terça-feira, 19 de março de 2019

Abertura de novo sangradouro gera apreensão

LUíS Rodrigues de Sousa, 78, resiste a sair de casa na localidade do Boi Morto
LUíS Rodrigues de Sousa, 78, resiste a sair de casa na localidade do Boi Morto (Foto: Aurélio Alves)
"Ninguém aqui dorme direito". "A gente tem medo". Essas são as frases mais recorrentes de moradores das comunidades próximas à barragem do Granjeiro, em Ubajara (a 326 km da Capital). A abertura de novo sangradouro na manhã de hoje, por um lado significa alívio, como medida paliativa para reduzir o risco de rompimento. Por outro, traz angústia para as famílias ribeirinhas, pela possibilidade de uma inundação quando a água liberada se encontrar com rios. Até ontem, famílias migravam para a casa de parentes ou alojamentos em busca de segurança. Mesmo as que permaneceram até a última chamada para evacuação da área falavam da agonia.
A liberação do novo sangradouro está projetada para ocorrer às 10 horas da manhã de hoje. A ideia, segundo a Defesa Civil do Estado, é que a abertura ocorra de forma gradual para que engenheiros possam avaliar o comportamento do leito do rio Jaburu. O apego ao lar faz com que, mesmo receosa e já na casa de parentes, dona Francisca Ferreira vá de vez em quando na casinha que fica na localidade do Sítio Trizidela. Já com corpo arqueado, marcado pela lida, ela se emociona com saudade de casa. "Foi um aperreio quando pediram pra gente sair. Tô sendo bem tratada onde eu tô, mas não tem nada como o lugar da gente", conta enquanto prepara alimento aos porcos.
Outra comunidade que recebeu ordem de retirada foi a do Boi Morto. No local há um balneário que já está transbordando. Muitas pessoas penduraram móveis ou migraram para a parte mais alta da comunidade. Uma das pessoas que se recusaram a sair foi seu Luis Rodrigues de Sousa, 78. Diz que é coisa de apego. "Não é porque não queira atender (o pedido de saída), mas acho que de onde a água vai passar não chega aqui. Penso que dava pra eu ficar. Depois que minha veinha foi, me deixou nessa casinha, a minha vontade é terminar minha vida debaixo dela", conta. E, por causa dele, a família toda ficou. "Ninguém vai deixar ele só, e nem levar à força", decidiu a neta Djacira Silva, 20.
A aflição desta vez foi mais forte para os moradores, mas não é nova. Enquanto uns não se afastam por não acreditar no risco avisado por autoridades, outros lembram das chuvas de 2009, em que a barragem sangrou e a água chegou muitos quilômetros depois das margens dos açudes. Quase na casa de seu Augusto Crispim, 84, onde mora com dona Nazídia Fernandes, 64. Ele mostra na marca da árvore onde a água chegou. "A gente nunca parou de ter medo dessa barragem. Eles têm que fazer uma revisão geral, se não fizer não vai acabar com esse problema". Ele também foi um dos que saiu de casa, mas sempre volta durante o dia. "Viemos só fazer uma revisão e assustados. O perigo tenho certeza que não passou, enquanto o sangradouro não vazar essa água a gente está preocupado", diz.
A operação de hoje é considerada pela equipe da Agência Nacional de Águas (ANA) como emergencial. "É para baixarmos o nível do reservatório de forma controlada para garantia de segurança da população. Após isso, iremos atuar na fase de descomissionamento da barragem", explica Rogério Menescal, especialista em barragens da ANA. Descomissionamento, em tese, é o fim da estrutura. É a técnica para que ela possa ser integrada ao ambiente.

