PARTOS
Reduzir número de cesarianas é desafio de gestores públicos
22.09.2013
Desinformação, medo e dificuldades colocadas pelos médicos impedem que as mulheres tenham parto normal na Capital
Após nove meses de gestação, a analista de sistemas Esmênia Coutinho, 27, conta que, neste ano, passou por uma das experiências mais intensas de sua vida: dar à luz seu primeiro filho. Diferentemente da maior parte das mulheres, o seu parto ocorreu da forma mais natural possível. Em casa, na companhia do marido, de uma enfermeira obstetra e uma doula. "Não sabia que podia ter parto normal em casa, imaginei que teria de ser no hospital. Procurando na internet informações sobre partos normais, encontrei referências de doulas e parto humanizado. Me apaixonei, vi que era exatamente aquilo que eu queria".
Mulher dá à luz seu quinto filho na Meac, todos de parto normal
Foto: Alex Costa
Entretanto, a grande maioria das mulheres - seja por opção, desinformação ou em decorrência das dificuldades colocadas pelos médicos - não têm oportunidade de passar pela experiência de Esmênia. "Os médicos tentam minar a coragem da gente. No início, ele disse que faria o meu parto normal, mas ao longo dos meses ficava me fazendo medo, dizendo que o bebê estava grande, que eu era corajosa, pois sentiria muita dor. Tudo na tentativa de me desencorajar".
Cesáreas
Em Fortaleza, as cesarianas - que apresentam riscos tanto para a mãe quanto para o bebê - vêm sendo realizadas de forma indiscriminada. De janeiro a julho deste ano, 6.628 partos foram registrados, sendo 3.535 normais (53,3%) e 2.999 cesáreos (45,2%), conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A média é superior à nacional, que teve 40% (756.403) dos partos cesáreos e 60% (1.130.440) normais, de acordo com o Ministério da Saúde.
Já os óbitos maternos da Capital somam 23, até julho deste ano, o que dá uma média de três mortes maternas por mês. Em todo o Ceará, foram confirmadas 56 mortes maternas de janeiro a agosto deste ano. Entretanto, Manoel Fonsêca, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) esclarece que esse número é maior, já que muitos óbitos ainda serão notificados.
Conforme o gestor, a morte materna está associada à eclâmpsia gestacional, cesarianas e ao uso indiscriminado de ocitocina. "O parto deixou de ser um momento da mulher para ser um procedimento cirúrgico. E isso tem várias implicações, tanto para a mãe quanto para o bebê". Entre os problemas que a cesárea feita em série traz, Fonsêca cita o risco de infecção pós-parto e embolia pulmonar, que geralmente levam à morte da mulher.
Após nove meses de gestação, a analista de sistemas Esmênia Coutinho, 27, conta que, neste ano, passou por uma das experiências mais intensas de sua vida: dar à luz seu primeiro filho. Diferentemente da maior parte das mulheres, o seu parto ocorreu da forma mais natural possível. Em casa, na companhia do marido, de uma enfermeira obstetra e uma doula. "Não sabia que podia ter parto normal em casa, imaginei que teria de ser no hospital. Procurando na internet informações sobre partos normais, encontrei referências de doulas e parto humanizado. Me apaixonei, vi que era exatamente aquilo que eu queria".
Mulher dá à luz seu quinto filho na Meac, todos de parto normal
Foto: Alex Costa
Entretanto, a grande maioria das mulheres - seja por opção, desinformação ou em decorrência das dificuldades colocadas pelos médicos - não têm oportunidade de passar pela experiência de Esmênia. "Os médicos tentam minar a coragem da gente. No início, ele disse que faria o meu parto normal, mas ao longo dos meses ficava me fazendo medo, dizendo que o bebê estava grande, que eu era corajosa, pois sentiria muita dor. Tudo na tentativa de me desencorajar".
Cesáreas
Em Fortaleza, as cesarianas - que apresentam riscos tanto para a mãe quanto para o bebê - vêm sendo realizadas de forma indiscriminada. De janeiro a julho deste ano, 6.628 partos foram registrados, sendo 3.535 normais (53,3%) e 2.999 cesáreos (45,2%), conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A média é superior à nacional, que teve 40% (756.403) dos partos cesáreos e 60% (1.130.440) normais, de acordo com o Ministério da Saúde.
Já os óbitos maternos da Capital somam 23, até julho deste ano, o que dá uma média de três mortes maternas por mês. Em todo o Ceará, foram confirmadas 56 mortes maternas de janeiro a agosto deste ano. Entretanto, Manoel Fonsêca, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) esclarece que esse número é maior, já que muitos óbitos ainda serão notificados.
Conforme o gestor, a morte materna está associada à eclâmpsia gestacional, cesarianas e ao uso indiscriminado de ocitocina. "O parto deixou de ser um momento da mulher para ser um procedimento cirúrgico. E isso tem várias implicações, tanto para a mãe quanto para o bebê". Entre os problemas que a cesárea feita em série traz, Fonsêca cita o risco de infecção pós-parto e embolia pulmonar, que geralmente levam à morte da mulher.
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