quinta-feira, 28 de março de 2013


ABORTO

Entidades promovem campanhas contrárias

28.03.2013
Posições de movimentos e instituições serão consideradas na votação do Código Penal

O Movimento em Favor da Vida tenta chamar a atenção da sociedade por meio de protestos que atentam para a vida da mulher e da criança FOTO: KLEBER A. GONÇALVES
O posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec) a favor do aborto até a 12ª semana de gestação suscitou campanhas e movimentos contra a interrupção da gravidez. A polêmica, que já está instaurada, tem permitido discussões a respeito do assunto e eclosões de opiniões e ideias.

Na linha de frente dos argumentos contrários, a Comunidade Católica Shalom, que representa a posição da Igreja Católica, aponta que o que está em jogo em todo o debate é o valor sagrado da vida. "O Conselho diz defender a autonomia da mulher, mas essa liberdade acaba ferindo a vida do feto", coloca o membro do Shalom e historiador Carmadélio Sousa. Ele destaca que a Comunidade é a favor da vida e luta pela afirmação do seu valor.

"Quando se trata de vida, tudo se torna relativo. Ainda mais quando estamos falando de uma criança indefesa", avalia. Para ele, não se resolve o problema do aborto com o aborto, e sim com políticas públicas. "A interrupção da gravidez não é saída", comenta Carmadélio Sousa.

O presidente do Movimento em Favor da Vida (Movida), Fernando Lobo, endossa os argumentos do Shalom. Ele acrescenta que, a partir da fecundação, já existe vida. "A ciência não discute isso". Ele classifica a interrupção da gravidez como eliminação e relativização da vida.

Na opinião dele, o projeto que versa sobre a interrupção da gravidez até a 12ª semana, presente na proposta do novo Código Penal, em tramitação no Congresso, deve ser derrotado.

O médico e presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes, engrossa a lista dos que condenam o aborto, em qualquer forma que venha a ser realizado. "A vida começa na fecundação. Não defendo a posição do Conselho, que usa como argumento a autonomia da mulher, porque ela é dona do corpo dela, mas não da vida do bebê. Tenho compromisso com a vida", explica.

Para ele, os problemas sociais, por exemplo, devem ser resolvidos com políticas públicas e não com uma solução tão radical quanto o aborto. "É possível trabalhar métodos contraceptivos. O que precisa é que o governo dê acesso à informação para evitar a gravidez precoce ou indesejada".

Contramão
Na contramão dos discursos, a ginecologista Zenilda Bruno revela que ninguém é a favor do aborto, o que existe é a necessidade de fazê-lo. "Há mulheres sem condições de ter um bebê ou porque o feto é mal formado ou possui uma doença incurável ou até mesmo quando a gravidez é resultado de um ato de violência". Segundo ela, quando existe essa necessidade, é possível usar do diagnóstico médico para interromper a gestação.

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