sexta-feira, 27 de julho de 2018

Ceará registra o maior número de extravios de munição da PF no País

LEVANTAMENTO não indica circunstâncias de extravio nem índice de recuperação MAURI MELO
LEVANTAMENTO não indica circunstâncias de extravio nem índice de recuperação MAURI MELO
Nenhuma outra superintendência regional da Polícia Federal (PF) no País registrou mais extravios de munição do que a cearense. É o que aponta relatório da Diretoria de Administração e Logística (Dlog) da PF.
Ao todo, no período que vai de 2006 a 2017, 1.337 projéteis sob responsabilidade da Superintendência da PF no Ceará sumiram. São 389 munições a mais que na Superintendência de São Paulo, a segunda nesse ranking. O montante também representa mais que o dobro dos extravios da terceira colocada, a superintendência do Rio de Janeiro, que teve 483.
Somente em 2010, ocorreu desvio de 917 munições no Ceará.
Além disso, sumiram 23 armas, o que torna a superintendência cearense a sexta nesse quesito no País. Está atrás apenas de Rio de Janeiro (80), São Paulo (38), Distrito Federal (32), Pará (30) e Rio Grande do Sul (28).
Para apurar os casos, a superintendência local abriu 26 procedimentos administrativos.
O POVO solicitou à Superintendência da PF no Ceará informações sobre os modelos e os calibres das armas e munições desviadas, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. Também foram solicitadas informações acerca de indiciamento de agentes por causa dos extravios.
O levantamento foi um pedido do gabinete do deputado federal Alessandro Molon (PSB), realizado em maio último. Ele é membro da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e seu motorista, Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março. Conforme investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, as balas usadas no crime eram pertencentes a um lote comprado pela PF em 2006.
“Os dados mostram um completo descontrole das forças policiais, algo extremamente grave, pois são estas mesmas armas que se voltam contra a população, sob domínio do crime organizado”, afirma Molon.
Relatório do Instituto Sou da Paz, divulgado em junho último, mostra que 71% das armas apreendidas entre 2013 e 2016 no Ceará tinham registro legal em situação regular. Destas, 16% eram provenientes de profissionais da segurança privada e 15% da segurança pública. Além disso, 44% das armas eram registradas no próprio Estado e 14% em São Paulo. Em 13% das ocorrências essa detecção não foi possível.
Em 2017, foram apreendidas 6.969 armas no Estado, conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Ciro Gomes se defende de críticas e volta a acenar a eleitores de Lula

Nas vésperas do anúncio do apoio do “centrão” ao presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), previsto para hoje, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) voltou a fazer acenos à esquerda.

Lançado oficialmente na corrida ao Planalto há uma semana, Ciro foi preterido pelo bloco de partidos formado por DEM, PP, PR, PRP e SD, que fechou acordo com o candidato tucano e agora costura a definição de um vice para o postulante – convidado para a vaga, o empresário Josué Gomes (PR-MG) ainda não formalizou desistência.

Criticado por juízes e adversários políticos após dizer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga”, Ciro afirmou ontem que a frase foi propositalmente retirada de contexto para gerar um mal-entendido.

A declaração do pedetista foi dada durante participação em evento do partido em Ananindeua, na região metropolitana de Belém (PA), na última terça-feira.
Além de mencionar a soltura de Lula, Ciro prometeu colocar Ministério Público e Judiciário de volta a suas “caixinhas” e “restaurar a autoridade do poder político”.
“Quando eu disse ‘a gente’, eu não quis dizer eu. Quis dizer os democratas, os que têm compromisso com o Estado democrático de direito”, respondeu o ex-ministro.

É a segunda polêmica envolvendo Ciro e o MP em pouco mais de uma semana. Dias atrás, o presidenciável xingou promotor que pediu a abertura de inquérito para investigar se o então pré-candidato tinha cometido crime de injúria racial depois de chamar o vereador Fernando Holiday (DEM-SP) de “capitãozinho do mato”.

O entrevero foi um dos fatores que pesaram contra o cearense nas negociações que o candidato abrira com as legendas do “centrão” na tentativa de aumentar a sua fatia no tempo de propaganda eleitoral.

Um dia após o “blocão” lhe virar as costas e já sacramentado como candidato, Ciro afirmou que sua “responsabilidade” havia aumentado. Referia-se a Lula.Preso há três meses, o petista, condenado na Lava Jato, lidera com folga as pesquisas de intenção de voto. Nos cenários sem o ex-presidente, entretanto, o capitão da reserva Jair Bolsonaro (PSL) passa a ocupar a ponta.

