IMIGRANTES
Estrangeiros buscam no Ceará oportunidades e qualidade de vida
22.07.2013
Italianos, portugueses e cabo-verdianos estão entre as principais nacionalidades mais encontradas no Estado
Há quase quatro anos, Maruilson Fortes, 22, deu um passo corajoso: resolveu mudar de vida. Sem expectativa de crescimento e com um forte desejo de ver seu futuro diferente dos de tantos jovens de Cabo Verde, ele decidiu, com o apoio da família, vir morar na cidade de Fortaleza. O objetivo da mudança, até hoje, é o seu maior orgulho: "Vim para estudar. Sempre me destaquei como aluno, mas não tinha perspectiva alguma de emprego e sucesso onde morava", compartilha.
Maruilson Fortes é um dos mais de 500 imigrantes de Cabo Verde que vivem na Capital FOTO: ALEX COSTA
Depois de meses de preparo e após enfrentar diversos problemas por conta da burocracia, finalmente chegou o dia de partir. Em Fortaleza, logo que se estabeleceu, Fortes se matriculou no curso de Administração da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde, hoje, se considera adaptado culturalmente e com muitos amigos.
Durante esse tempo no Estado do Ceará e para chegar onde está, porém, nem tudo foi simples. Sair da casa dos pais e enfrentar um novo lugar, por mais comum que pareça para alguns, não é assim tão fácil.
Além dos fatores financeiros, há a questão da cultura, do idioma e de todo um processo de adaptação que requer maturidade e foco. Nesses quase quatro anos na capital cearense, o estudante já foi assaltado, sofreu preconceito e precisou enfrentar todas as dificuldades que vêm junto com a oportunidade de estudar fora do país de origem. Entretanto, apesar de tudo, ele garante: vale muito a pena.
"Todo mundo que mora em Fortaleza percebe que existem muitas pessoas de Cabo Verde e o motivo disso é muito simples. Aqui existe facilidade para você estudar, se ocupar, trabalhar. No país de onde vim, isso é raro. Por isso, quando a gente chega aqui, nada é maior que a alegria de poder estudar, trabalhar e ter a esperança de um bom futuro para você", explica Fortes.
Censo
Assim como o jovem, no Ceará, atualmente, vivem 5.916 imigrantes de diversos países, segundo dados do último Censo, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destes, 4.141 são homens e 1.775 são mulheres. Também conforme o IBGE, nos últimos 20 anos, a quantidade de estrangeiros no Estado cresceu 70%.
Enquanto uns vêm para estudar, outros deixam o país de origem para trabalhar e abrir novos negócios. É o caso de Cecile Vanger, uma francesa que saiu da terra onde nasceu, junto com a família, para abrir uma pousada na praia da Taíba, litoral do Ceará, e ter a chance de estar mais perto da natureza. Com tantas pessoas sonhando com uma vida na Europa, a chef de cozinha fez o caminho contrário. Dona de um restaurante, ela se viu sem expectativas e diante de um dia a dia monótono.
"Não tinha alegria, calor humano e não via motivos para permanecer ali. Por mais incrível que pareça para muitos, algumas coisas na Europa são bem difíceis. A chegada da crise foi a gota d´água para decidir sair da França de vez", conta.
Sabores
Foi aí que a chef de cozinha resolveu vender tudo e se mudar para o Brasil. No Ceará há três anos, ela não tem dificuldade em apontar o que mais gosta no Estado. "A diversidade de pessoas, cores, lugares e sabores". Aqui, na opinião de Cecile Vanger, se tem muito mais liberdade e leveza. "As pessoas conversam, olham nos olhos, é diferente", acredita.
De acordo com a chefe da Delegacia de Imigração da Polícia Federal (PF), Rejane Maria Maciel, entre os objetivos dos que chegam ao Brasil e ao Ceará destacam-se três: trabalho, investimento e estudo. Ainda segundo a delegada, a crise europeia dos últimos anos foi um fator importante para o número de imigrantes no Ceará ter aumentado.
