ESPIONAGEM
Eudes Xavier cita a CF para não esclarecer
11.05.2013
Falando mais de sua vida humilde, o petista não disse como recebeu as denúncias e se elas eram realmente oficiais
O deputado federal, Eudes Xavier (PT), esteve na Assembleia Legislativa, na manhã de ontem, para prestar esclarecimentos quanto às denúncias que fez no plenário da Câmara Federal sobre um possível esquema de espionagem envolvendo o governador Cid Gomes e secretários de sua gestão.
Deputado federal Eudes Xavier ler trecho da Constituição Federal para ter o direito garantido de não dizer quem lhe entregou os papéis fotos: josé leomar
O petista não apresentou nenhum dado novo e deixou constrangido alguns parlamentares que esperavam que ele mostrasse prova de que suas acusações fossem verdadeiras. Os deputados Fernando Hugo (PSDB) e Ely Aguiar (PSDC), autores dos requerimentos que possibilitaram a ida de Eudes à Assembleia foram os primeiros a reclamar essas informações do deputado petista.
Logo que subiu à tribuna, ele pediu que outras pessoas pudessem adentrar as galerias e quanto a isso, José Albuquerque (PSB), presidente da sessão ordinária, lembrou que o local já estava lotado e que por medida de segurança isso não poderia ser feito. Algumas militantes do PT chegaram a criticar a presidência da Casa que pediu respeito.
O deputado começou falando de sua vida humilde e da família. "Eu sou funcionário do comércio. Este ano eu faço 24 anos na mesma empresa de carteira assinada", disse o petista. O parlamentar leu um trecho da Constituição Federal para justificar não ter que dizer quem lhe deu os elementos da denúncia que fez, e disse que perdoava todos os adjetivos que alguns deputados estaduais lhes deram, ressaltando que se eles o tivessem conhecido antes teriam feito de forma diferente.
Moleque
"Quero perdoar a forma como o deputado Sarto falou de mim me chamando de moleque. Minha filha chorou deputado, lá em casa. Olhe Sarto, isso dói", disse ele. Sarto, na sua participação, repetiu a expressão na presença de Eudes.
Eudes Xavier disse saber das questões envolvendo a deputada Rachel Marques (PT) e seu esposo, o deputado federal Ilário Marques (PT), por isso iria perdoar a parlamentar por ter ficado contra ele na Casa Legislativa. "Eu li todos os e-mails e fiquei com medo. Eu me achei no dever de denunciar para investigar", afirmou ele, lembrando o pronunciamento na Câmara Federal no início de abril.
"Além de não macular a imagem de ninguém eu solicitei a investigação e não abro uma vírgula do que disse", afirmou o petista ressaltando que encaminhou o documento para os órgãos de fiscalização da Câmara Federal. Ele disse também ser solidário com o ex-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PR), além de salientar que nunca recebeu um "bombom" sequer do republicano. "Tudo o que esta Casa quiser investigar de minha vida eu estou autorizando. Não tenho nada a esconder", apontou.
O deputado disse também que errou duas vezes ao ter votado no governador Cid Gomes e que por isso teria sido chamado de "burro" pelo chefe do Poder Executivo. Eudes Xavier ainda apresentou seu endereço e salientou que se qualquer coisa acontecesse aos seus familiares, todos saberiam.
Mortes
O tucano Fernando Hugo questionou a forma como as cópias dos documentos chegaram até o petista e também disse que o PSDB e PSB "não têm mania de matar as pessoas", lembrando crime ocorrido contra o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, sempre envolto em mistérios com petistas.
A participação de Eudes Xavier na Assembleia começou às 11h27 e terminou às 14h30, depois de o presidente José Albuquerque adiar o encerramento da sessão por duas vezes, visto que o horário regimental é de cinco horas para as plenárias, a serem iniciadas às 9 horas. Pelo menos 15 deputados se inscreveram para se pronunciarem e questionarem o petista, mas Sergio Aguiar, Heitor Férrer e Sinaval Roque cancelaram suas inscrições.
