sexta-feira, 27 de junho de 2014

CRIANÇA E ADOLESCENTE

Registros de violações de direitos crescem 150% em menos de 10 dias

27.06.2014

Desde o início da Copa do Mundo, exploração do trabalho infantil e negligência ganham força na Capital

violacao dos direitos humanos
As violações incluem casos de negligência ou abandono pelos pais, trabalho infantil e abuso sexual. Os números são da Agenda de Convergência do Estado, rede formada por 41 instituições de defesa da infância e da juventude
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Encobertos pela euforia em torno dos jogos da Copa do Mundo, as situações de violação dos direitos da criança e do adolescente em Fortaleza, que tendem a crescer durante os grandes eventos, vêm se alastrando desde o início do campeonato. No último dia 18, a Agenda de Convergência do Estado, rede formada por 41 instituições de defesa da infância e da juventude no Ceará, revelou que, em dois dias de plantão ao longo do Mundial, foram registrados 79 atendimentos a meninos e meninas da Capital vítimas de exploração, descaso, abuso e outros crimes. Agora, menos de dez dias depois, o número de casos já chega a 199, um aumento drástico de mais de 150%.
Dos 79 relatos recebidos pelos órgãos e entidades de proteção nos dias 12 e 16 de junho, 42 estavam relacionados ao trabalho infantil, nove à negligência/abandono, cinco a crianças desacompanhadas, quatro a suspeitas de abuso sexual, e um ao consumo de álcool e droga. Até esta quarta-feira (25), no entanto, a quantidade de denúncias sobre exploração do trabalho haviam subido para 91. Os casos de negligência ou abandono pelos pais totalizaram 24. Já as ocorrências de crianças desacompanhadas e de suspeitas de violência sexual foram a oito e a sete, respectivamente. O uso de álcool e outras substâncias saltou para três.
Recorrente
Segundo Antônia Lima de Sousa, promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude do Ministério Público do Ceará (MP/CE), o trabalho da Agenda de Convergência durante o mundial apenas deu maior visibilidade a situações de violação de direitos já recorrentes entre crianças e adolescentes de Fortaleza, independentemente da Copa do Mundo.
"O uso de drogas e álcool e o trabalho infantil sempre foram de conhecimento geral nos momentos em que a cidade estava voltada para algum evento recreativo. Mas agora está havendo um registro e um esforço maior para resolver essa problemática", afirma.

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