DISCURSO
Durante anúncio de apoio do “centrão”, Alckmin adotará discurso formatado para se contrapor às críticas de adversários de que o acordo é fisiológico. A fala argumentará que a aliança tem a finalidade de “tirar o País do buraco.

Como governos devem se preparar para uma população mais velha?

IDOSOS representarão 25% da população cearense em 2060 FÁBIO LIMA
IDOSOS representarão 25% da população cearense em 2060 FÁBIO LIMA
Em 25 anos, o Ceará terá mais idosos do que crianças e adolescentes de até 14 anos. O Estado será o 13º a alcançar esse perfil demográfico, acompanhando a tendência nacional de envelhecimento da população. Em 2060, um a cada quatro cearenses terá mais de 65 anos, mesma proporção dos brasileiros.
As estimativas populacionais foram divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante desse cenário, o País, os estados e os municípios precisam se preparar para acompanhar essa mudança no perfil populacional, que deve se projetar nos diversos setores da sociedade.
Segundo a pesquisa, o número de pessoas com mais de 65 anos deve alcançar 25,4%, quase triplicando os atuais 8,8% de habitantes nessa faixa etária. A parcela de cearenses com idade entre 15 e 64 anos deve diminuir de 69,2% para 60%. A mudança é considerada rápida e, segundo especialistas, requer mudanças nas políticas públicas.
De acordo com Zilma Gurgel, gerontóloga e fundadora da Universidade Sem Fronteiras (Unisf), o Brasil não está preparado para esse cenário. “É urgente formar geriatras e gerontólogos.
Precisamos de programas de prevenção e promoção da saúde para um envelhecimento bem sucedido, se não vai ser um caos econômico e social”, alerta.
Pioneira na área de educação para idosos, Zilma também enxerga mudanças necessárias na arquitetura da Cidade e nos projetos na área de educação continuada. “Essa mudança demanda calçadas uniformes, passarelas, programas de atividades físicas e educação para aumentar a resiliência. Para que as pessoas possam abraçar o envelhecimento com qualidade”.
Para Jarbas Roriz, geriatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), isso demanda profissionais mais especializados na área. “A saúde do idoso requer uma ampla oferta de serviços. Desde a atenção primária, passando pela organização em nível secundário com diversos especialistas e com profissionais de gerontologia nas diversas áreas da saúde. E do terciário, visto que terão mais doenças e complicações, internações hospitalares e procedimentos de terapia intensiva”, detalha.
De acordo com dados da Demografia Médica de 2018, o País não chega a ter nem um geriatra para cada 100 mil habitantes. Com 1.817 especialistas, a razão é de 0,87 para esse grupo populacional.
Deste total, 60% se concentra no Sudeste.
“Não temos nem vamos alcançar rapidamente um número grande de especialistas. O desafio passa a ser a capacitação dos profissionais do atendimento de saúde. O idoso pode ser atendido pelo médico de família, clínico e diversos especialistas desde que estejam treinados”, defende Jarbas.
Ele destaca ainda a importância de atividades de estímulo ao cérebro para a construção de uma reserva cognitiva e manutenção das funções cerebrais. “Os idosos precisam de acesso a uma boa mobilidade urbana porque têm tendência de perda muscular, problemas ósseos e de equilíbrio”.
Já na área econômica, segundo Ricardo Coimbra, professor de economia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o principal impacto que se vislumbra é o crescimento do déficit previdenciário.
“Com o número de pessoas ativas menor do que o número de pessoas recebendo é necessário incentivar as empresas a empregar esses indivíduos com alíquotas diferentes nas faixas etárias”, detalha. A mudança demanda ainda novos serviços voltados para essa parcela da população.