Uma tropa de aliados do petista, oriundos da Câmara Municipal, do PT de Fortaleza e até da Câmara Federal esteve presente na Assembleia, ontem. Dentre eles, os vereadores Deodato Ramalho, Guilherme Sampaio, Wagner Sousa e Ronivaldo Maia. A deputada federal Gorete Pereira também esteve presente ao debate juntamente com o ex-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, assim como o candidato derrotado nas eleições municipais passadas, Elmano de Freitas, e o presidente da legenda na Capital, Raimundo Ângelo.
No início do pronunciamento do petista, somente 22 parlamentares da Assembleia estavam presentes e nos corredores da Casa alguns boatos davam conta de que a sessão seria esvaziada, o que acabou não se concretizando. Nas galerias, muitos correligionários de Eudes Xavier criticavam as falas dos deputados que questionavam o petista quanto as denúncias feitas. Nas faixas que levaram para o plenário algumas frases fazendo cobranças ao Governo, como "Governador pare de espionar e cuide da violência" e "Polícia Federal investigue o caso Kroll", Fetrace. Os deputados Rachel Marques (PT) e Dedé Teixeira (PT), preferiram ficar calados. Os dois permaneceram até o fim da sessão. O vereador Deodato Ramalho, junto com o presidente municipal do PT em Fortaleza, Raimundo Ângelo, escreviam respostas que Eudes deveria dar aos questionamentos feitos.
Deputados demonstraram insatisfação com o encontro
Os deputados se mostraram insatisfeitos com as declarações de Eudes Xavier durante a sessão ordinária de ontem. Muitos reiteraram que o parlamentar estaria sendo usado e que o documento apresentado por ele com possíveis e-mails trocados entre Cid Gomes, seu irmão, Ciro Gomes, e alguns secretários era "fajuto".
Deputado Osmar Baquit afirmou que Eudes Xavier deveria ter respeitado a própria história e ter um zelo maior na divulgação das denúncias FOTO: JOSÉ LEOMAR
"Eu nunca vi um espaço tão mal usado. Ele não disse absolutamente nada do que o meu requerimento e do Ely Aguiar pediam. Ele, inclusive, se mostra irresponsável ao dizer que tem documento e não mostra", atacou Fernando Hugo. Ely Aguiar, no entanto, disse que defende a postura de Eudes Xavier e Antônio Carlos, que são da corrente ligada à ex-prefeita Luizianne Lins e que não apoiam o governador Cid Gomes. Ele também fez críticas a Rachel Marques e Dedé Teixeira, que são da base do Governo, que de acordo com o deputado, não ficaram do lado do deputado federal.
"Se é verdade ou não, cabe a Polícia Federal fazer isso", disse Eudes em resposta a Fernando Hugo. Ele ainda chegou a ironizar a aprovação de policiais militares para fazer a segurança do prefeito Roberto Cláudio, pois segundo ele, a ex-prefeita Luizianne Lins, que é mulher, nunca teve o acompanhamento de militares para sua segurança. Sarto contestou a afirmação do deputado petista.
"A sua história não deixa de ser bonita. Mas é exatamente por conta dessa história que deveria ter dado um zelo maior na divulgação dessa história", disparou Osmar Baquit, um dos primeiros a se pronunciar.
O deputado José Sarto chamou as colocações de Eudes de "teatro" e afirmou que ele faz um desserviço ao não ajudar a Polícia Federal e nem dizer quem foi que entregou os e-mails, chamando o documento de "fajuto". Eudes Xavier pediu para que José Sarto assinasse o pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) proposta pela deputada Fernanda Pessoa para investigar o caso. Antônio Carlos (PT) foi o único que defendeu o colega correligionário e afirmou que a pergunta que deveria ter sido feita era se os e-mails eram, de fato, verdadeiros ou não.
Alguns momentos ficaram tensos entre correligionários de Eudes Xavier e deputados que estavam insatisfeitos com sua presença no plenário. O presidente José Albuquerque chegou a pedir respeito com a Casa quando Eudes Xavier tentou desviar o foco de seu discurso defendendo que o governador Cid Gomes havia feito o mesmo no mês passado. "Se você veio desmoralizar essa casa, você não vai conseguir", disse Albuquerque.