A chuva floresce um gosto de sertão

Numa terra que carece de água, chuva é bom presságio, é terra molhada, é Caatinga verde, é alegria de menino debaixo de bica. A chuva é acalanto e, para as bandas de cá, é mais: é parte do que é ser cearense. Gostar do dia branco é identitário. E hoje, nesse 19 que se celebra o padroeiro São José, é desses dias que a esperança sertaneja que se acumula no coração sangra feito açude cheio.
"A chuva é sempre benfazeja. No Ceará, é prova da existência e da misericórdia dos deuses. Eu ousaria parafrasear o samba e dizer que no Ceará, quem não gosta de chuva 'é ruim da cabeça ou doente do pé'. A chuva é a esperança de dias melhores", deságua o professor, jornalista, escritor, pesquisador e doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo, Gilmar de Carvalho.
Com uma cultura que remete às secas cíclicas, o apreço pela chuva é forte no Interior, mas se derrama também pela Capital. Gilmar chama Fortaleza de "a maior cidade sertaneja do Brasil" e acredita que, apesar do apagamento que vai sendo feito dos símbolos do sertão, a chuva sobrevive como uma "paixão arraigada".
"Não conseguimos abrir mão deste sentimento tão forte. É herança sertaneja, sim, trazida pelas rezadeiras, pelas histórias de 'trancoso' que nos contavam à noite, pelos sinais de chuvas, antecipadas pelas pedras de sal colocadas no parapeito das janelas. Este afeto pelas chuvas se espalha, em meio a trovões, relâmpagos, raios das tempestades ou a chuvinha fina, 'sereno', que faz pouco barulho e molha ainda mais o chão que nos acolhe e que um dia vai nos receber 'severinos'", sentencia.
Nome de livro de Gilmar, "bonito pra chover" é expressão que sintetiza o afeto do cearense pelo pelo céu carregado. O professor acredita se tratar de expressão antiga que tem, para ele "uma musicalidade forte e remete a cenários caleidoscópicos". "Traz a evocação das nuvens que escurecem de repente e se tornam de chumbo. As nuvens do 'bonito pra chover' não são ameaçadoras, trazem os melhores presságios. São nuvens do bem, da fertilidade, da abundância".
Junto a chuva vai se entrelaçando a fé, tanto que São José se confunde com a chuva no discurso do sertanejo. Diácono da Paróquia de São José do bairro Edson Queiroz, Erinaldo Cordeiro de Aquino, afirma que hoje, com a evolução da ciência, se sabe o porque da chuvas no dia de São José (equinócio de outono). "Mas a fé se sobrepõe a isso. O sertanejo cearense acaba por transferir a fé e a afetividade da chuva para o santo". Carpinteiro, operário, ligado à família, o santo vai sendo espelho para o povo. "Tentam racionalizar nossa imaginação dizendo, cientificamente, que as chuvas vêm por conta do equinócio de outono. Continuaremos a acreditar no mistério e a ver a mediação de José, como índice de sua santidade e loucura", acredita Gilmar.

segunda-feira, 18 de março de 2019

UBAJARA Responsável por empresa dona da barragem nega ter sido autuado por danos estruturais

Barragem do Granjeiro apresentou risco, o que levou a realocação de 250 famílias ribeirinhas. (Foto: Aurélio Alves)
Barragem do Granjeiro apresentou risco, o que levou a realocação de 250 famílias ribeirinhas. (Foto: Aurélio Alves)
O responsável pela empresa dona da barragem do Granjeiro, que apresentou risco de rompimento no último sábado, 16, nega ter sido autuado pela Agência Nacional de Águas (ANA) por danos estruturais. Segundo empreendedor da Agrosserra, Avelino Forte, o órgão não realiza fiscalizações desde 2013 no local, sendo a única notificação recebida por questões “burocráticas”. A ANA afirmou em nota que empresa é autuada desde 2017, sendo o embargo provisório realizado na semana passada devido a "uma erosão significativa no talude a montante (rio acima) da barragem".
O dono da Agrosserra diz que a ANA está mentindo. "Eu tenho um laudo da ANA dizendo que todos os problemas (estruturais) que havia lá tinham sido sanados”, afirma. Conforme Avelino, desde 2013, quando foi recebido este laudo, agentes do órgão de fiscalização não haviam voltado na barragem até a última terça-feira, 12, quando foi feito o embargo provisório. “O que tem pendente da Agrosserra com a ANA é só burocracia”, pontua. A barragem tem cerca de quarenta anos, mas só está na posse da empresa desde 1993. Em decorrência disto, o proprietário não possui a planta da construção, documento solicitado pela ANA para fazer outorga.
Avelino conta que problema de erosão notificado pela ANA se deu após três dias de chuva com rajadas de vento e que a empresa atuou junto com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros para conter o defeito com sacos de areia e impedir vazamentos de água. Desde que a barragem foi embargada pela ANA, porém, ele conta estar impedido de tomar providências. “A barragem tem um problema, só que, como interditaram a barragem, impediram que tanto eu como o prefeito tomássemos providências”, relata.
Para a ANA, o embargo temporário tem como objetivo “fazer com que a empresa adote medidas imediatas de segurança para minimizar os riscos de rompimento da estrutura, tendo em vista a existência de 15 famílias que vivem no vale a jusante (abaixo) e podem ser atingidas pelo rompimento da estrutura”. A Agência afirmou que “já atua in loco com medidas para diminuição dos riscos de ruptura da barragem, em articulação com a Defesa Civil, Prefeituras locais e Cogerh/CE, Sohidra/CE e SRH/CE (Companhia de Gestão de Recursos Hídricos, Superintendência de Obras Hídricas e Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará)”.
Na última sexta-feira, 15, os moradores das proximidades da barragem receberam ordem de evacuação devido a riscos de segurança. O trabalho de remoção das famílias começou ainda na noite do último sábado, 16, e seguiu neste domingo, 17. Mais de 250 famílias que moram ao longo do Rio Jaburu, para onde está sendo escoado o excesso de água da barragem para que seja diminuída a pressão, foram realocadas.