Sanções frágeis incentivam 'infidelidade'

Presidente do Pros no Ceará, Capitão Wagner promete não seguir recomendação do partido na disputa pela Presidência da República caso haja acordo nacional com o PT. Por aqui, o militar reformado quer pedir votos para o candidato Jair Bolsonaro (PSL). A rebeldia do deputado estadual, pelo visto, não deve trazer tantas preocupações à campanha, tendo em vista as leves sanções da Justiça Eleitoral.
No Ceará, não seria episódio inédito. Na disputa eleitoral de 2006, o então governador Lúcio Alcântara (PSDB) chegou a levar ao programa eleitoral imagens de ato ao lado do então presidente Lula (PT). O PSDB tinha, na época, Geraldo Alckmin candidato ao Palácio do Planalto. Lula tinha candidato oficial no Estado, que era Cid Gomes, filiado ao PSB na primeira postulação. Na disputa de 2006, vigorava a chamada verticalização, quando a decisão nacional deve ser seguida obrigatoriamente nos Estados.
Provocada, a Justiça Eleitoral acabou retirando a veiculação do vídeo do programa eleitoral do governador. O tucano não sofreu represálias do partido, muito menos consequências do ponto de vista dos direitos políticos.
Para o professor de Direito Eleitoral do Mackenzie, Bruno Cesar Lorencini, “uma mera subida no palanque”, na visão dele, “não tem implicação jurídica”. O especialista reforça que a principal questão fica no campo ideológico, da incoerência política. “Talvez esse ato tenha repercussão mais política do que jurídica”, prevê.
Qualquer cidadão ou a própria sigla pode mover ação judicial contra um político, argumentando incoerência diante de decisões partidárias. A provocação jurídica pode resultar na descontinuidade de uma prática ou no pagamento de multa. Em alguns casos, a legenda, internamente, pode aprovar a expulsão do filiado.
“Essa provocação o partido sempre pode requerer quando se ofende as regras. O partido tem liberdade para organizar as regras de funcionamento. Dentro da estrutura da sigla, é possível que tenha (a interpretação de que houve) infidelidade partidária”, pontuou Lorencini.
No Ceará, a prática “infiel” também pode vir a ser atribuída ao governador Camilo Santana (PT), caso ele apoie a eleição de Ciro Gomes (PDT) para a Presidência da República, apesar de o PT nacional ter a decisão de registrar a candidatura do ex-presidente Lula. Correntes do PT exigem, inclusive, que, na reunião de tática eleitoral do partido, no próximo sábado, 28, o governador anuncie apoio a Lula ao Palácio do Planalto.
A especialista em Direito Eleitoral, Isabel Mota, lembrou o caso do deputado estadual Heitor Férrer, que embora seja filiado ao Solidariedade — que deve compor a chapa majoritária do governo petista no Ceará — não deve fazer campanha nem votar em Camilo.
O parlamentar, no entanto, poderia ser alvo de questionamentos judiciais da legenda caso produzisse material em conjunto com algum candidato da chapa adversária.
Mesmo em 2006, quando a legislação impunha a verticalização, Mota ressalta que a sanção jurídica não era fator de impedimento de algumas irregularidades. Pelas normas hoje vigentes, no caso das chamadas “associações indevidas”, judicialmente, “o material pode ser recolhido” ou o candidato “multado”.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Josué Gomes mantém conversas com Alckmin, mas 'centrão' já trabalha plano B

Alvo de investidas de três candidatos à Presidência da República, o empresário Josué Gomes (PR) voltou a se encontrar com Geraldo Alckmin (PSDB) na tarde de ontem na capital paulista.

Indicado para vice do tucano pelas legendas do “centrão” (DEM, PR, PP, PRB e SD), o mineiro não havia comunicado o partido sobre sua decisão até o fim da noite de ontem.

Nessa terça-feira, rumores sugeriam que o empresário tinha se recusado a ocupar o posto na chapa encabeçada por Alckmin, a quem chegou a dizer, durante encontro na última segunda-feira, que ficasse à vontade para substituí-lo na disputa.
Embora integrantes do “centrão” ainda tentem convencê-lo a mudar de ideia, membros do DEM já trabalham com plano B. Por ora, o deputado e ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE) tem a preferência do tucanato.
Em entrevista ao O POVO, porém, o deputado federal José Rocha, líder do PR na Câmara, assegurou que as negociações entre Gomes e o ex-governador de São Paulo seguiam indefinidas. “Não há decisão fechada ainda. Ele (Josué Gomes) esteve reunido com o Alckmin e deve decidir algo em breve”, afirmou o parlamentar, sem fixar prazo para o veredito.

Aos 54 anos e filiado ao PR desde abril passado, Josué Christiano Gomes da Silva é proprietário da Coteminas, grupo do setor têxtil que detém as empresas Santista, Artex, MMartan e Casa Moysés.