O deputado Roberto Mesquita (PV) afirmou estar desconfortado quando Eudes Xavier disse que não tira uma vírgula do que informou na tribuna da Câmara Federal.
O deputado federal, Eudes Xavier (PT), esteve na Assembleia Legislativa, na manhã de ontem, para prestar esclarecimentos quanto às denúncias que fez no plenário da Câmara Federal sobre um possível esquema de espionagem envolvendo o governador Cid Gomes e secretários de sua gestão.
Deputado federal Eudes Xavier ler trecho da Constituição Federal para ter o direito garantido de não dizer quem lhe entregou os papéis fotos: josé leomar
O petista não apresentou nenhum dado novo e deixou constrangido alguns parlamentares que esperavam que ele mostrasse prova de que suas acusações fossem verdadeiras. Os deputados Fernando Hugo (PSDB) e Ely Aguiar (PSDC), autores dos requerimentos que possibilitaram a ida de Eudes à Assembleia foram os primeiros a reclamar essas informações do deputado petista.
Logo que subiu à tribuna, ele pediu que outras pessoas pudessem adentrar as galerias e quanto a isso, José Albuquerque (PSB), presidente da sessão ordinária, lembrou que o local já estava lotado e que por medida de segurança isso não poderia ser feito. Algumas militantes do PT chegaram a criticar a presidência da Casa que pediu respeito.
O deputado começou falando de sua vida humilde e da família. "Eu sou funcionário do comércio. Este ano eu faço 24 anos na mesma empresa de carteira assinada", disse o petista. O parlamentar leu um trecho da Constituição Federal para justificar não ter que dizer quem lhe deu os elementos da denúncia que fez, e disse que perdoava todos os adjetivos que alguns deputados estaduais lhes deram, ressaltando que se eles o tivessem conhecido antes teriam feito de forma diferente.
Moleque
"Quero perdoar a forma como o deputado Sarto falou de mim me chamando de moleque. Minha filha chorou deputado, lá em casa. Olhe Sarto, isso dói", disse ele. Sarto, na sua participação, repetiu a expressão na presença de Eudes.
Eudes Xavier disse saber das questões envolvendo a deputada Rachel Marques (PT) e seu esposo, o deputado federal Ilário Marques (PT), por isso iria perdoar a parlamentar por ter ficado contra ele na Casa Legislativa. "Eu li todos os e-mails e fiquei com medo. Eu me achei no dever de denunciar para investigar", afirmou ele, lembrando o pronunciamento na Câmara Federal no início de abril.
"Além de não macular a imagem de ninguém eu solicitei a investigação e não abro uma vírgula do que disse", afirmou o petista ressaltando que encaminhou o documento para os órgãos de fiscalização da Câmara Federal. Ele disse também ser solidário com o ex-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PR), além de salientar que nunca recebeu um "bombom" sequer do republicano. "Tudo o que esta Casa quiser investigar de minha vida eu estou autorizando. Não tenho nada a esconder", apontou.
O deputado disse também que errou duas vezes ao ter votado no governador Cid Gomes e que por isso teria sido chamado de "burro" pelo chefe do Poder Executivo. Eudes Xavier ainda apresentou seu endereço e salientou que se qualquer coisa acontecesse aos seus familiares, todos saberiam.
Mortes
O tucano Fernando Hugo questionou a forma como as cópias dos documentos chegaram até o petista e também disse que o PSDB e PSB "não têm mania de matar as pessoas", lembrando crime ocorrido contra o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, sempre envolto em mistérios com petistas.
A participação de Eudes Xavier na Assembleia começou às 11h27 e terminou às 14h30, depois de o presidente José Albuquerque adiar o encerramento da sessão por duas vezes, visto que o horário regimental é de cinco horas para as plenárias, a serem iniciadas às 9 horas. Pelo menos 15 deputados se inscreveram para se pronunciarem e questionarem o petista, mas Sergio Aguiar, Heitor Férrer e Sinaval Roque cancelaram suas inscrições.
