são 35%, e acima da média, apenas 15%.
A média histórica de precipitações acumuladas no Estado entre os meses de março, abril e maio é de 480,3 mm. Por se tratar do quarto ano consecutivo de seca, as chuvas registradas em 2015 pela Funceme mostram índices preocupantes e que podem agravar o quadro de escassez de água para o consumo humano e animal, tanto nos centros urbanos, quanto na área rural, além de queda acentuada da produção agropecuária.
A estatística mostra que, desde 2011, quando foram registrados em média 212.9 mm em janeiro, os índices obtidos no primeiro mês dos anos subsequentes só caíram. Neste ano, houve o menor registro, 28.8 mm, contribuindo para aumentar a preocupação dos produtores rurais e dos gestores públicos.
As previsões da Funceme vêm se verificando graças ao aprimoramento dos estudos, a ampliação de dados comparativos com temperatura dos oceanos Atlântico e Pacífico, a troca de informações com outros centros meteorológicos. A tendência de mais um ano de chuvas abaixo da média trouxe preocupação para o governo do Estado, que lançou, na semana passada, o Plano Estadual de Convivência com a Seca.
O Plano repete ações adotadas e em andamento nos últimos anos e tem por base a ampliação da oferta de água por meio de carro-pipa, de adutoras emergenciais e perfuração de poços profundos. Os críticos observam que a demora na conclusão e no início de obras é inimiga de um socorro emergencial às vítimas da estiagem.
Os reservatórios estão secando no Estado. O volume atual médio acumulado nos 149 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) é de 19%. São 127 barragens com volume abaixo de 30%. As situações mais críticas encontram-se nas bacias do Curu e dos Sertões de Crateús com açudes secos e outros secando rapidamente.
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