segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


FESTA NA SAPUCAÍ

Santa Cruz leva a cor do Ceará ao Carnaval do Rio

10.02.2013

Apesar da beleza do desfile, a escola apresentou problemas com uma das alegorias e com o recuo da bateria

O enredo da Acadêmicos de Santa Cruz, batizado de "O Dragão do Mar e a Lenda do Ceará", destacou a figura do jangadeiro "Chico da Matilde", o Dragão do Mar. A índia Iracema, do romance de José de Alencar, também foi lembrada FOTO: FOLHA PRESS

Rio de Janeiro Cantando as lendas, segredos e encantos do Estado do Ceará, a Acadêmicos de Santa Cruz fez um desfile colorido na noite da última sexta-feira (8), quando o grupo de acesso passou pela avenida no Rio de Janeiro. O intérprete Paulinho Mocidade, que já venceu no grupo especial, tentou dar um gás especial à escola da zona Oeste.

Terceira escola a passar pela Marquês de Sapucaí, a Acadêmicos de Santa Cruz enfrentou problemas com seu segundo carro alegórico, que demorou para entrar na avenida e deixou um buraco na primeira parte do desfile. A equipe de apoio da escola, contudo, conseguiu colocar a alegoria de volta, incentivando os quase 2,3 mil componentes.

O mesmo carro também teve problemas na dispersão. Mas, ainda assim, a escola conseguiu passar dentro do tempo.

A apresentação pela Série A do carnaval do Rio de Janeiro começou às 23h12 de sexta-feira (8) e foi até a 0h05 deste sábado (9).

Cangaceiros
A bateria, com os integrantes vestidos de cangaceiros, teve alguns problemas durante o recuo, mudando o andamento do samba e complicando um pouco a escola, o que pode resultar na perda de pontos na apuração, na próxima quarta-feira (13).

Com os problemas enfrentados, os integrantes da escola tiveram que acelerar o passo nos últimos instantes da passagem pela avenida para não estourar o tempo máximo de desfile. A Santa Cruz fechou a apresentação em 53 minutos, dentro do limite estabelecido pelo regulamento.

Enredo
O enredo "O Dragão do Mar e a Lenda do Ceará", dos carnavalescos Sylvio Cunha e Munir Nicolau, destacou a figura do jangadeiro Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, responsável pelo movimento que aboliu a escravidão no Estado, em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea.

A escola também lembrou dos primeiros habitantes do Estado, das paisagens cearenses e dos mitos do Ceará, entre eles, a índia Iracema, do romance de José de Alencar.

A Acadêmicos de Santa Cruz desfilou com 2.300 componentes, divididos em 25 alas e quatro carros alegóricos. A bateria foi comandada pelo mestre Rafael Queiroz, que teve companhia da rainha Jaqueline Maia.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Eduardo Belo e Thaísa Barros, levou à avenida Marquês de Sapucaí o pavilhão da escola.

O desfile marcou a volta de Paulinho Mocidade, ao Carnaval carioca, depois de três anos atuando em uma escola de Porto Alegre (RS). O cantor, que começou a carreira na Mocidade Independente de Padre Miguel aos 19 anos, foi bicampeão pela escola no início da década de 1990.

A atriz Thaila Ayala desfilou na ala da diretoria da Acadêmicos de Santa Cruz e foi uma das destaques da escola. Marcia Hipolitho, destaque da agremiação, usou na passarela, uma fantasia feita de led. "Não tenho medo de levar choque", disse antes de entrar na avenida.

Nascida da dissidência de um bloco, a Santa Cruz foi fundada em 1959 e sempre foi tida como uma escola do meio rural. Já esteve no Grupo Especial várias vezes, sendo a última em 2003. No ano passado a escola ficou em sexto lugar no Grupo A.

Superação
Além da Acadêmicos de Santa Cruz, outras escolas enfrentaram problemas no desfile da Série A. Assim, superação foi a palavra que marcou a noite para algumas agremiações. Uma delas foi a Unidos de Vila Santa Tereza, que desfilou integrantes sem fantasia. Conforme os ritmistas da escola, a fantasia chegou muito tarde à concentração e não daria tempo para que todos se vestissem. A escola então optou por desfilar de roupa comum.

Muitos integrantes estavam sem qualquer adereço. Mulheres cruzaram a avenida de calcinha e sutiã e muitos homens vestiam apenas bermudas.

A Unidos do Jacarezinho, primeira a desfilar, até minutos antes da apresentação tentava aprontar dois tripés que viriam logo atrás da comissão de frente. Não deu tempo: só um deles entrou na Sapucaí.
 

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