Desde que assinou a ficha no partido comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, passou a ser cortejado por três postulantes ao Palácio do Planalto: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Alckmin.

Antes no MDB do presidente Michel Temer, Gomes mudou o domicilio partidário apenas na reta final do prazo. A manobra, segundo aliados e correligionários, foi patrocinada por Lula, que pretendia reeditar uma parceria vitoriosa: nas eleições de 2002 e 2006, o petista escolheu para o cargo de vice o empresário José Alencar (1931-2011), pai de Josué.

Nas duas eleições vencidas pela dupla, a intenção de Lula era ter franqueado o acesso ao empresariado, reduzindo a desconfiança em torno de seu nome. Outro objetivo do ex-presidente era garantir interlocução com o setor produtivo.

De olho na estratégia do petista, Ciro tentou trilhar caminho semelhante, admitindo que gostaria de ter um vice do empresariado ligado ao eixo sul/sudeste. Sem afirmá-lo, o ex-governador do Ceará tinha dois nomes em mente: Benjamin Steinbruch, à frente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e o próprio Gomes.

Por vias indiretas, o mineiro de Ubá, cidadezinha de pouco mais de 90 mil habitantes, acabou caindo no ninho tucano. Na quinta-feira da semana passada, o “centrão” apontou-o como candidato a vice. De pronto, o nome do PR foi endossado. Era a chance que Alckmin alimentava de nacionalizar sua campanha.

Herdeiro político de Alencar, Josué Gomes tem bons trunfos na manga. Além do capital eleitoral que se associa à boa imagem da dobradinha que o pai estabeleceu com Lula na Presidência, o empresário dispõe de fonte própria de recursos, é baseado em Minas Gerais (segundo maior colégio eleitoral do País) e tem influência no segmento industrial (chefiou sindicato da categoria).

No currículo de candidato, figura apenas uma experiência: concorreu ao Senado em 2014 por Minas e perdeu. Ao custo de R$ 6,2 milhões, parte obtida por meio de doações privadas, parte por recursos próprios (o postulante recusou verba do fundo partidário), a chapa de Gomes obteve 3.614.720 de votos (40,18%).

Foi derrotado pelo tucano Antônio Anastasia, que hoje disputa o Governo de Minas contra o atual chefe do Executivo Fernando Pimentel (PT), com quem Gomes também vem mantendo conversas.

NEGOCIAÇÕES NO ‘CENTRÃO’

ALTERNATIVAS
Amigo do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), o deputado e ex-ministro da Educação Mendonça Filho é visto como um curinga pelo bloco.O ex-governador de São Paulo sempre quis fazer dobradinha com ele, que também agrega pontos por ser do Nordeste, região onde o tucano enfrenta resistências, mas o DEM, à época, vetava a parceria.
Além de Mendonça Filho, o outro nome cotado para vice é o do ex-ministro Aldo Rebelo, que ficou por 40 anos no PCdoB e hoje está no Solidariedade. Antes de o “centrão” indicar o empresário Josué Gomes - dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011 -, Alckmin chegou a convidar Aldo para o posto. O ex-ministro ainda não retirou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto.
ANÚNCIO
Com ou sem a chapa pronta, porém, o “centrão” vai anunciar amanhã o apoio oficial à candidatura de Alckmin. Ainda hoje, seus dirigentes vão se reunir para acertar a divisão de tarefas e a coordenação da campanha, além da vice. Com a adesão, o tucano terá, no mínimo, mais quatro minutos no horário eleitoral gratuito.
DESISTÊNCIA
Em nota divulgada ontem, a Executiva do PR disse que não havia, até aquele momento, registro de qualquer decisão por parte de Josué Gomes O movimento, porém, tem sido interpretado como parte da estratégia da legenda para tentar reverter o "não" de Josué. Políticos do PR diziam ontem que "não se pode trocar a noiva antes de consumada a desistência do compromisso".

Geraldo Alckmin diz que Nordeste será prioridade

01:30 | 25/07/2018
ALCKMIN:
ALCKMIN: "Tasso é uma das pessoas que eu mais ouço" AMCHAM/ DIVULGAÇÃO
O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse que o Nordeste será prioridade em um eventual governo, caso seja eleito. De acordo com o tucano, a região terá programa de governo específico e receberá investimentos. Até ano passado, ele expressava desejo de ter vice do Nordeste, mas as costuras mais recentes apontam para algum nome de Minas Gerais.