quinta-feira, 14 de março de 2019

52,6% dos brasileiros desaprovam decreto de posse de armas

A maioria da população brasileira desaprova o decreto presidencial que flexibilizou, em janeiro último, o acesso à posse de armas de fogo. A pesquisa CNT MDA, referente a fevereiro e divulgada no início de março, aponta que 52,6% da população é contra a facilitação concedida pelo pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Dos entrevistados, 42,9% aprovam a medida e 4,5% não sabem ou não responderam. Entre homens, 55,3% aprovam, mas só 31,6% mulheres são a favor.
A faixa etária de 35 a 44 anos é a que mais está a favor da posse de arma (47,6%). E em relação à escolaridade, os entrevistados com nível superior também estão entre a maior parte que aprova (51,9%). O decreto assinado em janeiro modifica o que passa a ser entendido como "efetiva necessidade" na avaliação à posse de arma, colocando pessoas residentes em áreas urbanas com elevados índices de violência, residente em área urbana e responsáveis por estabelecimentos comerciais como possíveis de pedido de concessão de posse de arma de fogo. O decreto não trata de porte de arma.
A desaprovação vem dentro de um cenário em que a pesquisa indica bons níveis de satisfação geral do governo. Medindo os níveis de satisfação geral e de medidas empreendidas pelo governo federal, a pesquisa indicou que a avaliação do governo é positiva para 38,9% dos entrevistados, contra 19% de avaliação negativa. Os dados indicam que o desempenho pessoal do presidente atinge 57,5% de aprovação contra 28,2% de desaprovação.
Ainda sobre segurança pública, o assunto é tratado como o segundo principal desafio governo, atrás somente de saúde. Mas 53,3% do entrevistados acreditam que a segurança pública irá melhorar nos próximos seis meses. Para especialistas, os números indicam o anseio da população por melhora nos índices de violência.
O advogado criminalista Daniel Maia acredita que "o clamor por segurança está relacionado diretamente à (necessidade de) arma". "Em virtude da insegurança, há o sentimento de que a população precisa se armar para ter segurança. Muitas pessoas declaram que se sentem inseguras por não poder ter uma arma em casa", aponta.
Já Ivan Marques, diretor executivo do Instituto Sou da Paz, indica que a pesquisa deixa claro o interesse da sociedade em segurança pública, mas a partir do dado de desaprovação, indica caminho contrário ao decreto. "Não é armando a população que a gente resolve o problema (da segaurança pública), as pesquisas são claras apontando um caminho pro governo de investimento em polícia, em inteligência investigativa, em capacidade de pagar bons salários, dar condições de trabalho para o policial, fazendo com que as secretarias de segurança pública funcionem", detalha.
Sobre o percentual de desaprovação, Maia não vê com surpresa. Para o advogado, "não houve fluxo migratório de opinião" quanto à posse de arma. "Foi a principal plataforma do presidente. Se você pegar quem votou nele por conta do armamento, não se alterou. Até porque não deu tempo ainda saber os efeitos sociais", opina, apontando que por se tratar de posse e não de porte (quando a arma registrada pode ser levada nas locomoções do cidadão licenciado), não haverá grandes alterações nos índices de violência. "Nenhum índice é alterado com a posse, porque era algo que já existia, só foram flexibilizadas as condições. O que vai fazer uma mudança social mesmo, que pode mudar ou pro bem ou pro mal, é a questão da flexibilização do porte da arma", acredita.
"Discordo das pessoas que acham que a posse não faz tanto mal assim. A partir do momento que o governo facilita a entrada de novas armas, mesmo que elas só possam ficar dentro das residências, novas armas entram em circulação. São mais armas que têm o potencial de sair do mercado legal, da casa das pessoas que as registraram, compradas legalmente, e acabarem nas mãos do criminoso, quando são furtadas, ou roubadas", rebate Marques.

Entrevista

Ontem, em um café da manhã com jornalistas convidados no Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro afirmou que dorme com uma arma ao lado de sua cama. A declaração foi dada antes da divulgação do episódio em Suzano - que iria reacender o debate sobre porte e posse de arma de fogo no País.

REGISTRO

Conforme assessoria da Polícia Federal (PF), até o dia 15 de fevereiro, 4.008 novas armas haviam sido registradas no Sistema Nacional de Armas (Sinarm), em 2019. Em 2018, foram feitos 48.330 novos registros de armas. Número de registro mês a mês, em 2018 e 2019, e registro feitos após a assinatura do decreto. Até o fechamento desta edição, a PF não repassou os dados.