No Estado, segundo a Delegacia de Imigração, chegam, principalmente, latinos-americanos, europeus e africanos de baixa formação. Entretanto, o órgão tem registrado grande número de mão de obra especializada com formação em engenharia, arquitetura, informática e medicina. Profissionais cujo destino são as multinacionais, universidades e instituições de pesquisa. A idade de quem vem fazem morada no Estado varia entre 25 a 40 anos.
Atualmente, os estrangeiros que vivem aqui são, principalmente, da Itália (2.074), Portugual (2.457), Estados Unidos (2.907), Espanha (784), Holanda (477), Suiça (387), Bélgica (146), França (1033), Alemanha (1236), China (288), Coreia do Sul (357), Cuba (117), Canadá (213), Áustria (106), Japão (187), Guine-Bissau (754), Cabo Verde (557), Argentina (667) e Chile (267). Conforme aponta a delegada Rejane Maria, a vinda de pessoas de outros países tem pontos positivos, mas também negativos. "Como aspecto positivo, podemos citar a diversidade cultural que engloba as diferenças culturais existentes entre as pessoas, sendo importante para a formação da cultura brasileira", afirma.
Há, também, os pontos negativos dessa mistura. Segundo a delegada, pelo fato de o Brasil ser um país de consideráveis proporções continentais, há muita facilidade para estrangeiros permanecerem na irregularidade e clandestinidade por vários anos, alguns, inclusive, até procurados pelos problemas judiciais que outrora deixaram em seus países de origem.
Segundo dados do Ministério da Justiça, em 2012, a imigração no Brasil cresceu 50%, em comparação com o total de entradas verificado no fim do ano de 2010. Hoje, o País conta com 1,5 milhão de imigrantes legalizados.
Ainda de acordo com informações Ministério da Justiça, em 2000, os estrangeiros eram 143,6 mil, enquanto em 2010, já somavam mais de 268 mil. Os números, entretanto, não revelam a quantidade exata de novas chegadas de estrangeiros ao Brasil, já que nem todos se regularizam.
LÍVIA LOPESREPÓRTE
R
Há quase quatro anos, Maruilson Fortes, 22, deu um passo corajoso: resolveu mudar de vida. Sem expectativa de crescimento e com um forte desejo de ver seu futuro diferente dos de tantos jovens de Cabo Verde, ele decidiu, com o apoio da família, vir morar na cidade de Fortaleza. O objetivo da mudança, até hoje, é o seu maior orgulho: "Vim para estudar. Sempre me destaquei como aluno, mas não tinha perspectiva alguma de emprego e sucesso onde morava", compartilha.

Depois de meses de preparo e após enfrentar diversos problemas por conta da burocracia, finalmente chegou o dia de partir. Em Fortaleza, logo que se estabeleceu, Fortes se matriculou no curso de Administração da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde, hoje, se considera adaptado culturalmente e com muitos amigos.
Durante esse tempo no Estado do Ceará e para chegar onde está, porém, nem tudo foi simples. Sair da casa dos pais e enfrentar um novo lugar, por mais comum que pareça para alguns, não é assim tão fácil.
Além dos fatores financeiros, há a questão da cultura, do idioma e de todo um processo de adaptação que requer maturidade e foco. Nesses quase quatro anos na capital cearense, o estudante já foi assaltado, sofreu preconceito e precisou enfrentar todas as dificuldades que vêm junto com a oportunidade de estudar fora do país de origem. Entretanto, apesar de tudo, ele garante: vale muito a pena.
"Todo mundo que mora em Fortaleza percebe que existem muitas pessoas de Cabo Verde e o motivo disso é muito simples. Aqui existe facilidade para você estudar, se ocupar, trabalhar. No país de onde vim, isso é raro. Por isso, quando a gente chega aqui, nada é maior que a alegria de poder estudar, trabalhar e ter a esperança de um bom futuro para você", explica Fortes.