“O Nordeste será absoluta prioridade no nosso governo. Vamos investir fortemente no Nordeste. Aliás vamos ter um programa específico para o Nordeste”, disse à imprensa, após evento com empresários na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham), na capital paulista. Ao O POVO, o pré-candidato afirmou ainda que vê o senador do Ceará Tasso Jereissati como um dos principais conselheiros. “Tasso é um grande nome. É uma das pessoas que eu mais ouço”, completou.
 
A região é a segunda com maior número de eleitores, com cerca de 27%, atrás apenas do Sudeste (43%). Nas últimas eleições presidenciais, em 2014, o candidato tucano Aécio Neves teve uma das piores performances no Nordeste. Somente 16% do total de votos para o então postulante partiram da região no segundo turno. Enquanto Dilma Rousseff do PT chegou a ter mais de 70% dos votos válidos em estados como o Ceará.

O Nordeste vinha se tornando um reduto petista e mais à esquerda desde 2003. Em 2016, no entanto, os tucanos comemoraram a vitória sobre os petistas em todas as regiões.

Alckmin segue otimista sobre uma chapa composta com o empresário Josué Gomes (PR). “Conversa minha (com ele) foi muito boa, aliás já está na campanha, já está empenhado. Se vai ser candidato a vice ou não, vamos aguardar. Vamos aguardar”, disse sobre reunião com Gomes na última segunda-feira.

Nesse meio tempo, Alckmin continua em busca do vice até o dia 4 de agosto, dia da convenção do PSDB em Brasília, quando vira oficialmente candidato e deve ter a chapa divulgada. Ele elogiou a atuação e influência do presidente do DEM e prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto. Mas, para descontento do tucano, o político baiano não poderá ser vice de ninguém porque não deixou o atual cargo a tempo para concorrer nestas eleições. “Se pegar um dos melhores prefeitos do Brasil reeleito com mais de 70% dos votos é o presidente do DEM, o Neto. Um dos melhores quadros do País”, afirmou.

ISABEL FILGUEIRAS
CORRESPONDENTE DO O POVO EM SÃO PAULO
isabelfilgueiras@opovo.com.br

NORDESTE
O Nordeste será absoluta prioridade no nosso governo. Vamos investir fortemente no Nordeste. Aliás vamos ter um programa específico para o Nordeste

AMCHAM

OUTROS TEMAS DEBATIDOS

SEGURANÇA
Um dos temas debatidos no encontro da Amcham foi a segurança pública. Alckmin disse que pretende fortalecer os municípios no combate à violência e formar uma “inteligência nacional”. Uma espécie de rede de investigação integrada.

ECONOMIA
Depois de Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo) e Álvaro Dias (Podemos) falarem ao empresariado na Câmara Americana, foi a vez de Alckmin. Ele voltou a se mostrar como candidato pró-mercado. Afirmou que haverá cortes na máquina, redução de ministérios e se comprometeu a diminuir o imposto corporativo e não trazer de volta o imposto sindical. Segundo ele, a medida vai atrair investimentos para o Brasil.

Por que a economia voltou a "patinar"

Há pouco mais de um ano o Brasil protagonizava a saída técnica de uma das piores recessões econômicas da sua história. Após oito trimestres consecutivos, o Produto Interno Bruto (PIB) voltou a ficar positivo (1%). Porém, o que parecia ser um novo começo - inflação e juros caindo, empresas produzindo e empregos voltando - não evoluiu como o esperado. Agora, economistas, empresários e as famílias voltam a se perguntar: quando o Brasil vai de fato sair da crise?

Os indicadores dão sinais de que isso ainda vai demorar. A taxa de desocupação cresceu 1,3 ponto percentual no primeiro trimestre e o número de desempregados está em 13,7 milhões no País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação, apesar de abaixo da meta, voltou a subir.

Com isso, todas as previsões de crescimento da economia já foram revisadas para baixo. A mais recente delas, feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), mostra que País deve fechar o ano com avanço de apenas 1,8%. Antes era de 2,3%, mas já foi, no início do ano, de 3%. "É uma queda considerável", afirma o coordenador de Contas Regionais do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Nicolino Trompieri.

