ABUSO SEXUAL
Ceará recebe média de 113 denúncias por mês
22.05.2014
O Disque 100 registrou, só no ano passado, 1.363 denúncias de violência sexual referentes ao Estado
Abusar e explorar sexualmente crianças e adolescentes é crime. Ainda assim, o Disque 100 - um dos instrumentos de denúncia mais difundidos do País - recebeu, só no ano passado, 1.363 denúncias de violência sexual do Ceará, o que dá uma média mensal de 113 queixas. Em 2012, foram 1.968 registros e em 2011, elas somaram 1.273.
Existe, entretanto, um grande número de subnotificação, já que na maioria dos casos a vítima não verbaliza a violência e o agressor é uma pessoa da família ou alguém próximo. Apesar de ser uma realidade que já faz parte do cotidiano da cidade, com a proximidade da Copa do Mundo, a preocupação aumenta devido ao grande fluxo de turistas que deverá visitar Fortaleza, deixando em situação ainda mais vulnerável crianças e adolescentes alvo desse tipo de crime.
Mesmo com o índice alarmante de denúncias de exploração sexual, a Capital ainda não conta com uma rede consolidada de proteção à criança e ao adolescente. Durante a Copa das Confederações, por exemplo, quando Fortaleza sediou três jogos, o plantão da única Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa) encerrava às 22h, justamente quando a rede de exploração sexual se intensifica.
"A gente percebeu que a rede, que deveria estar vigilante com delegacias abertas 24 horas durante a Copa do Mundo, não funcionou", denuncia Talita Maciel, advogada do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca). Ela acrescenta que além desse sistema já ser fragilizado nos trabalhos cotidianos, durante o grande evento efetivamente não houve nenhum reforço. Apesar de ter 184 municípios, o Ceará só conta com uma Delegacia de Combate à Exploração de Crianças e Adolescentes.
Para agravar a situação, a unidade não funciona à noite e nem nos fins de semana, quando ocorrem maior parte dos crimes. Nesse período, as demandas são encaminhadas à Delegacia da Mulher. A defasagem faz com que muitos crimes não sejam apurados. Para dar conta da demanda, cada vez mais crescente, a advogada do Cedeca destaca que o Ceará precisaria de mais delegacias especializadas.
Após visitar todas as instituições que prestam atendimento a menores vítimas de violência sexual, o Cedeca pretende lançar, na primeira semana de junho, um documento com dados do sistema de atendimento às vítimas do Ceará. O material trará esclarecimentos sobre o que deve ser feito pela rede em defesa das vítimas de exploração sexual no Estado.
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