Uma tropa de aliados do petista, oriundos da Câmara Municipal, do PT de Fortaleza e até da Câmara Federal esteve presente na Assembleia, ontem. Dentre eles, os vereadores Deodato Ramalho, Guilherme Sampaio, Wagner Sousa e Ronivaldo Maia. A deputada federal Gorete Pereira também esteve presente ao debate juntamente com o ex-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, assim como o candidato derrotado nas eleições municipais passadas, Elmano de Freitas, e o presidente da legenda na Capital, Raimundo Ângelo.
No início do pronunciamento do petista, somente 22 parlamentares da Assembleia estavam presentes e nos corredores da Casa alguns boatos davam conta de que a sessão seria esvaziada, o que acabou não se concretizando. Nas galerias, muitos correligionários de Eudes Xavier criticavam as falas dos deputados que questionavam o petista quanto as denúncias feitas. Nas faixas que levaram para o plenário algumas frases fazendo cobranças ao Governo, como "Governador pare de espionar e cuide da violência" e "Polícia Federal investigue o caso Kroll", Fetrace. Os deputados Rachel Marques (PT) e Dedé Teixeira (PT), preferiram ficar calados. Os dois permaneceram até o fim da sessão. O vereador Deodato Ramalho, junto com o presidente municipal do PT em Fortaleza, Raimundo Ângelo, escreviam respostas que Eudes deveria dar aos questionamentos feitos.
Deputados demonstraram insatisfação com o encontro
Os deputados se mostraram insatisfeitos com as declarações de Eudes Xavier durante a sessão ordinária de ontem. Muitos reiteraram que o parlamentar estaria sendo usado e que o documento apresentado por ele com possíveis e-mails trocados entre Cid Gomes, seu irmão, Ciro Gomes, e alguns secretários era "fajuto".
Deputado Osmar Baquit afirmou que Eudes Xavier deveria ter respeitado a própria história e ter um zelo maior na divulgação das denúncias FOTO: JOSÉ LEOMAR
"Eu nunca vi um espaço tão mal usado. Ele não disse absolutamente nada do que o meu requerimento e do Ely Aguiar pediam. Ele, inclusive, se mostra irresponsável ao dizer que tem documento e não mostra", atacou Fernando Hugo. Ely Aguiar, no entanto, disse que defende a postura de Eudes Xavier e Antônio Carlos, que são da corrente ligada à ex-prefeita Luizianne Lins e que não apoiam o governador Cid Gomes. Ele também fez críticas a Rachel Marques e Dedé Teixeira, que são da base do Governo, que de acordo com o deputado, não ficaram do lado do deputado federal.
"Se é verdade ou não, cabe a Polícia Federal fazer isso", disse Eudes em resposta a Fernando Hugo. Ele ainda chegou a ironizar a aprovação de policiais militares para fazer a segurança do prefeito Roberto Cláudio, pois segundo ele, a ex-prefeita Luizianne Lins, que é mulher, nunca teve o acompanhamento de militares para sua segurança. Sarto contestou a afirmação do deputado petista.
"A sua história não deixa de ser bonita. Mas é exatamente por conta dessa história que deveria ter dado um zelo maior na divulgação dessa história", disparou Osmar Baquit, um dos primeiros a se pronunciar.
O deputado José Sarto chamou as colocações de Eudes de "teatro" e afirmou que ele faz um desserviço ao não ajudar a Polícia Federal e nem dizer quem foi que entregou os e-mails, chamando o documento de "fajuto". Eudes Xavier pediu para que José Sarto assinasse o pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) proposta pela deputada Fernanda Pessoa para investigar o caso. Antônio Carlos (PT) foi o único que defendeu o colega correligionário e afirmou que a pergunta que deveria ter sido feita era se os e-mails eram, de fato, verdadeiros ou não.
Alguns momentos ficaram tensos entre correligionários de Eudes Xavier e deputados que estavam insatisfeitos com sua presença no plenário. O presidente José Albuquerque chegou a pedir respeito com a Casa quando Eudes Xavier tentou desviar o foco de seu discurso defendendo que o governador Cid Gomes havia feito o mesmo no mês passado. "Se você veio desmoralizar essa casa, você não vai conseguir", disse Albuquerque.
O deputado Roberto Mesquita (PV) afirmou estar desconfortado quando Eudes Xavier disse que não tira uma vírgula do que informou na tribuna da Câmara Federal.
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