domingo, 5 de maio de 2013

CONQUISTA FEMININA

Mulheres não veem limites na idade e investem mais em si

05.05.2013
Com mais acesso à tecnologia, educação e ao estudo, o universo feminino redefine as antigas faixas etárias
A imagem de que a máquina de costura é atividade para avós e bisavós é desmitificada quando a dentista Cláudia Bezerra, 33, conta o seu mais novo hobby: costurar. Sentada numa cadeirinha de madeira, ela traça com cuidado o contorno de cada linha e vibra com as peças de roupas que faz e conserta.

A dentista Cláudia Bezerra, 33, além da paixão pelo balé, tem a costura como um hobby FOTO: KID JÚNIOR
Solteira e com muitos planos para si, Cláudia Bezerra também divide seu tempo entre a vida de dentista, o balé, a dança de salão e a confecção de bijuterias. "Dá tempo fazer tudo. Para mim, não existem limitações impostas pela idade, as mulheres estão cada vez mais livres disso. Hoje, não há idade fixa para fazer o que se gosta, viajar e traçar novos objetivos", opina.

A dentista também não se deixa influenciar pela ideia de que, até os 30 anos, a mulher deve estar casada e com filhos, pois os tempos são outros e as prioridades atuais giram em torno do trabalho, da profissão e do tempo dedicado a si mesma.

O perfil de Cláudia Bezerra é um exemplo de que as características de faixa etária da mulher sofreram alterações ao longo dos anos. Os 30 se assemelham aos novos 20, os 40 aos novos 30, e assim por diante.

Essas mudanças são confirmadas pela socióloga e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Gênero, Idade e Família da Universidade Federal do Ceará (Negif-UFC), Maria Dolores Mota. Ela lembra que, anos atrás, a mulher na faixa etária entre 30 e 35 anos já estava condenada à velhice e pouco podia ousar na sua maneira de ser.

Nova idade
"Atualmente, os 30 anos são os novos 20, uma época destinada ao crescimento da carreira e aos estudos, em que a mulher tem plena consciência do mundo e seu maior desejo é experimentar a vida", explica Maria Dolores. Um dos fatores que contribuiu de maneira intensa para essa modificação no comportamento feminino, segundo a socióloga, foi o acesso mais fácil à educação.

Ela destaca que, mesmo aquelas já têm filhos, hoje, fazem algo que não era comum no passado: deixam as crianças em casa e saem para estudar. "Sem dúvida, a educação possibilita que a mulher, seja solteira ou casada, mude e transforme sua maneira de viver, seus interesses e seu posicionamento no mercado de trabalho", avalia.

Em Fortaleza, o número de mulheres alfabetizadas comprovam a inserção delas na educação. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em dez anos, mais de 22 mil mulheres passaram a ter acesso aos estudos. Em 2000 eram 1.038.661 alfabetizadas, já em 2010, no último senso realizado, o número subiu para 1.061.369.

"As mulheres, inclusive as com mais de 40 anos, não veem no avanço da idade uma barreira, elas estudam, fazem cursos e aprendem. Isso faz com que ela se veja e se reconheça como uma pessoa jovem. E o mais importante: entendem que a velhice não é impedimento para avançar na vida", pontua a socióloga. Quem nunca deixou de progredir, rejuvenescer e dar novo significado à maturidade foi a artesã Ione Pioner. Para se divertir, ela sai para dançar, pratica exercícios e vai à praia e ao cinema. Mãe de três filhos já adultos, a artesã, que já foi bancária, abandonou o trabalho para cuidar das crianças e, inquieta, começou a fazer cursos de corte e costura para ocupar o tempo. Aos 36 anos, ingressou na faculdade e, aos 40, se formou em pedagogia
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