Tragédia de Suzano deixou 10 pessoas mortas e 11 feridas

O massacre ocorrido na manhã de ontem em Suzano, em São Paulo, que resultou em dez pessoas mortas devastou o País inteiro. A manhã desta quinta-feira, que deveria ser a sequência de uma rotina, traz o luto e o eco de uma tragédia. Era a hora do intervalo na escola Escola Estadual Raul Brasil, quando dois jovens adentraram o local e atiraram contra estudantes e funcionários.
Caio Oliveira, 15; Claiton Antônio Ribeiro, 17; Douglas Murilo Celestino, 16; Kaio Lucas da Costa Limeira, 15 e Samuel Melquíades Silva de Oliveira, 16, eram estudantes da escola e não sobreviveram. Também foram assassinadas as funcionárias Marilena Ferreira Vieira Umezo, 59, e Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38. Ao final dos disparos, os assassinos Guilherme Tauci Monteiro ,17 e Luiz Henrique de Castro, 25, também foram mortos. Antes, Jorge Antônio Moraes, 51, tio de Guilherme também foi alvo.
A Polícia Civil busca compreender o crime e já sabe que houve um plano meticulosamente organizado. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, João Camilo Pires de Campos, disse que policiais coletam depoimentos e provas. Segundo ele, é possível confirmar alguns detalhes sobre o que ocorreu antes e durante o massacre no colégio.
Logo no início da tarde de ontem, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo deu as informações preliminares sobre a tragédia. O massacre teve início numa locadora de carros, onde mataram a tiros o empresário Jorge Antônio Morais. Os dois assassinos seguiram num veículo Chevrolet Onix branco que foi estacionado em frente ao portão da escola. Vestidos com roupas pretas, botas e balaclavas cobrindo o rosto, os jovens carregavam um revólver calibre 38, quatro jet luders (instrumentos usados para recarregamento de arma), uma besta (tipo de arco e flecha que dispara na horizontal), um machado, além de um arco e flecha tradicional e coquetéis molotov. A dupla ainda carregava uma mala com fios, simulando uma bomba. Contudo, o esquadrão antibombas descartou os riscos do objeto explodir.
Uma das hipóteses da polícia é de que eles tiveram o acesso facilitado por serem ex-alunos do local. Após matar a coordenadora pedagógica e outra funcionária da escola, os dois atiradores passaram a tomar como alvo os alunos. De acordo o secretário da Segurança Pública de São Paulo, todos os disparos foram aleatórios.
Quando estavam prestes a entrar em uma sala com dezenas de estudantes escondidos com medo dos disparos, Guilherme e Luiz Henrique avistaram a cerca de dez metros agentes da Força Tática. A polícia foi acionada por causa do ataque na locadora de veículos e chegou à escola em oito minutos. Ao serem surpreendidos pelos policiais, um jovem atirou no outro e depois suicidou-se.
Por meio de nota, a Secretaria da Educação de São Paulo informou que toda a comunidade escolar do estado está de luto. A pasta informou ainda que os profissionais da rede de ensino vão se reunir na manhã de hoje para definir ações a serem realizadas nas escolas com os 26 mil alunos da rede a partir de segunda-feira, 18. A ideia é "conscientizar e combater a violência e o assédio moral, visando estabelecer uma cultura de paz".
"Este foi um atentado à educação brasileira e a todos os cidadãos, que diariamente, no interior de cada escola, trabalham por um Brasil desenvolvido", lamentaram. (Com Agências)

Quem eram os atiradores?

Apesar da diferença de idade, Luiz Henrique de Castro, 25, e Guilherme Taucci Monteiro, 17, eram muito próximos. Eles se conheciam desde a infância e desenvolveram uma amizade mais sólida nos últimos dois anos. Os vizinhos disseram que os dois eram reservados.
Guilherme morava a três casa de distância de Luiz, com o avô e duas irmãs mais novas. A avó faleceu há quatro meses de pneumonia. Segundo pessoas próximas, a mãe dele, Tatiana, sofre de dependência química e nem sempre estava por perto. O rapaz cresceu sem muito contato com o pai. O adolescente havia saído da Escola Raul Brasil no 2º ano.
"Ele dizia que estava constrangido com as espinhas. Eu paguei um tratamento para ele, Roacutan, e ele já ia voltar para fazer o supletivo. Desde que a avó morreu, ele dizia que ia trabalhar com o amigo dele, que foi lá com ele (Luiz), para me ajudar", conta.
Luiz era o caçula de três irmãos de um casal de idosos, o pai de 68 anos e a mãe de 65 anos. A família do rapaz não falou com a imprensa. Ele trabalhava com o pai, em serviços de capinagem. À noite, saia com Guilherme para LanHouse do bairro.
"Sempre vinham aqui juntos. Vinham aqui umas três vezes por semana. Eram calados, tímidos. Não falavam com ninguém. Mas eram tipo antissociais", conta a funcionária da LanHouse que o par frequentava, Nádia Cordeiro. Segundo funcionários do estabelecimento, os jogos preferidos dos dois eram de tiros (Call of Duty) e luta (Mortal Kombat).
Os dois amigos também usavam a Internet nos computadores da LanHouse. A polícia levou uma das máquinas, a de número 9, para periciar. A expectativa é que se encontre pistas que possam elucidar as motivações do massacre. Nenhum deles tinha antecedentes criminais ou histórico de distúrbios psiquiátricos diagnosticados. (Isabel Filgueiras)

