quinta-feira, 4 de abril de 2013


CÂNCER DE MAMA

2,7 mil pessoas esperam por biópsia na Capital

04.04.2013
A procura por diagnóstico e tratamento é crescente. O Instituto do Câncer do Ceará (ICC) faz 18 mil aplicações de radioterapia por mês. Foto: Kelly Freitas

Fila para exame é um dos mais graves problemas enfrentados por mulheres que dependem do SUS.
No próximo dia 8 de abril, é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Câncer. Entretanto, apesar dos avanços na tecnologia, o número de casos só aumenta e as dificuldades de diagnóstico também. O principal vilão ainda é o câncer de mama. Na Capital, segundo dados do Comitê Estadual de Controle do Câncer, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), cerca de 2.700 mulheres necessitam de exploração complementar nas mamografia, ou seja, biópsia por imagem.

No Ceará, a estimativa, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é que mais de 17 mil novos casos surjam em 2013. Somente de mama devem ser mais 1.770. Este tipo de câncer só cresceu nos últimos anos. Conforme o órgão, em 2010, foram 1.660 casos. Em 2008, o Estado apresentou 1.540 ocorrências. Um aumento de 14% em cinco anos.

Segundo o médico Antonio de Pádua, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (Ceará), a fila de espera por biópsia de tumores não palpáveis de mama é um dos problemas mais graves enfrentados pelas pacientes que necessitam do serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. De acordo com ele, apenas os grandes hospitais públicos e clínicas particulares realizam o procedimento.

Ele explica que os tumores não palpáveis são os mais complicados de identificar, já que a maioria possui menos de um centímetro. Conforme Pádua, as mulheres cujos nódulos não são percebidos manualmente precisam de uma biópsia guiada por método de imagem e acompanhada de um radiologista. Contudo, os municípios do Interior não oferecem o serviço. "Se essas lesões não palpáveis são identificadas logo no início, a paciente tem chance de cura de mais de 90%. Além disso, evita a retirada total da mama", destaca o médico.

Dificuldades
O diagnóstico precoce não aconteceu no caso da dona de casa Francisca das Chagas Lima, 55 anos. Aos 38, ela percebeu um nódulo bastante volumoso na sua mama esquerda. Procurou atendimento no Hospital do Câncer e não conseguiu. Depois de muito pedir, um amigo de seu marido conseguiu atendimento para ela na Santa Casa de Misericórdia. Como o tumor já era palpável, a biópsia não demorou e, após um mês, ela teve que realizar a mastectomia da mama.

Mas os problemas de Francisca não pararam por aí. Dez anos depois, o câncer apareceu na outra mama, e ela precisou passar por todo o sofrimento novamente. O que mais incomoda a dona de casa, que depende do SUS, é a dificuldade de realizar exames. "Há quatro anos, espero para fazer uma ultrassonografia nas pernas", destaca.

Antônio de Pádua ressalta que o crescimento do número de casos de câncer, em geral, é explicado pelo aumento da expectativa de vida. "Passamos mais tempo expostos aos sol, às radiações, ingerimos mais comidas com hormônio, inalamos mais fumaça de carros. Essas são as principais causas do câncer"
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