Mas se havia tanto otimismo de que o Brasil estava no rumo certo, o que deu errado? Dentre os fatores considerados decisivos, estão os sucessivos escândalos políticos e a dificuldade do Governo Federal - o mesmo que em 2017 deu o norte para uma retomada - de dar continuidade às reformas, principalmente a da Previdência, e conter o déficit público. "Estes elementos, somados a um governo com baixa popularidade e uma eleição na qual há incerteza de quem será o próximo presidente, diminuíram a confiança dos empresários e dos consumidores, diminuindo o nível de investimentos das empresas e o nível de consumo das famílias", explica.

A mais recente greve dos caminhoneiros, ocorrida na segunda quinzena de maio como reflexo da política de preços da Petrobras, que já vinha pesando nos custos das empresas e das famílias, também acelerou este processo.

"Afetou todos os setores. Muitas indústrias não tiveram como escoar a produção, houve queda de produtividade, faturamento, faltou insumos. E os efeitos da greve, como a indefinição da tabela de frete, estão se prolongando. O aumento de custos prejudica principalmente as regiões que estão mais distantes dos principais mercados consumidores", afirma o economista da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Antonio Martins.

Porém, é a incerteza do que vem pela frente que dificulta uma retomada mais sólida. Tanto no cenário interno, como externo. "A valorização da economia norte-americana e a guerra comercial travada pelo governo de Donald Trump com seus parceiros comerciais, como a China, também podem afetar a economia brasileira", afirma o economista Alex Araújo.

Em relação ao Ceará, o economista Henrique Marinho, membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), ressalta os fatores que mais contribuíram para que o Estado sentisse menos as turbulências econômicas, como equilíbrio fiscal, folha de pagamento em dia e elevação do nível de investimentos, o que pode impulsionar a sair mais rápido da crise. "O Ceará tem sido uma exceção ao cenário de desordem do País e os novos voos internacionais, as empresas que estão chegando e as oportunidades no Porto do Pecém podem ser decisivas".

Histórico do que deu certo e errado

O QUE FEZ COM QUE O BRASIL VOLTASSE A CRESCER

1. Em 2017, o Governo demonstrou força ao aprovar parte do pacote de reformas e um maior rigor fiscal que, além de serem esperados pelo mercado, sinalizavam um norte do que o País precisava fazer para voltar a crescer. O que injetou ânimo em empresas e consumidor.

2. Queda dos juros impulsionado pela boa safra que derrubou o preço dos alimentos e pelo próprio quadro de recessão da economia que levou à redução do consumo.

3. O maior controle da inflação e retomada da confiança refletiram na política monetária adotada pelo Banco Central, que passou a fazer sucessivas reduções nas taxas de juros.

4. A agenda de privatizações, como leilões de energia e aeroporto, estimularam novos investimentos na área de infraestrutura.

5. Depois de dois anos de índices crescentes de desemprego, o saldo de empregos voltou a ficar positivo.

Mas o que deu errado?

1. Os escândalos políticos envolvendo o presidente Michel Temer (MDB) e seus ministros e as concessões feitas pelo Governo na área econômica para garantir a governabilidade no Congresso provocaram retrocessos tanto no controle da dívida pública como na confiança.

2. O Governo não conseguiu dar continuidade à agenda de reformas estruturantes.

3. Desemprego e endividamento das famílias não cedeu como o esperado. E, pelo contrário, voltaram a subir.

4. O fortalecimento da economia norte-americana provocou um efeito de desvalorização das moedas no mundo. Dólar mais caro aumenta o custo das empresas e dos produtos.

5. Política de preços da Petrobras, acompanhando mercado internacional, desencadeou a greve dos caminhoneiros - que afetou todo o setor produtivo nos meses de maio e junho deste ano. Mas, mesmo antes disso, o mercado e a população já sentiam o impacto da alta nos combustíveis.

Fatores que podem influenciar o futuro

1. A guerra comercial travada pelos Estados Unidos com as grandes economias como a China pode refletir de maneira forte nas relações comerciais brasileiras.

2. Não há sinalização clara das políticas econômicas que serão apresentadas pelos candidatos e nem se as reformas serão retomadas.

3. Por outro lado, no segundo semestre, tradicionalmente, há maior aquecimento da economia,o que pode gerar mais empregos e consumo.

4. No Ceará, os novos voos internacionais criam um ambiente favorável para o turismo e demais setores. Resta saber se a demanda será consolidada e se a economia saberá tirar proveito disso.

5. Os investimentos previstos para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) também abrem oportunidades para novos negócios no Estado e fortalecimento da indústria.