Episódio levanta discussões pedagógicas e de segurança

Para especialistas, o fato ocorrido em Suzano, São Paulo, traz referências à problemática norteamericana de ataques em escolas e levantam discussões sobre aspectos psicopedagógicos e também na área da Segurança Pública, especialmente no que diz respeito às legislações sobre o armamento.
Para Wanderley Codo, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB), há um aumento no número de episódios violentos nas escolas e há ainda uma tendência de aumento desses casos. Conforme ele, as últimas propostas políticas de Educação tendem a afastar professores de alunos. "Está transformando o professor num estranho, num elemento que policia o aluno ao invés de educar o aluno", critica. Conforme ele, é preciso que se aumente a confiança e os espaços de discussões no ambiente escolar.
No Brasil, já ocorreram outros oito ataques em escolas. Ricardo Moura, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Violência da Universidade Federal do Ceará e colunista do O POVO, pondera que há o que ele chama de referência norteamericana. "A gente observa que isso de alguma forma vem sendo copiado, a gente vê que a prática , o gestual, as roupas, procuram emular esse tipo de prática. E aí entra também uma outra coisa, lá as armas são bem mais acessíveis,uma pergunta que tem que ser feita é: de onde conseguiram obter essas armas?", questiona.
Para a psicóloga e psicanalista Thais Leite, do Instituto de Especialidades Clínicas, tanto o período conflituoso da juventude e adolescência quanto a ascensão dos discursos de ódio merecem destaque nesta discussão. "A adolescência já é uma passagem violenta porque a pessoa sai da infância para a vida adulta e é convocada a assumir responsabilidades que não precisava ter. O que precisa ser compreendido é o que levou essas pessoas a projetarem na escola esse local de ódio", diz.
EDUARDA TALICY

quarta-feira, 13 de março de 2019

RIO DE JANEIRO 117 fuzis são encontrados em casa de amigo do acusado de matar Marielle

O secretário de Polícia Civil, Marcos Vinícius Braga, diz que esta é a maior apreensão de fuzis da história do estado.
O secretário de Polícia Civil, Marcos Vinícius Braga, diz que esta é a maior apreensão de fuzis da história do estado.
A Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou 117 fuzis desmontados, do modelo M-16, na casa de Alexandre Mota de Souza, amigo do policial militar Ronnie Lessa no Méier, no Rio de Janeiro. O PM é apontado pelo DH e pelo Ministério Público como o indivíduo que atirou na vereadora Marielle Franco e no motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018.
O secretário de Polícia Civil, Marcos Vinícius Braga, diz que esta é a maior apreensão de fuzis da história do Estado.
As armas sem os canos eram todas novas e estavam escondidas em caixas em um guarda-roupa. O dono da casa disse aos agentes que recebeu as caixas do amigo com um pedido para guardá-las e não abri-las.
"Alexandre é amigo do Lessa há anos e ele fez apenas um favor em colocar essas encomendas, porque ele não sabia do que se tratava, no seu apartamento. Ele ficou surpreso ao saber do conteúdo, mas ele não tem nada a ver com esse episódio lamentável da vereadora", disse seu advogado.
A ocorrência faz parte da Operação Lume que, na manhã desta terça, 12, que cumpriu um dos 32 mandados de busca e apreensão no local.
No Méier, além da grande quantidade de armas, foram encontradas munições em determinado endereço, segundo a polícia, ligado ao Ronnie Lessa.
Também foram encontrados R$ 112 mil na ação. Destes, R$ 50 mil estavam na casa dos pais de Ronnie e R$ 60 mil em seu carro.
Policiais explicam que quantidade encontrada "dá para fazer muito fuzil". As armas estavam em caixas espalhadas em cômodos de uma casa no Méier. Agora, a Polícia investiga se a casa era esconderijo de armas traficadas supostamente por Lessa.

terça-feira, 12 de março de 2019

PARCEIRO DE PELÉ Morre Coutinho, um dos maiores ídolos da história do Santos

Coutinho morre aos 75 anos (Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)
Coutinho morre aos 75 anos (Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)
Coutinho, um dos maiores ídolos da história do Santos, morreu nesta segunda-feira, aos 75 anos, na cidade de Santos. Diabético, ele havia sido internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na Casa de Saúde em janeiro por causa de uma pneumonia.
Antônio Wilson Vieira Honório, mais conhecido como Coutinho, é o terceiro maior artilheiro da história do Peixe. Ele faleceu em sua residência. Em 2014, por causa da diabetes, ele precisou amputar dedos do pé.
Coutinho foi o maior parceiro de Pelé e atuou entre 58 a 67 no Alvinegro, com 368 gols em 457 partidas. Ele ainda defendeu Vitória, Bangu e Atlas-MEX e se aposentou em 1973 no Saad.
Ele conquistou seis títulos paulistas, cinco brasileiros, duas Libertadores e Mundiais de Clubes. E foi campeão mundial pela seleção brasileira em 1962.
GAZETA ESPORTIVA

