sexta-feira, 30 de maio de 2014

PESQUISA NACIONAL

Mães são convencidas a fazer cesárea

30.05.2014

No Brasil, 72% das mulheres grávidas gostariam de ter parto normal, mas 52% acabam sendo operadas

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Nos hospitais particulares, 88% das mulheres passam por cirurgia para ter os filhos
FOTO: LIANA SAMPAIO
Rio de Janeiro. As grávidas brasileiras são convencidas ao longo da gestação a terem seus filhos por cesárea. É o que mostra o estudo Nascer no Brasil -Inquérito sobre Parto e Nascimento, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz, divulgado ontem, no Rio de Janeiro. A pesquisa apontou ainda que, em cada 100 partos nos hospitais privados no país, 88 são realizados por meio de cesarianas
No total, 23.894 mulheres foram entrevistadas, em 266 hospitais de médio e grande porte, localizados em 191 municípios brasileiros. O levantamento foi em 2011. Do total de mulheres ouvidas, 72% queriam parto normal logo que engravidaram. Os bebês nasceram por cesárea em 52% dos casos. A situação é mais grave na rede particular. Entre as mulheres que esperavam o primeiro filho e foram atendidas em hospitais pagos, o índice de mulheres que desejava cesárea era de 36% no início da gestação. Ao fim dos nove meses, essa proporção havia subido para 67%. Ainda que um terço das mulheres quisesse o parto normal, 88% tiveram filhos pelo método cirúrgico. Entre as mulheres atendidas na rede pública, 15% queriam a cesárea tanto no início quanto no fim da gestação, 44% tiveram seus bebês dessa forma. Das mulheres entrevistadas, apenas 45% disseram que desejavam a gravidez e 9% disseram que não estavam satisfeitas com o nascimento do filho.
"Tem uma cultura instituída de que a cesárea é o melhor método para se ter filho. Talvez elas não sejam informadas dos riscos. A cesariana aumenta o risco de morbidade respiratória nos bebês, também aumenta o risco de internação em UTI. Também faz aumentar os óbitos maternos", alertou a pesquisadora Maria do Carmo Leal, coordenadora da pesquisa.
Para Silvana Granato, subcoordenadora da pesquisa, há mais cesáreas "porque o nosso parto normal é muito ruim". Ela se refere ao número de intervenções desnecessárias.
 

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