Censo
Assim como o jovem, no Ceará, atualmente, vivem 5.916 imigrantes de diversos países, segundo dados do último Censo, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destes, 4.141 são homens e 1.775 são mulheres. Também conforme o IBGE, nos últimos 20 anos, a quantidade de estrangeiros no Estado cresceu 70%.
Enquanto uns vêm para estudar, outros deixam o país de origem para trabalhar e abrir novos negócios. É o caso de Cecile Vanger, uma francesa que saiu da terra onde nasceu, junto com a família, para abrir uma pousada na praia da Taíba, litoral do Ceará, e ter a chance de estar mais perto da natureza. Com tantas pessoas sonhando com uma vida na Europa, a chef de cozinha fez o caminho contrário. Dona de um restaurante, ela se viu sem expectativas e diante de um dia a dia monótono.
"Não tinha alegria, calor humano e não via motivos para permanecer ali. Por mais incrível que pareça para muitos, algumas coisas na Europa são bem difíceis. A chegada da crise foi a gota d´água para decidir sair da França de vez", conta.
Sabores
Foi aí que a chef de cozinha resolveu vender tudo e se mudar para o Brasil. No Ceará há três anos, ela não tem dificuldade em apontar o que mais gosta no Estado. "A diversidade de pessoas, cores, lugares e sabores". Aqui, na opinião de Cecile Vanger, se tem muito mais liberdade e leveza. "As pessoas conversam, olham nos olhos, é diferente", acredita.
De acordo com a chefe da Delegacia de Imigração da Polícia Federal (PF), Rejane Maria Maciel, entre os objetivos dos que chegam ao Brasil e ao Ceará destacam-se três: trabalho, investimento e estudo. Ainda segundo a delegada, a crise europeia dos últimos anos foi um fator importante para o número de imigrantes no Ceará ter aumentado.
No Estado, segundo a Delegacia de Imigração, chegam, principalmente, latinos-americanos, europeus e africanos de baixa formação. Entretanto, o órgão tem registrado grande número de mão de obra especializada com formação em engenharia, arquitetura, informática e medicina. Profissionais cujo destino são as multinacionais, universidades e instituições de pesquisa. A idade de quem vem fazem morada no Estado varia entre 25 a 40 anos.
Atualmente, os estrangeiros que vivem aqui são, principalmente, da Itália (2.074), Portugual (2.457), Estados Unidos (2.907), Espanha (784), Holanda (477), Suiça (387), Bélgica (146), França (1033), Alemanha (1236), China (288), Coreia do Sul (357), Cuba (117), Canadá (213), Áustria (106), Japão (187), Guine-Bissau (754), Cabo Verde (557), Argentina (667) e Chile (267). Conforme aponta a delegada Rejane Maria, a vinda de pessoas de outros países tem pontos positivos, mas também negativos. "Como aspecto positivo, podemos citar a diversidade cultural que engloba as diferenças culturais existentes entre as pessoas, sendo importante para a formação da cultura brasileira", afirma.
Há, também, os pontos negativos dessa mistura. Segundo a delegada, pelo fato de o Brasil ser um país de consideráveis proporções continentais, há muita facilidade para estrangeiros permanecerem na irregularidade e clandestinidade por vários anos, alguns, inclusive, até procurados pelos problemas judiciais que outrora deixaram em seus países de origem.
Segundo dados do Ministério da Justiça, em 2012, a imigração no Brasil cresceu 50%, em comparação com o total de entradas verificado no fim do ano de 2010. Hoje, o País conta com 1,5 milhão de imigrantes legalizados.
Ainda de acordo com informações Ministério da Justiça, em 2000, os estrangeiros eram 143,6 mil, enquanto em 2010, já somavam mais de 268 mil. Os números, entretanto, não revelam a quantidade exata de novas chegadas de estrangeiros ao Brasil, já que nem todos se regularizam.
LÍVIA LOPESREPÓRTE
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