sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

INTERDIÇÕES

Preparativos para Premium II afetaram rotina no Pecém

30.01.2015

A queda nas vendas de estabelecimentos comerciais e mudanças no transporte público estão entre os impactos

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Os avisos sobre a área destinada à refinaria permanecem expostos na região
FOTOS: LUCAS DE MENEZES
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O empresário Graco Chaves lamenta a queda na movimentação do restaurante que inaugurou há um ano e quatro meses na comunidade de Bolso
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Há um mês dividindo uma casa com outros sete colegas de profissão, o soldador maranhense Edvaldo Ferreira procura uma oportunidade de emprego no Pecém
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Tasso criticou ainda o que chamou de "falta de indignação" da bancada federal cearense
FOTO: HELOSA ARAÚJO
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Foster afirmou que a produção de óleo da companhia 'certamente será atenuada nos próximos anos'
O aviso de "acesso restrito - Petrobras", à beira de uma estrada interditada para receber o empreendimento que, prometia-se, transformaria a economia cearense, chega a ser irônico. Mais do que gerar gastos milionários ao tesouro estadual, os preparativos para a implantação da refinaria Premium II, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), impactaram na rotina de centenas de pessoas que residem ou trabalham ao redor da área destinada à usina, que foi descartado nesta semana pela Petrobras.
A poucos quilômetros do local onde está sendo instalada a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), parte da estrada que dá acesso à comunidade de Bolso, no Pecém, foi interditada para preservar a área onde seria construída a refinaria. Como resultado, desde novembro último a retirada das paradas de ônibus e as restrições ao fluxo de veículos têm prejudicado o deslocamento dos moradores e as vendas de lojas e restaurantes.
"Já cheguei a vender aqui 600 almoços por dia. Mas hoje, por exemplo, só vendi 32", conta o empresário Graco Chaves, que há um ano e quatro meses abriu um restaurante em Bolso. Nos primeiros meses, afirma, a movimentação foi satisfatória. "Até o pessoal que participou do cercamento (da área reservada à refinaria) vinha almoçar aqui", recorda. Após a interdição da via onde o estabelecimento está localizado, contudo, o número de clientes caiu continuamente.
Natural do Maranhão, onde já possuía outro ponto comercial, o empresário apostou na ida ao Pecém devido às notícias de que a região era promissora para novos negócios. "Teve muita gente que também investiu aqui. Mas essa área tá muito complicada. Eu acabei tendo prejuízo", lamenta. Ao longo da via, na qual diversos comércios com portas fechadas podem ser notados, os moradores criticam a retirada das paradas de ônibus do local, o que os obriga a andar longas distâncias para poder usar o transporte público.
"E também tem a questão da poeira. Como interditaram a estrada, os carros vêm agora do carroçal, e a poeira entra nas casas. Você tem que limpar a casa toda hora", destaca a comerciante Sildacir Andrade. "Eu não sofro tanto com os ônibus porque tenho como me locomover, mas a gente sempre dá carona pra pessoas que a gente vê andando na estrada indo pegar um ônibus", acrescenta.
Frustração
Ainda que não tenham sido afetados diretamente pelos preparativos para a Premium II, os moradores do centro de Pecém também lamentam o anúncio de cancelamento do projeto. "Essa refinaria era uma esperança de melhoria pra gente", frisa a comerciante Maria Sampaio, proprietária de uma loja de material de construção. Ela afirma, porém, que a expectativa de vinda da usina não foi acompanhada pelas melhorias necessárias ao distrito de Pecém, em áreas como transporte e educação.
A exclusão da refinaria dos planos da Petrobras também frustrou pessoas de outros estados. Há um mês dividindo uma casa, na Praia do Icaraí, com outros sete colegas de profissão, o soldador Edvaldo Ferreira, natural do Maranhão, tem procurado uma vaga nas empresas que atuam no Pecém.
Dos sete companheiros, três conseguiram vagas no distrito, mas os quatro restantes permanecem visitando diariamente locais onde possam deixar currículo. A notícia de que as refinarias do Ceará e do Maranhão foram canceladas desanimou o soldador. "Vou ficar aqui até dia 5 (de fevereiro). Se não der certo nada, vou voltar para casa", conta Edvaldo, que deseja trazer a mulher e o filho de três anos para o Ceará caso consiga uma vaga.
Camilo quer ver Dilma  na próxima semana
Na tentativa de reverter a decisão que encerrou o projeto da refinaria Premium II no Ceará, o governador Camilo Santana está agendando, para a semana que vem, uma audiência com a presidente Dilma Roussef. A data do encontro ainda depende da agenda da presidente, segundo informou a assessoria de imprensa do Governo do Estado.
Ainda no dia 28, data em que a decisão foi anunciada, o governador entrou em contato com o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Aloizio Mercadante, solicitando a audiência. O encontro com a presidente é uma das estratégias do governador para viabilizar o projeto no Estado, intenção demonstrada em nota enviada pelo Governo, na noite da última quarta-feira: "Uma vez que o Ceará cumpriu todos requisitos para a implantação da refinaria, o Governo afirma que continuará lutando e empreendendo todos os esforços para viabilizar este importante projeto".

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