Temporal mata 12, deixa pessoas ilhadas e paralisa Grande São Paulo

As chuvas que atingiram a cidade de São Paulo e o Grande ABC, na noite de domingo e madrugada de ontem, deixaram pelo menos 12 mortos e cinco feridos. É o maior número de óbitos envolvendo enchentes e soterramentos desde 14 de março de 2016, quando forte temporal atingiu a região e resultou na morte de 14 pessoas, além de 19 feridos e seis desaparecidos.
Só na capital paulista, entre meia-noite e 16h20min, os bombeiros relataram 123 chamados por quedas de árvore, 94 para desmoronamentos e desabamentos e 740 para enchentes e alagamentos. Além disso, agentes foram acionados para salvar pessoas ilhadas.
A chuva ficou bem acima do previsto para esta época. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a interação entre uma frente fria entrando pelo Vale do Ribeira e um sistema de baixa pressão muito perto do litoral colaboraram com os elevados volumes de precipitação. Em Santo André, por exemplo, choveu 182 milímetros (mm) em 24 horas - o equivalente a 80% da média para todo o mês de março.
"Não havia ação preventiva que pudesse corrigir o que aconteceu", afirmou o prefeito em exercício da capital, Eduardo Tuma (PSDB). O titular da Prefeitura de São Paulo, Bruno Covas, suspendeu a licença por causa dos transtornos à cidade e retorna hoje ao cargo.
A Prefeitura de São Bernardo anunciou na noite de ontem estado de calamidade pública. Foram apresentadas 14 medidas de emergência, como vale-refeição e vale-transporte gratuito (por 15 dias).
Deslizamentos de terra causaram cinco das 12 mortes, incluindo a de um bebê. O caso mais grave foi registrado no bairro Estância das Rosas, em Ribeirão Pires. Seis pessoas estavam em uma casa quando houve o soterramento, por volta da meia-noite. Duas sobreviveram (uma mulher de 52 anos e uma menina de 9) e foram encaminhadas ao Hospital Nardini, em Mauá. Três homens, de 22, 32 e 33 anos, e uma mulher de 35 morreram no local. Não havia identificação oficial das vítimas, que comemoravam um aniversário. Segundo a prefeitura, o imóvel era irregular.
Em São Paulo, no Parque São Rafael, limite com o ABC Paulista, um deslizamento de terra deixou uma mãe e duas crianças feridas. No limite entre São Paulo e São Caetano, quatro pessoas foram arrastadas pela enxurrada. Outras 12 acabaram resgatadas pelos bombeiros - quatro mulheres e oito crianças. Houve ainda dois afogamentos em Santo André e um em São Bernardo - de um motociclista colhido pela enchente.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) estimou em R$ 45 milhões os prejuízos ao comércio.
Já moradores como os da Rua Manifesto, no Ipiranga, que é paralela à Avenida do Estado, não conseguiam nem contabilizar os prejuízos pela manhã. A rua ficou inundada e moradores precisaram ser resgatados com uso de botes. Em um condomínio na mesma rua, 150 carros que estavam em dois andares de garagem foram cobertos pela água.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) suspendeu o rodízio e a Zona Azul. Ainda assim, muitos trabalhadores não conseguiram chegar ao destino. Durante a manhã de ontem, houve registro de 180 km de congestionamento na cidade de São Paulo, segundo pior índice do ano. (Agência Estado)


Governo do Estado de São Paulo

Governo de SP e Prefeitura vão fazer uma ação conjunta para implementar novos piscinões e minipiscinões, disse ontem o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que lamentou as mortes.

CENTRO CE registra maior queda de mortes violentas em 10 anos

O estado do Ceará teve uma redução de 54,8% em mortes violentas no mês de fevereiro, com 163 pessoas assassinadas. O número é o menor resultado desde 2009. Os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) são referentes a homicídios dolosos, latrocínios (roubo seguido de morte) e lesão corporal seguida de morte.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o número de mortes diminuiu em todas as regiões do Estado, o que teria resultado em 198 vidas salvas. Em fevereiro de 2018, foram 361 vítimas. Já no mês passado, esse número caiu para 163. No acumulado de janeiro a fevereiro em dez anos, esta é a maior redução na série histórica do Estado.
A maior diminuição em fevereiro ocorreu na Região Metropolitana da Capital, com uma queda de 65,4%, passando de 104 casos para 36. Em seguida veio Fortaleza, com uma redução de 55,4%, diminuindo de 121 para 54, o que correspondeu a uma média diária abaixo de duas vítimas por dia em Fortaleza.
No Interior Norte, no segundo mês do ano passado, foram registrados 69 CVLIs e esse número baixou para 36, em fevereiro último, o que correspondeu à diminuição de 47,8%. Já no Interior Sul, a queda foi de 44,8%, passando de 67 para 37 crimes.
Todas as estatísticas são geradas pela Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp) da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), vinculada à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
No acumulado dos dois primeiros meses do ano de 2019, a queda nas estatísticas de mortes violentas foi de 57,9%, com 488 vidas salvas. O número que era de 843, na soma de janeiro e fevereiro do ano passado, caiu para 355 neste ano.


