quarta-feira, 26 de novembro de 2014

REGIÕES METROPOLITANAS

IDHM de Fortaleza é o terceiro pior do Brasil

26.11.2014

Pesquisa avalia taxas de educação, longevidade e renda; apesar do número, houve melhora em dez anos

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Dos três indicadores, a educação foi o que apresentou maior crescimento entre 2000 e 2010 em Fortaleza e na Região Metropolitana. Entretanto, se comparar com longevidade e renda, é o que tem o índice mais baixo
FOTO: KID JÚNIOR
Em dez anos, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Fortaleza (IDHM) e Região Metropolitana passou de médio para alto. Era 0,622 em 2000, saltando para 0,732 em 2010. Apesar da melhora, o índice é o 3º pior entre as 16 regiões metropolitanas do País, atrás apenas de Belém (0,729) e Manaus (0,720). Considerando a renda per capta média mensal, os dados são ainda piores. Fortaleza possui o menor IDHM das regiões metropolitanas brasileiras (0,716), seguido de São Luís (0,721), Belém (0,722), Manaus (0,724) e Natal (0,736).
É o que aponta o Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras, lançado, ontem, em Brasília. A pesquisa é fruto de uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro, tendo como base os Censos Demográficos de 2000 e 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IDHM é composto por três das mais importantes áreas do desenvolvimento humano: vida longa e saudável (longevidade), acesso ao conhecimento (educação) e padrão de vida (renda).
O estudo indica que a esperança de vida ao nascer entre as regiões metropolitanas brasileiras varia em média 12 anos. Em Fortaleza, a diferença é 14 anos. O melhor índice corresponde a 81 anos, enquanto o mais baixo é de 67 anos. Já o percentual de pessoas com 18 anos ou mais de idade com ensino fundamental completo vai de 29% a 94%.
Apesar da melhora nos níveis de desenvolvimento humano em todo o País, é possível notar níveis significativos de desigualdade intrametropolitana. Em Fortaleza, por exemplo, o IDHM do bairro Aldeota, que lidera o ranking, é de 0,945 (muito alto), enquanto o do Conjunto Palmeiras, que apresentou pior índice, é de 0,567 (baixo). Essa disparidade fica evidente também quando avalia-se o quanto cada pessoa ganha. Há bairros com renda per capta média mensal de R$ 4.958,00, enquanto em outros, não chega a R$ 187,00.
José Borzacchiello da Silva, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirma que apesar do evidente avanço no conjunto das regiões metropolitanas brasileiras, o quadro geral é revelador das nossas contradições. "No caso da Região Metropolitana de Fortaleza, o fosso é profundo. A forte concentração dos melhores índices nos bairros da Aldeota e do Meireles indica a segregação e a desigualdade características de nossa estrutura social. A coroa metropolitana parece um mundo à parte com uma mancha mais ou menos homogênea marcada pelos menores índices", compara.
O especialista reforça que o crescimento é mais estatístico do que social. Borzacchiello defende que a sociedade tem e deve ser pensada sob a ótica do direito para que os avanços detectados possas ser distribuídos entre todos os que formam o estado, a pátria e a nação. Apesar de tudo, afirma que os resultados devem ser comemorados, mas sempre com cautela.
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