Na Região Metropolitana, somando os meses de janeiro e fevereiro, a redução no acumulado dos CVLIs, foi de 65,6%, passando de 256 para 88. Em Fortaleza, o número que era de 285 reduziu para 105, correspondendo à queda de 63,2%. No Interior Norte, janeiro e fevereiro deste ano contabilizaram uma queda de 50,6%, caindo de 156 para 77. Por último, no Interior Sul, a redução foi de 41,8%, indo de 146 vítimas para 85.

Site citado como fonte de denúncia contra jornalista diz que informações são falsas

O PRESIDENTE escreveu no Twitter que
O PRESIDENTE escreveu no Twitter que "querem derrubar o Governo" (Foto: Sergio LIMA / AFP)
O site francês Mediapart, que originou ataques à repórter do jornal O Estado de S. Paulo, Constança Rezende, disse na tarde de ontem que são falsas as acusações repercutidas por Jair Bolsonaro na noite do último domingo, 10. O portal francês também se solidarizou com Constança.
Em sua conta no Twitter, o presidente publicou vídeo com áudio da repórter e afirmou que Constança teria dito "querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o Impeachment do Presidente Jair Bolsonaro. Ela é filha de Chico Otavio, profissional do 'O Globo'. Querem derrubar o Governo, com chantagens, desinformações e vazamentos."
O áudio é de uma conversa de Constança Rezende, com Alex MacAllister, que se apresentou como estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre o Donald Trump e Bolsonaro. A gravação do diálogo, porém, mostra que a repórter em nenhum momento fala em "intenção" de arruinar o governo ou o presidente. A conversa, em inglês, tem frases truncadas e com pausas, além de apenas partes selecionadas da conversa terem sido divulgadas.
Em um dos trechos, a repórter avalia que "o caso pode comprometer" e "está arruinando Bolsonaro", mas não relaciona seu trabalho a nenhuma intenção nesse sentido. A suposta declaração de Constança Rezende foi publicada inicialmente no site Terça Livre, que reúne ativistas conservadores e simpatizantes de Bolsonaro, a partir de publicação no site Mediapart. A 'denúncia' seria de um jornalista francês, identificado como Jawad Rhalib, a partir da gravação da conversa da repórter com Alex MacAllister.
Contudo, o texto, intitulado "Para onde vai a imprensa?", foi publicado em uma seção do site chamada "Le Club", uma espécie de fórum online no qual internautas podem manter blogs próprios. O Mediapart ressaltou, também por meio do Twitter, que "as informações publicadas no 'club de Mediapart', que serviram de base para o tweet de @jairbolsonaro, são falsas". "O artigo é de responsabilidade do autor e o blog é independente da redação do jornal", completou a publicação.
Diversas organizações repudiaram o ataque de Bolsonaro à repórter. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) assinaram nota conjunta onde "lamentam que o presidente reproduza pelas redes sociais informações deturpadas e deliberadamente distorcidas com o sentido de intimidar a jornalista e a liberdade de expressão". "Os ataques à repórter têm o objetivo de desqualificar o trabalho jornalístico, fundamental para os cidadãos e a própria democracia", critica a nota.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também divulgaram nota. Nela, afirmam que o tweet de Bolsonaro trata de "um novo ataque público à imprensa" e o "uso de sua posição de poder para tentar intimidar veículos de mídia e jornalistas". Bolsonaro não se manifestou sobre as acusações de que a publicação realizada em sua conta são falsas. A repórter Constança Rezende se afastou das redes sociais devido a ameaças de apoiadores do presidente a ela e a sua família. (com agências)

quarta-feira, 6 de março de 2019

Planejamento e Saúde ainda estão com secretários interinos

Eleito deputado federal para esta legislatura, Mauro Filho (PDT) também foi anunciado titular da Secretaria do Planejamento (Seplag) pelo governador Camilo Santana (PT). No terceiro mês do segundo mandato, contudo, a pasta ainda está sob comando de interino.
Conforme o Diário Oficial do Estado (DOE), hoje, responde pela Seplag o ex-chefe Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado, Flávio Jucá. A Saúde é outra pasta sob comando provisório, com Marcos Antônio Gadelha Maia à frente. O titular que ainda não assumiu é o cardiologista Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Doutor Cabeto.
Na Câmara dos Deputados, Mauro Filho (PDT) ganhou protagonismo no debate sobre a Reforma da Previdência. Na última visita ao Palácio da Abolição, inclusive, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou em coletiva que o pedetista iria "ajudar a comandar esse processo na comissão e depois no plenário".
 Mauro Filho, entretanto, não estará em Brasília quando a Reforma da Previdência estiver em votação. Isso porque em 8/2/2019, quando esteve em Fortaleza, Maia disse pretender colocar o texto em votação entre a segunda quinzena de maio e a primeira quinzena de junho.
Procurado, Filho afirmou que ocupa, hoje, o espaço que o cenário nacional o concedeu. "Mas mantendo o compromisso de logo em seguida voltar ao Estado", ponderou. Este retorno, disse ao O POVO no último dia 1º, se dará entre o final de abril e o começo de maio. Se voltar no prazo estipulado por ele mesmo, Filho não estará na Casa no período em que se espera o debate sobre a reforma da previdência ainda mais aquecido.
O POVO já havia apurado que corria, tanto em Brasília como no Ceará, a possibilidade de ele presidir a Comissão Especial da Reforma da Previdência na Câmara. No último dia 8 de fevereiro, ele havia afirmou não ter recebido convite oficial e que o partido ainda não tinha definido. A mesma resposta foi dado no contato mais recente.
Filho adicionou em novo contato que a bancada pedetista não aceitará qualquer alteração no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e nas regras do trabalhador rural.
Segundo o texto apresentado, a partir de 60 anos, idosos receberão R$ 400 de Benefício de Prestação Continuada (BPC), subindo para um salário mínimo somente a partir dos 70 anos. Hoje, o benefício é pago a idosos a partir de 65 anos, no valor de um salário mínimo, e a deficientes, sem idade mínima. As trabalhadoras rurais teriam idade mínima aumentada, de 55 anos para 60 anos.
Sobre a Seplag de hoje, o pedetista afirma que não existir qualquer "vácuo" de gestão. Credencia Jucá, ex-chefe da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado, como profundo conhecedor do modelo de gestão aplicado no Ceará.
O companheiro de equipe econômica de Filho, o titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Júnior, afirma que quem tem de falar sobre os dois é quem os escolheu.
"Ele (Mauro) acertou que retornaria para o Governo. O Cabeto é a negociação da Universidade Federal (do Ceará). Ele será o secretário, como está sendo de fato, e será de direito. São dois grandes quadros".
Questionado se o companheiro de equipe econômica, Mauro Filho, tem despachado como titular do Planejamento, diz não poder falar, "porque não tenho tido despacho com ele".
O chefe da Casa Civil, Élcio Batista, foi abordado sobre a questão pelo número de telefone e WhatsApp, mas não retornou.

RECUSAS

Antes deste aceite, Doutor Cabeto já havia recusado a titularidade da Sesa-CE na gestão Camilo por pelo menos duas vezes. O cardiologista é tucano e, hoje, exerce a vice-presidência do partido no Ceará.

Doutor Cabeto aguarda liberação do MEC

Das maiores surpresas do secretariado anunciado por Camilo para a nova gestão, o médico cardiologista Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, Doutor Cabeto, está impedido de assumir oficialmente o comando da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Isso porque ele ainda pertence ao corpo docente da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Para ser oficialmente secretário do Estado, tem de haver cessão do órgão responsável pela instituição, Ministério da Educação, já que a universidade já o liberou, conforme o reitor Henry Campos, e encaminhou a questão a Brasília no último dia 7 de fevereiro.
"Quinta-feira (amanhã) vou ligar pessoalmente pro MEC, pedindo para apressar isso", afirma o reitor. Ele sente que um retorno demora a vir. Pensa que isso ocorre em função do novo Governo, que, entre demissões, contratações e remanejamentos, ainda vai se acomodando no Planalto.
Segundo ele, há todo interesse da Universidade Federal do Ceará (UFC) na normalização da situação, já que é uma "grande honra" fornecer ao Governo do Ceará alguém dos quadros da instituição. "O que a gente puder fazer para facilitar esse trâmite a gente faz".
Procurado por dois dias consecutivos, em 28 de fevereiro e 1º de março, Doutor Cabeto limitou-se dizer que, apesar de não oficializado, "tem trabalhado diariamente" e os "projetos estão indo bem".
Em nota, a Sesa enfatiza que o entrave burocrático em relação a Doutor Cabeto não representa qualquer descontinuidade na gestão da Sesa. "O secretário de Vigilância e Regulação da Saúde do Ceará, Marcos Gadelha Maia, secretário-adjunto da pasta até o final de 2018, responde interinamente pela pasta", pontua a secretaria.
CARLOS HOLANDA